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22/06/2024 às 11h00min - Atualizada em 22/06/2024 às 11h00min

Casos de sífilis sobem quase 34% em Uberlândia

No ano passado, 874 pacientes foram diagnosticados com a Infecção Sexualmente Transmissível

JUAN MADEIRA | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Em Uberlândia, é possível fazer exames para detectar ISTs de forma gratuita no Ambulatório Herbert de Souza | Foto: Agência Brasil

Os casos de sífilis em Uberlândia aumentaram quase 34% no ano passado, totalizando 874 registros. De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), em 2022, a cidade registrou 653 casos da Infecção Sexualmente Transmissível (IST).

 

Os dados apontam ainda que de janeiro a maio de 2024, o número de pessoas diagnosticadas com a doença chegou a 300. Conforme dito pelo infectologista Vinicius Costa, o aumento de casos pode ser atribuído a diversos fatores combinados, como diminuição no uso de preservativos e a desinformação. 

 

“Mudanças nos comportamentos sexuais e uma falsa sensação de segurança podem ter levado à redução no uso de preservativos, aumentando o risco de transmissão. Além disso, com campanhas de conscientização mais robustas, pode haver um aumento no número de pessoas que procuram testes e, consequentemente, mais casos são diagnosticados”, explicou.

 

Outra causa citada pelo especialista é a desinformação. “A falta de conhecimento e o estigma em torno das ISTs podem fazer com que as pessoas evitem buscar tratamento precoce ou não se sintam confortáveis em discutir práticas seguras de prevenção”.

 

TRANSMISSÃO E SINTOMAS

Em relação aos diferentes tipos de sífilis e como cada um se manifesta no organismo, o médico Vinicius Costa explicou que a infecção é causada por uma bactéria que se apresenta em diferentes fases, cada uma com efeitos distintos no corpo, sendo transmitida principalmente por meio de contato sexual direto com as lesões.

 

“Outra forma de transmissão é de mãe para filho durante a gestação ou o parto, resultando na chamada sífilis congênita. Além disso, a transmissão pelo contato direto com as lesões fora do contexto sexual é rara, mas possível”.

 

O médico esclareceu que a sífilis primária surge de 10 a 90 dias após a infecção inicial. A característica principal é o aparecimento de uma úlcera indolor conhecida como cancro duro, que geralmente se localiza nos órgãos genitais, ânus ou boca. A lesão desaparece sozinha em cerca de 3 a 6 semanas, mesmo sem tratamento.

 

Já a secundária ocorre semanas ou meses após o desaparecimento do cancro duro. Nesta fase, a infecção pode provocar erupções cutâneas, que podem envolver as palmas das mãos e plantas dos pés, febre, inchaço dos gânglios linfáticos, e sintomas sistêmicos como fadiga e dor de cabeça. Também podem surgir lesões mucosas e condilomas latos, que são lesões úmidas semelhantes a verrugas.

 

A sífilis latente acontece quando a infecção permanece no corpo sem causar sintomas visíveis. “A sífilis latente é dividida em precoce (dentro de um ano após a infecção inicial) e tardia (mais de um ano). A infecção só é detectável através de exames de sangue”, informou o infectologista.

 

A sífilis terciária pode surgir anos ou até décadas após a infecção inicial se não tratada. Afeta múltiplos órgãos, incluindo o coração, o sistema nervoso central (levando a neurossífilis com sintomas como paralisia ou demência) e a pele, onde podem aparecer lesões chamadas gomas.

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TRATAMENTO

O tratamento da sífilis é eficaz e geralmente simples, especialmente se diagnosticada precocemente, conforme dito pelo infectologista. “A penicilina benzatina é o medicamento de escolha. Para sífilis primária, secundária ou latente precoce, uma única injeção intramuscular de penicilina geralmente é suficiente. Para sífilis latente tardia ou sífilis terciária, o tratamento pode necessitar de doses adicionais”.

 

O médico informou ainda que em casos de neurossífilis, onde a infecção afeta o sistema nervoso central, a penicilina G cristalina administrada por via intravenosa é necessária por um período prolongado. “Para pessoas alérgicas à penicilina, alternativas como a doxiciclina podem ser usadas, mas a penicilina ainda é preferida devido à sua eficácia comprovada”.

 

Para prevenir a IST, o especialista indicou várias abordagens, como o uso correto de preservativos para reduzir o risco de transmissão, a testagem regular, especialmente para indivíduos sexualmente ativos e aqueles com múltiplos parceiros, permitindo detecção precoce e tratamento imediato para impedir a transmissão. 

 

“A educação sexual é fundamental para informar a população sobre como a sífilis se transmite e a importância do uso de proteção e da realização de exames regulares. Além disso, é crucial garantir que todos os parceiros sexuais de uma pessoa diagnosticada com sífilis sejam testados e tratados para evitar reinfecções, bem como realizar testagens em todas as gestantes durante o pré-natal para prevenir a transmissão vertical ao bebê”, finalizou Costa.

 

AMBULATÓRIO HERBERT DE SOUZA

Em Uberlândia, é possível fazer exames para detectar ISTs de forma gratuita no Ambulatório Herbert de Souza. O Sistema Único de Saúde disponibiliza exames sorológicos, que demoram até dois dias para obter resposta, e também pode ser realizado o teste rápido, que tem resultado entre 15 e 20 minutos. 

Nos casos em que o resultado para sífilis é positivo na primeira amostra, o paciente é direcionado para realizar um exame sorológico. Assim como todas as unidades de saúde da cidade, o ambulatório disponibiliza também o acompanhamento, tratamento e orientações aos pacientes.

Os testes são realizados na unidade do ambulatório, que fica na rua Avelino Jorge Nascimento, 15, bairro Presidente Roosevelt. Os interessados devem agendar um horário das 7h às 11h ou das 13h às 16h, através do telefone (34) 3215-2444. Para os atendimentos, basta apresentar a Carteira de Identidade. 

Nos casos em que o resultado para sífilis é positivo na primeira amostra, o paciente é direcionado para realizar um exame sorológico. Assim como todas as unidades de saúde da cidade, o ambulatório disponibiliza também o acompanhamento, tratamento e orientações aos pacientes.


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