03/02/2024 às 12h00min - Atualizada em 03/02/2024 às 12h00min

Procura por testes rápidos e vacinas contra a dengue na rede particular cresce em média 70% em Uberlândia

Município acumula 1.424 casos confirmados da doença neste ano

JUAN MADEIRA | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA

Preço de uma dose do imunizante fica em torno de R$470 na rede privada | Foto: Agência Brasília

Uberlândia ultrapassou a marca de 1,4 mil casos confirmados de dengue, segundo dados atualizados pelo Painel de Monitoramento da Secretaria de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). O aumento das contaminações já reflete na busca pela vacina contra a doença nas clínicas particulares da cidade, assim como na demanda por testes rápidos nas drogarias. A alta da procura chega a 70%, segundo empresas do ramo ouvidas pelo Diário.

É o que aponta a gerente da farmácia Droga Vida, Giovanna Delgada. Segundo ela, as vendas de testes rápidos para dengue aumentaram em 70% na comparação com janeiro do ano passado.

“Dos três tipos de testes que temos, o antígeno é o que mais sai. Ele é feito na fase inicial da doença, por volta do terceiro dia de sintomas, mas pode ser realizado até o quinto dia. Inclusive, nosso estoque de antígeno está no fim, pois a procura está alta desde dezembro do ano passado”, comenta a profissional.

Já na Rede D Drogarias, as vendas quase dobraram, segundo o gerente Reinaldo Rodrigues. “Nas três primeiras semanas de janeiro, o crescimento foi de 90% em comparação com o mesmo período do ano passado. Está saindo muito medicamento analgésico, soro de reidratação, além dos repelentes que estão sendo vendidos três vezes mais”, destacou.

VACINAÇÃO

Apesar do alto índice de infestação, a Uberlândia ficou fora da lista dos municípios que farão parte da primeira campanha de vacinação na rede pública contra a enfermidade, que tem início neste mês.

No entanto, a nova vacina “Qdenga”, disponibilizada a partir de 2023, pode ser encontrada em laboratórios privados, com uma média de R$ 470 por dose. São necessárias duas doses para a imunização completa. (confira uma tabela de valores no fim da matéria).

No laboratório Sabin Diagnóstico e Saúde, o aumento da procura pelo imunizante registrou um crescimento de 70% entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano.

Em entrevista ao Diário, a coordenadora de atendimento da clínica, Marília Souza, explicou que o intervalo entre a administração de cada dose é de três meses.

“Aqui no laboratório, o combo sai por R$750 e R$400 a individual. Não é necessário pedido médico nem preparo especial. Qualquer pessoa de quatro a 60 anos pode tomar, e se houver indicação médica, pessoas acima de 60 também podem", destaca.

A profissional ressalta ainda que a “Qdenga” oferece proteção para os quatro principais sorotipos do vírus. “A imunização trabalha na formação de anticorpos no organismo. A vacina anterior só funcionava para quem já teve dengue e, portanto, tinha certa resposta imune. Já a Qdenga cria anticorpos para que o corpo crie a defesa contra a doença”.

A eficácia da vacina, segundo estudos clínicos é de 80,2%, e as contraindicações são para gestantes, pessoas que estiverem amamentando e quem tiver a imunidade comprometida.

Segundo o Ministério da Saúde, as regiões contempladas na primeira etapa da campanha de vacinação atendem a três critérios: são formadas por municípios de grande porte, com mais de 100 mil habitantes; registraram alta transmissão de dengue no período 2023-2024; e têm maior predominância do sorotipo DENV-2. Conforme a lista, 16 estados e o Distrito Federal têm cidades que preenchem os requisitos.

O Diário procurou o Ministério da Saúde para obter mais detalhes sobre os motivos pelos quais Uberlândia não foi contemplada nesta fase da campanha, mas até o fechamento desta edição não houve retorno.

SINTOMAS E TRATAMENTO

Em relação ao tratamento da dengue, o infectologista Henrique de Villa explicou que, de modo geral, os cuidados são realizados com base na hidratação. “A maioria dos pacientes se recupera com a hidratação, seja em casa, via oral ou com soro disponível em unidades de saúde. Apenas em casos muito graves que o paciente vai estar hospitalizado, em terapia intensiva, vão ser feitas outras intervenções”, destacou.

Por conta de sintomas como febre alta, dor no corpo, articulações, atrás dos olhos e manchas na pele, comuns em diversas viroses, a dengue pode ser confundida com outras doenças, segundo o médico. “A dengue se destaca pela febre súbita, enquanto a zika apresenta lesões e febre baixa. A gripe e a covid-19 compartilham sintomas respiratórios. Para avaliação, os pacientes devem procurar uma unidade de saúde”, adverte.

O especialista explica, ainda, que entre o quinto e sétimo dia de sintomas, a maioria dos pacientes apresenta melhora significativa. Contudo, para aqueles que desenvolvem formas graves da doença, esse é o período em que os sinais tendem a se agravar, indicando uma resposta exacerbada do corpo à presença do vírus.

Nesse estágio, podem aparecer sintomas como náusea, vômito, tontura, sensação de desmaio e pressão baixa, conforme aponta o médico. “A ocorrência de sangramentos também é um sinal que requer avaliação imediata em uma unidade de saúde”, finaliza.

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PREFEITURA REFORÇA AÇÕES

Como parte da mobilização “Movimento Dengue Não!”, lançada pela Prefeitura de Uberlândia no dia 23 de janeiro, a Secretaria Municipal de Saúde iniciou a abertura de salas de hidratação na Rede Municipal de Saúde.

A primeira sala começou a funcionar na Unidade de Atendimento Integrado (UAI) do bairro Roosevelt. Segundo a Prefeitura, a estrutura visa prevenir casos graves de dengue e, a princípio, será expandida para outras quatro UAIs (São Jorge, Pampulha, Tibery e Morumbi), e para a Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) Luizote, com horário de funcionamento das 9h às 21h.

No evento de lançamento, o prefeito Odelmo Leão (PP) reforçou a importância da colaboração da população no combate à doença.

“Prova disso é a quantidade de criadouros que ainda é encontrado nas casas pelas equipes de atuação, seja nos quintais ou no interior dos imóveis. Estamos em um período que é propício para a proliferação e nossas equipes estão trabalhando constantemente. A população tem que fazer a parte dela também. É um trabalho em conjunto e que salva vidas”, pontuou.

PANORAMA DA DENGUE NA REGIÃO:

1ª UBERLÂNDIA:

1.435 casos suspeitos

1.424 casos confirmados

Sem óbitos

2ª PATOS DE MINAS:

1.032 casos suspeitos

210 casos confirmados

Sem óbitos

3ª ARAGUARI:

977 casos suspeitos

154 casos confirmados