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23/06/2024 às 11h00min - Atualizada em 23/06/2024 às 11h00min

Área urbana de Uberlândia cresce quase 20% em 10 anos

Como consequência, a cidade perdeu 1,7 mil hectares de formação florestal durante o período

JUAN MADEIRA | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Especialista explica que a verticalização da cidade expandiu para diversos bairros nos últimos anos | Foto: Mateus Zerbini/Arquivo Diário

Em 10 anos, a área urbana de Uberlândia aumentou quase 20%, conforme revelam os dados do painel do MapBiomas. A cidade tem um território total de 411.520 hectares, sendo que 3,5% se trata de perímetro urbano que alcançou 15.238 hectares em 2022, enquanto em 2012, a área era de 12.788 hectares.

Ainda de acordo com o levantamento, 48.147 hectares são cobertos por florestas, representando 11,7% do território total. Como consequência do crescimento da zona urbana, em dez anos, Uberlândia perdeu 1.793 hectares de formação florestal. No ano de 2012, 49.940 hectares eram dominados por área verde e, em 2022, a totalidade caiu para 48.147 hectares. 

Os dados do MapBiomas mostram ainda que a maior parte do território uberlandense é ocupado pela agropecuária. Mais de 316.731 hectares, cerca de 76%, são destinados à produção do campo. O município também é composto por formação natural não florestal (22.977 hectares) e corpo d’água (6.001 hectares). 

Em entrevista ao Diário, a professora do Instituto de Geografia da UFU, Beatriz Ribeiro Soares esclareceu que o perímetro urbano é ampliado a partir do momento em que há necessidade de expansão, com a chegada de população e novos investimentos. 

“Uberlândia tem um perímetro urbano grande, mas também existem vazios urbanos, que refletem interesses políticos na expansão desse perímetro. A dinâmica de crescimento da cidade é antiga e vem desde a construção de Brasília e a estrada de ferro Mogiana”, informou.

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A especialista explicou que com o tempo, passou a existir um grande investimento político, da elite local e também da população em geral na implantação de serviços e grandes empreendimentos, como a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), o distrito industrial e a modernização agrícola. “O crescimento de Uberlândia começou por aí, e ele envolve interesses políticos, econômicos e sociais. Por isso devemos lembrar do importante papel de Uberlândia no contexto brasileiro”, afirmou.

Para Ribeiro, a cidade deu outro salto de crescimento no século 21, atraindo grandes atacadistas e se tornando um polo logístico importante. “A localização estratégica da cidade no Brasil, ligando o centro-oeste ao sudeste, contribuiu significativamente para esse crescimento. Grandes proprietários de terras e incorporadoras se interessaram em se estabelecer aqui, o que resultou em uma grande expansão de terra”.

A professora destacou que, anos atrás, a verticalização em Uberlândia se concentrava no centro. Já atualmente, a maioria dos bairros tem edifícios altos. “Bairros como Luizote e Santa Mônica possuem uma forte centralidade, reduzindo a necessidade de ir ao centro para consumo e lazer. Isso fragmenta a cidade e cria dificuldades de trânsito”, conclui.

ÁREAS VERDES
O ambientalista e diretor da ONG Angá,  Gustavo Malacco, explica que as áreas naturais no espaço urbano estão sendo ocupadas por empreendimentos imobiliários, comerciais e industriais. Segundo ele, o crescimento da cidade, seja pela chegada de novas pessoas ou pela ampliação das atividades comerciais e industriais, pressiona os ambientes naturais.

De acordo com o especialista, obras de infraestrutura, como pontes, viadutos e linhas de transmissão, tratadas como atividades públicas, fragmentam e degradam os remanescentes naturais, impactando a biodiversidade local. “Ao desmatar o cerrado, ocorrem extinções locais, empobrecimento da fauna e desequilíbrio ambiental”, destacou Gustavo.

Conforme dito pelo ambientalista, as áreas verdes são essenciais para diminuir a temperatura local, trazendo conforto térmico e mais umidade. E com a expansão urbana e as construções, há um aumento das ilhas de calor. “As áreas verdes também ajudam na prevenção e mitigação de enchentes, desempenhando um papel crucial no equilíbrio ambiental da cidade, que sofre com isso anualmente”.

Para Gustavo, é essencial trabalhar políticas públicas tanto na área urbana quanto na rural para que as populações vulneráveis não sejam diretamente impactadas.
 

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