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23/03/2024 às 11h00min - Atualizada em 23/03/2024 às 11h00min

Gasto com cesta básica em Uberlândia compromete quase 50% do salário mínimo

Remuneração mínima atual representa apenas 24% do necessário para uma família viver na cidade, aponta pesquisa do Cepes/UFU

JUAN MADEIRA | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
No mês de fevereiro, preço médio do conjunto de alimentos básicos foi de R$ 686,34 | Foto: Agência Brasil

O gasto com a cesta básica em Uberlândia compromete quase metade do salário mínimo. Segundo a pesquisa do Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-sociais da Universidade Federal de Uberlândia (Cepes/UFU), no mês de fevereiro, o preço médio do conjunto de alimentos básicos foi de R$ 686,34, representando 48,6% do salário mínimo vigente que é de R$ 1.412.

 

Ainda de acordo com o levantamento, no mesmo período do ano anterior, o valor médio da cesta básica era de R$ 706,17, consumindo cerca de 53% da remuneração mínima da época, que chegava a R$ 1.320. A variação de preço da cesta de 2024 em comparação com 2023 é de -2,8%. 

 

O economista do Cepes/UFU, Carlos Henrique Cássia Fontes, explicou que o salário mínimo atual é apenas 24,49% do necessário para uma família viver em Uberlândia. “Nossa pesquisa concluiu que o salário necessário para garantir o sustento de uma família composta por quatro pessoas, incluindo dois adultos e duas crianças (ou três adultos) seria de R$5.765,98”.

 

O profissional ressaltou que o cálculo da remuneração ideal considera gastos com outros itens além da cesta básica, como educação, saúde, transporte, vestuário, entre outros, que vão de acordo com o procedimento adotado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

 

PRODUTOS DA CESTA BÁSICA

Conforme aponta o Boletim da Cesta Básica de Alimentos de Uberlândia, em fevereiro, vários produtos tiveram queda nos preços, o que contribuiu para reduzir o gasto total. O economista Carlos Henrique Fontes explicou que o tomate está entre os itens, marcando uma redução de 11,74%, seguido pelo óleo de soja (-5,21%) e margarina (-4,13%). 

 

Por outro lado, alguns produtos apresentaram aumento de preço, com destaque para a banana (9,70%), feijão (3,31%) e arroz (2,25%). “No caso do arroz, temos observado um movimento de alta nos últimos meses devido a diversos fatores. O Rio Grande do Sul, principal produtor do país, enfrentou questões climáticas que resultaram na redução da produção e oferta do produto, elevando seu preço. Além disso, a área de plantio de arroz tem diminuído ao longo dos anos, pois os produtores buscam culturas mais rentáveis, como milho e soja, que possuem preços mais atrativos no mercado internacional”, detalhou o profissional. 

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Carlos Henrique Fontes comentou ainda que para analisar as variações de valores, é ideal utilizar o Índice de Preços ao Consumidor (IPC). Enquanto a cesta básica é uma referência dos gastos mensais, o IPC mede as variações dos preços. 

 

O relatório apontou que, entre os nove grupos que compõem o IPC, cinco deles registraram alta nos preços, sendo: Transportes (0,68%), Alimentação e bebidas (0,37%), Comunicação (0,85%), Despesas pessoais (0,28%), Artigos de Residência (0,41%), Saúde e cuidados Pessoais (0,02%). Já os outros três grupos marcaram baixa no valor: Habitação (-0,58%), Vestuário (-0,88%) e Educação (-0,22%).

 

FAMÍLIAS DE BAIXA RENDA

A discrepância entre o poder de compra e as necessidades básicas dos cidadãos contribuem para que mais famílias vivam em situação de insegurança alimentar. Segundo dados do Cadastro Único, disponibilizados pelo Ministério da Cidadania, em Uberlândia, 28.505 famílias vivem em situação de extrema pobreza, o que representa 67.784 pessoas. A definição oficial de pobreza extrema adotada pelo Estado brasileiro é uma renda familiar per capita de até R$ 77.

 

Além disso, 24.407 famílias e 68.120 pessoas estão enquadradas na categoria de baixa renda, caracterizada por uma renda per capita de até meio salário mínimo, equivalente a R$ 660 por mês por pessoa.

 

Atualmente, 19% da população de Uberlândia vive em situação de extrema pobreza ou baixa renda, passando por insegurança alimentar e dificuldades financeiras. Uma das instituições que contribuem para mitigar a situação é a Pastoral Anjos da Rua. 

 

Em entrevista ao Diário, Fernanda Aparecida da Silva, voluntária da pastoral, explicou que a organização atua fornecendo assistência para pessoas em vulnerabilidade social, distribuindo cestas básicas para famílias de Uberlândia e cerca de 150 marmitas para pessoas em situação de rua. “Na pastoral existe um módulo de família, onde atendemos na média de 26 famílias, que levamos cesta básica todo mês, então contamos com a ajuda da população para isso”.

 

Fernanda destacou que a instituição depende de doações para manter as ações em funcionamento. “As doações podem ser feitas pelo PIX 40150434000192, ou levadas pessoalmente ao ponto de coleta na rua Tito Teixeira, n° 1162. Só pedimos para que entre em contato com o (34) 98848-2566 para agendar a entrega. Para quem deseja ser voluntário ou obter mais informações, pode entrar em contato através do Instagram também”. 

 

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