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06/02/2024 às 11h30min - Atualizada em 06/02/2024 às 11h30min

Pesquisa revela que 100% das empresas tiveram problemas com apagões de energia nos últimos três meses

Levantamento da CDL aponta que o prejuízo em alguns estabelecimentos chega a R$ 30 mil

JUAN MADEIRA | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Mais da metade dos estabelecimentos sofreram prejuízos financeiros | Foto: Agência Brasil

Uma pesquisa realizada pela Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Uberlândia revelou que 100% das empresas filiadas à entidade sofreram interrupção no fornecimento de energia nos últimos três meses. Os dados da fundação indicam ainda que 55% dos estabelecimentos tiveram prejuízos financeiros devido às falhas na rede elétrica. Os recorrentes apagões registrados em várias regiões da cidade no ano passado são apurados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), conduzida pela  Câmara Municipal.

O levantamento da CDL mostrou que 31% das empresas passaram por até três quedas de energia no período, enquanto 27% tiveram mais de 10 apagões no último trimestre. Outras 21% mencionaram de cinco a 10 quedas e os demais 21% citaram entre três a cinco interrupções de energia.

Quanto aos impactos financeiros mais significativos, 3% das empresas consultadas relataram prejuízos acima de R$ 30 mil. Outras 14% enfrentaram perdas de R$ 5 mil a R$ 10 mil,  28% estimam prejuízos entre R$ 1 mil e R$ 5 mil, e 52% dos estabelecimentos registraram perdas de até R$1 mil. 

Uma das vítimas de prejuízos financeiros decorrentes das instabilidades na distribuição de energia em Uberlândia é a proprietária da 4L Distribuidora de Embalagem, Léa Cristina. Segundo a empresária, há um ano e meio, o estabelecimento enfrenta picos de energia diários, e para ela, não há o suporte necessário da Cemig.

“Às vezes estamos com um cliente no balcão fazendo pedido e o computador é desligado, então temos prejuízo no atendimento e nas vendas por conta disso. Já chamados a Cemig, a empresa fez um levantamento e um laudo que comprovou a intermitência mas até o momento nenhuma solução foi dada”, disse.

A comerciante comentou ainda que uma loja vizinha, que trabalha com produtos alimentícios, está enfrentando problemas por conta da falta de refrigeração quando a energia cai. “Nos sentimos desamparados, não há o que ser feito, os picos de energia danificam os equipamentos eletrônicos e não temos respaldo, imagine em empresas que trabalham com comida, a situação é bem mais grave”, finaliza.

Em entrevista ao Diário, o responsável pela Ótica Triângulo, Oswaldo Luiz, contou que também contabilizou perdas significativas na loja. “Há alguns meses passamos manhãs inteiras sem energia aqui na região central, então não conseguimos fazer nada na parte dos aparelhos eletrônicos que usamos para tirar medidas dos óculos”. 

Além disso, o empresário disse que dois aparelhos de ar-condicionado tiveram as placas queimadas. “Temos prejuízo não só pelas vendas mas por despesas extras como estas também”, explicou. 

ATENDIMENTO 
Em relação ao atendimento prestado pela Cemig em casos de instabilidades no fornecimento de energia, a pesquisa realizada pela CDL mostrou que 79% das empresas informaram transtornos no atendimento ao público e no fechamento de vendas em função das irregularidades na distribuição do serviço.

Quanto ao tempo necessário para a restauração do fornecimento, 48% relataram uma espera de uma a três horas. Um quarto dos estabelecimentos enfrentou interrupções de menos de uma hora, enquanto 14% precisaram aguardar de uma a três horas. E três por cento retomaram suas atividades normais somente após aguardar por cinco horas.

Na avaliação sobre a central de atendimento pelo telefone 116, 41% dos entrevistados consideram regular, 21% ruim, 21% bom e 17% péssimo. Já em relação ao atendimento na agência local, 55% o classificam como regular, 14% como ruim, 14% como bom, 14% como péssimo e 3% como ótimo.

O proprietário da Eletromac, José António de Souza Junior acredita que deveria existir um canal exclusivo de atendimento para os comerciantes. “Quando a energia cai nos estabelecimentos comerciais, não há canal exclusivo para atendimento a nós. Além deste canal de reclamações e informações, é preciso que haja investimento maior na manutenção na rede de transmissão”, afirmou.

CPI DA CEMIG
Em razão das frequentes quedas de energia, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) está sendo conduzida pela Câmara Municipal para apurar as falhas no fornecimento do serviço. A vereadora Liza Prado (PRD) é a presidente da Comissão, que tem ainda o vereador Leandro Neves (PSDB) como relator e Antônio Augusto Queijinho (Cidadania), Odair José (Avante) e Dudu (Solidariedade) como membros.

Em outubro de 2023, o Diário publicou uma matéria com relatos de consumidores que afirmam que os apagões têm sido registrados desde o início do ano passado. As queixas incluem ainda a demora no reabastecimento e as perdas materiais causadas pelos cortes de eletricidade.

O problema também ocorreu no início de dezembro, quando moradores de diversos bairros de Uberlândia ficaram sem energia após um apagão nas regiões do Mansour, Roosevelt, Luizote de Freitas, Tocantins, Jardim Patrícia, Tubalina, Martins e Osvaldo Resende.

As denúncias resultaram em uma ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Estadual (MPE) contra a Cemig. Conforme consta na ação, um condomínio residencial no bairro Tubalina registra oscilações de energia desde fevereiro de 2023.  A síndica do local relatou ao MPE que o problema tem causado prejuízos significativos tanto aos moradores quanto às áreas comuns do condomínio, como queima de equipamentos e pane elétrica no elevador.

Um condomínio no Jardim Califórnia também acionou o MPE. A subsíndica da unidade residencial informou que a instabilidade de energia acontece há meses e também já provocou diversos danos materiais. Devido à alta demanda de queixas, os moradores chegaram a procurar o Procon em julho deste ano para fazer uma reclamação sobre a situação.

Em dezembro do ano passado, a Justiça já havia determinado que a Cemig realizasse, em até 10 dias, os reparos necessários para sanar de vez as oscilações e apagões na rede de energia elétrica em Uberlândia. De acordo com o documento, expedido pela 3ª Vara da Fazenda Pública, a multa prevista em caso de descumprimento da determinação é de R$ 100 mil por cada evento registrado relacionado à falta de eletricidade, podendo chegar a até R$ 2 milhões.

O Diário também mostrou, no fim do ano passado, que o volume de reclamações registradas por consumidores da cidade contra a companhia teve um aumento de 146% em relação a 2022. De acordo com os dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), foram 133 queixas somente em 2023, mais do que o dobro do número de denúncias contabilizadas no ano anterior (54).

Ainda em dezembro, a Cemig inaugurou a nova subestação de energia elétrica em Uberlândia. O novo equipamento, denominado de “Uberlândia 8” e instalado no bairro Shopping Park, visa disponibilizar mais energia à população e resolver os problemas de apagões que afetam a região Sul e outros pontos da cidade. 

Além da subestação, foram construídos trechos de linhas de distribuição para interligar a nova instalação ao sistema elétrico por meio da subestação Uberlândia 6, localizada no bairro Vigilato Pereira, e a subestação Miranda.

Na época, a Cemig informou ainda que o investimento de R$ 1,35 bilhão na região do Triângulo Mineiro está em andamento, e dentre as obras previstas, está a construção de mais 18 subestações, sendo duas delas em Uberlândia. Além disso, a expectativa é criar 513 km de linhas de distribuição e digitalização e modernização de 27 subestações existentes. 

O QUE DIZ A CEMIG
“A Cemig informa que segue trabalhando incessantemente para manter os mais elevados padrões técnicos de fornecimento de energia elétrica em toda sua área de concessão, incluindo Uberlândia, de forma a entregar eletricidade de forma segura e com qualidade a todos os seus clientes.

A Cemig destaca que investiu, no ano passado, mais de R$ 13,7 milhões para prevenir e restabelecer as ocorrências de interrupção de energia em Uberlândia. Desse total, R$ 4,7 milhões foram destinados em ações preventivas, como manutenções de estruturas, podas de árvores, limpeza de faixas, inspeção de redes e instalação de equipamentos que permitem o restabelecimento remoto da energia, reduzindo o tempo de restabelecimento para os clientes.  

Esse investimento representou um aumento significativo no número de árvores podadas pela Cemig, em Uberlândia, que passou de 8.967, em 2022, para 13.100, em 2023, um acréscimo de 46% em apenas um ano. Com relação à manutenção de estruturas, como postes, cruzetas e outros dispositivos, a quantidade de intervenções realizadas quase dobrou, passando de 2.209 para 4.126 no mesmo período, um aumento de 87%, mediante um investimento de mais de R$ 2 milhões, apenas em 2023”.


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