Em Uberlândia, as mulheres recebem 18,7% a menos do que os homens. Segundo o 1° Relatório de Transparência Salarial do Governo Federal, divulgado na última segunda-feira (25), a média salarial feminina na cidade é de R$ 2.957,93, enquanto a masculina é de R$ 3.639,83.
A discrepância de remuneração é ainda maior quando é analisado o nível de escolaridade de ambos os gêneros. De acordo com dados do último Boletim Mensal do Trabalho do Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-sociais (Cepes/UFU), ainda que tenham o mesmo grau de formação dos homens, as mulheres seguem ganhando menos no município.
O levantamento do Cepes/UFU aponta que homens com ensino superior completo recebem, em média, R$ 4.465. Já as mulheres ganham R$ 3.227. Em relação a homens com pós-graduação, o salário fica na média de R$ 7.419, enquanto o das mulheres é de R$ 5.188,55, sendo uma diferença de mais de R$ 2.700.
A professora da Faculdade de Gestão e Negócios da UFU, Márcia Mitie Maemura acredita que é fundamental que as empresas e os órgãos públicos adotem medidas para garantir a igualdade de remuneração entre homens e mulheres. "Apesar da maioria dos graduados ser composta por mulheres, elas ocupam menos cargos de liderança e recebem menos que os homens. A falta de avanços nessa questão expõe a necessidade de políticas públicas e privadas efetivas", completou.
Como exemplos de ações necessárias, Mitie citou a licença maternidade e paternidade de igual duração, para que a mulher não precise cuidar do filho sozinha enquanto o marido trabalha. A docente defende ainda a existência de creches em quantidade e qualidade suficientes, a implementação de políticas de flexibilidade no trabalho, como home office e horários flexíveis, para ajudar as mulheres a conciliar responsabilidades familiares e profissionais, além da regulamentação dos salários iniciais.
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Para Márcia, o desafio em combater a desigualdade salarial em um mercado institucionalizado é muito grande: "É difícil o mercado ser um promotor de diminuição de desigualdade salarial quando é uma coisa institucionalizada, o estado e a sociedade não vêem nada de errado nessa diferença. Apesar disso, o mercado está mudando, existem empresas bacanas desenvolvendo políticas de acomodações para mais mulheres, mas é um processo muito difícil, porque a sociedade não evolui no mesmo ritmo", frisou.
A professora também apontou para uma questão comportamental da sociedade em relação a acordos por salários melhores. "Os homens costumam negociar mais os salários e as mulheres apenas acatam e dificilmente negociam condições melhores. No final de contas, a diferença de salário que pode ser pequena no início da carreira, fica grande ao decorrer do tempo", finalizou.
DIFERENÇA SALARIAL ENTRE HOMENS E MULHERES EM UBERLÂNDIA
HOMENS
MULHERES
*Dados do Cepes/UFU
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