Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
28/10/2023 às 12h00min - Atualizada em 28/10/2023 às 12h00min

Em 10 meses, Uberlândia registra mais de 600 casos de sífilis; diagnósticos equivalem a quase o total de 2022

Sífilis é considerada uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST); veja sintomas da doença e onde fazer o exame

IGOR MARTINS | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Sífilis é considerada uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) exclusiva do ser humano | Foto: Secom/PMU
O número de casos confirmados de sífilis em 2023 já atingiu quase que o total registrado em todo o ano passado em Uberlândia. Segundo dados da Superintendência Regional de Saúde (SRS), a cidade tinha 625 notificações da doença até o dia 18 de outubro. Em 2022 inteiro, o município totalizou 652 resultados positivos para a enfermidade.

A sífilis é considerada uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) exclusiva do ser humano. A doença pode ser transmitida por relação sexual sem camisinha com uma pessoa infectada, ou para a criança durante a gestação ou até mesmo no parto. De acordo com a médica infectologista Francielly Gastaldi, a IST tem sintomas variados, dependendo do estágio da enfermidade.

Conforme relatado pela especialista, a sífilis apresenta várias manifestações clínicas, podendo ser dividida entre a sífilis latente, primária, secundária ou terciária. A latente é assintomática, enquanto a primária é caracterizada por uma ferida no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca ou outros locais da pele). Ela costuma desaparecer sozinha, independentemente do tratamento.

A secundária pode causar manchas no corpo, que geralmente não coçam. Neste tipo, pode ocorrer febre, mal-estar e dor de cabeça. As manchas costumam desaparecer após algumas semanas, mas a infectologista alerta que isso pode trazer uma falsa impressão de cura. É recomendado sempre buscar o atendimento adequado.

A mais preocupante é a sífilis terciária, que geralmente surge entre um e 40 anos após o início da infecção. Ela costuma apresentar sinais e sintomas, principalmente lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte. Segundo Francielly, há registros de pacientes que foram desenvolver sintomas mais graves 30 anos depois da contaminação.

“A sífilis pode acontecer independentemente da idade. Mesmo que o paciente passe pelas fases iniciais sem tratamento, a sífilis pode ficar contida no organismo e desenvolver complicações depois de décadas. Infelizmente a sífilis não preocupa tanto as pessoas porque no início são lesões que não têm dor, mas é importante fazer o diagnóstico precoce para não ter complicações no futuro”, disse a médica.


• Compartilhe esta notícia no WhatsApp
• Compartilhe esta notícia no Telegram


CLASSIFICAÇÕES DA SÍFILIS
Ainda de acordo com Francielly Gastaldi, os casos de sífilis são geralmente separados de acordo com a pessoa que é contaminada com a doença. Em Uberlândia, por exemplo, 63% dos pacientes que foram diagnosticados tiveram a chamada “sífilis adquirida”. Outros 22% foram confirmados com a “sífilis em gestantes”, enquanto 13% foram de “sífilis congênita”.

A infectologista explica que a sífilis é uma doença só, mas que precisa ser dividida conforme o tratamento necessário. A modalidade “adquirida” ocorre quando qualquer pessoa é contaminada, seja homem ou mulher, jovem, adulta ou idosa. A sífilis em gestantes, como o próprio nome diz, é quando uma grávida é diagnosticada com a enfermidade. Por fim, a congênita acontece quando a bactéria é transmitida para o feto ou bebê.

“A gente tem que avaliar as especificidades. Existe essa diferença porque o acompanhamento no caso de gestantes é diferente. O objetivo principal é não passar a doença para o feto, mas quando isso acontece temos a sífilis congênita. O feto pode ter má formação e o bebê pode até evoluir a óbito. Tem que ser um acompanhamento rigoroso, com exames todos os meses. O jeito que a gente acompanha os casos de gestantes tem que mudar”, explicou.

No caso da sífilis congênita, Francielly Gastaldi relatou ainda que quando o feto é diagnosticado com sífilis, é preciso iniciar o tratamento imediatamente. Em alguns casos, o bebê pode até mesmo nascer assintomático e ter manifestações tardias na infância ou adolescência, o que não significa que ele não tenha a infecção.

TRATAMENTO E PREVENÇÃO
Atualmente, o tratamento mais eficaz contra a sífilis é a aplicação da “penicilina benzatina”, popularmente conhecida como benzetacil. Quando a doença é detectada na gestante, o tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível, sendo o único medicamento capaz de prevenir a transmissão vertical, ou seja, de passar a doença para o bebê.

Francielly relata que no caso de diagnóstico positivo, o companheiro ou companheira da pessoa contaminada também deverá ser testada e tratada para evitar a reinfecção da gestante. De acordo com ela, a sífilis é uma doença mais comum entre jovens sexualmente ativos, mas o acometimento acontece em todas as idades.

Segundo a infectologista, o uso correto e regular da camisinha feminina ou masculina segue sendo a melhor forma de prevenir a sífilis e outros tipos de ISTs. “O uso do preservativo é fundamental para prevenir casos de sífilis e outras infecções sexualmente transmissíveis. É importante fazer os exames regularmente e procurar atendimento, mesmo que as lesões não tenham dor”, detalhou a especialista.

CASOS DE SÍFILIS EM 2023
  • Total de casos em Uberlândia: 625
  • Casos de sífilis adquirida: 395 casos
  • Casos de sífilis congênita: 87 casos
  • Casos de sífilis em gestantes: 143 casos

VEJA TAMBÉM:
 

 
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90