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01/01/2024 às 11h00min - Atualizada em 01/01/2024 às 11h00min

Especialistas estimam cenário otimista para a economia de Uberlândia em 2024

Expectativa é de que queda da taxa de juros e estabilidade de preços resultem em impactos positivos

IGOR MARTINS I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Cidade terá que investir em educação para aumentar renda média da população, de acordo com economista I Foto: Divulgação/PMU

Em meio a conflitos internacionais e incertezas políticas, a economia brasileira deve fechar o ano com uma previsão de crescimento de 3,1% no Produto Interno Bruto (PIB), segundo uma estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI). Mas como este cenário deve se refletir em Uberlândia? Especialistas ouvidos pelo Diário projetaram os desafios para a cidade, que vive um pleno crescimento populacional e está prestes a enfrentar um período eleitoral em 2024.
 
Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a expectativa é de que a economia brasileira cresça 1,8% no próximo ano. O economista Benito Salomão aponta que o desempenho econômico de Uberlândia não está diretamente associado ao que acontece no Brasil. Mesmo assim, o balanço positivo de 2023 tende a repercutir em certas localidades do país, o que leva a crer que a cidade também se destacou no cenário nos últimos 12 meses.
 
De acordo com dados da Fundação João Pinheiro (FJP), o Produto Interno Bruto (PIB) de Minas Gerais foi estimado em R$ 258,1 bilhões no segundo trimestre de 2023, o que representa 9,7% na participação de todo o PIB do Brasil no período. Uberlândia detém hoje a segunda maior participação no PIB do Estado (5%), com um montante de R$ 43,1 milhões, estimado em 2021 pelo IBGE.
 
Segundo o economista ouvido pelo Diário, a atualização dos dados sobre a economia da cidade costuma acontecer com dois anos de defasagem, não sendo, portanto, possível fazer uma projeção real para o próximo ano. Apesar disso, o especialista acredita em um bom desempenho econômico no ano de 2024, ainda que outras projeções indiquem uma desaceleração na economia brasileira, o que não significa um resultado negativo ou um mau desempenho.
 
Na visão de Benito Salomão, algumas questões podem afetar o crescimento da cadeia não apenas em nível local, mas também nacional. Um deles é o setor agropecuário, que costuma alavancar a economia brasileira, mas que tem sido fortemente afetado pelas questões climáticas. Também há de se atentar para a desaceleração no setor de varejo, que pode repercutir negativamente no PIB nos próximos balanços macroeconômicos.
 
“Essas questões são questões de curto prazo. Para Uberlândia, temos problemas um pouco mais estruturais, como a educação no município, afetando na baixa escolaridade média das pessoas que vão compor a força de trabalho. Isso repercute a longo prazo em salários mais baixos. Não podemos pensar só em 2024, já temos que pensar na próxima década”, disse.
 
SERVIÇOS
Principal setor da economia uberlandense, o ramo de serviços deve continuar sendo a principal área de geração de emprego e renda. Para Benito Salomão, o destaque no setor é um processo natural de amadurecimento de economias após a migração setorial agrícola e industrial para outras regiões do país.
 
Atualmente, a cidade oferece um conjunto de serviços públicos e privados que atendem toda a região do Triângulo Mineiro. Na visão do economista, é importante que políticas públicas voltadas à educação sejam criadas em Uberlândia nos próximos anos para incrementar a qualidade e o tipo de serviço prestado na cidade.
 
“Quando se fala em serviços, falamos em um único dado de setores que são muito heterogêneos. Pode abranger TI, startups até serviços de baixos salários. O que acaba predominando no Brasil todo são os serviços mais simples, que acabam pagando baixos salários. Isso precisa ser encarado na agenda. Precisamos de políticas públicas que criem condições para que Uberlândia tenha serviços de alta complexidade, com altos salários e mão de obra especializada”, defendeu Benito Salomão.
 
PERÍODO ELEITORAL
Em 2024, Uberlândia vai definir a nova bancada do Legislativo e também o novo chefe do Executivo, após dois mandatos do prefeito Odelmo Leão. Na opinião de Walber Carrilho, especialista em Ciências Econômicas e mestre em Desenvolvimento Econômico, uma corrida eleitoral sempre traz impactos para uma cidade, mas não deve afetar o município em grande escala.
 
“Durante o período eleitoral, sempre há impactos, principalmente em termos de serviços públicos, que podem ser diminuídos por conta do próprio processo eleitoral. Os impactos de eleições municipais, no entanto, tendem a ser menos do que se tivéssemos eleições para presidente. As eleições acabam até mesmo trazendo dinamismo para alguns setores da economia”, detalhou.
 
CENÁRIO OTIMISTA
Em conversa com a reportagem, Carrilho afirmou que os cenários para 2024 são relativamente otimistas não apenas para o Brasil, mas também para Uberlândia. Por ser um uma cidade de destaque no cenário nacional e por estar vivendo um crescimento populacional intenso nos últimos anos, a expectativa é de que o município siga se desenvolvendo e gerando emprego e renda para toda a população.
 
Para o próximo ano, o professor do Centro Universitário UNA acredita que haverá maior estabilidade de preços, com os índices na meta do Governo Federal. De acordo com ele, isso favorece a demanda na medida em que não há perda significativa de renda real. Como consequência, Walber Carrilho projeta que o setor de varejo deve se destacar na região, já que não há previsão de perda de renda por parte dos consumidores.
 
“Essa estabilidade de preços é benéfica para a cidade. Quando temos um período inflacionário, há receio de investimentos. Essa estabilidade pode trazer investimentos de fora para cá, e também investimentos internos. O cenário cambial também é importante de destacar. Temos empresas multinacionais que operam muito no mercado internacional, e essa estabilidade também favorece as exportações e importações”, disse o especialista.
 
Ainda segundo Carrilho, a previsão é de que a taxa de juros caia ainda mais em 2024. Por outro lado, algumas questões importantes podem afetar o desempenho econômico a nível nacional no ano que vem. Entre os principais pontos de atenção, Walber citou o orçamento público, a reforma tributária e o marco fiscal, que deverão movimentar o cenário político nos próximos meses.
 
INVESTIMENTOS
Especialista na área de investimentos financeiros, a economista Roberta da Mata considera que 2023 foi positivo para os índices econômicos a nível nacional. Mesmo em um período conturbado em meio a conflitos e incertezas políticas, a bolsa de valores deve terminar o ano em alta e com o dólar mais baixo se comparado a 2022.
 
A taxa Selic, que controla a inflação no país, saiu dos 13,75% no início de 2023 para 11,75%. Segundo Roberta, essa diminuição proporciona crédito mais barato e liquidação ou negociação de dívidas a juros mais baixos. A consequência disso é o aquecimento da economia, já que as empresas conseguem realizar mais investimentos, gerando empregos e renda para a população.
 
O prognóstico para 2024 também é positivo. De acordo com a economista, a previsão é de que a taxa de juros da Selic caia ainda mais, podendo chegar a 9,25%. Isso significa menos inflação e um maior poder de compra da população. Para quem gosta de investir o capital, no entanto, a rentabilidade deve ser menor, conforme relatado por Roberta da Mata.
 
“A diminuição da taxa Selic é boa para o país em relação ao desenvolvimento da economia, mas quem investia apenas em renda fixa com rentabilidade da Selic passará a ter menor rentabilidade. É importante conhecer o seu perfil de investidor e aprender mais sobre outros investimentos com a Selic baixa”, disse.
 
O primeiro passo para quem deseja começar a investir é entender a situação financeira atual. Segundo a especialista, é fundamental estipular o que o investidor pretende com o valor investido. O chamado “perfil do investidor” vai definir as características em relação ao risco envolvido nas operações financeiras.
 
“O risco nos investimentos é o que determina os ganhos. Geralmente, quem arrisca mais, ganha mais. No entanto, ele também pode perder. Se você tem aversão a perder dinheiro, você tem o perfil conservador. Se não tem medo de arriscar, o perfil é o arrojado. Já o perfil moderado mistura um pouco dos dois”, detalhou Roberta da Mata.
 
Independentemente do perfil definido, a economista defende a necessidade de buscar conhecimento nos investimentos. Para quem é conservador, é mais seguro investir em renda fixa, como a poupança, o Tesouro Direto e nos CDBs. Os fundos de investimento também são uma boa opção para esse perfil, mas exige mais conhecimento para acompanhar o valor das cotas, que costuma mudar diariamente.
 
“Quem tem um perfil arrojado geralmente já tem mais experiência no mercado de investimentos. Esses investidores colocam a maioria do capital em renda variável, como ações, contratos futuros e câmbio. A atenção precisa ser no que a pessoa pretende com o investimento e, principalmente, quanto tempo ela pode deixar o valor investido”, contou a especialista.


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