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03/10/2023 às 11h30min - Atualizada em 03/10/2023 às 11h30min

Acidentes com escorpiões aumentam quase 20% em Uberlândia; saiba como evitar e onde procurar ajuda

Mais de 90 vítimas de picadas precisaram recorrer a atendimento no Hospital de Clínicas da UFU neste ano

KAUÊ ALTRÃO | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Espécie mais comum no município, é a Tityus serrulatus, popularmente conhecida por escorpião-amarelo | Foto: Agência Brasil

O Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) registrou neste ano um aumento de quase 20% nos atendimentos de ocorrências envolvendo escorpiões. O período de calor e chuva contribui para o aparecimento de animais peçonhentos na área urbana, sendo assim, é necessário redobrar a atenção para minimizar os riscos, principalmente com crianças e pets. 

Conforme apontam dados do HC-UFU, entre janeiro e julho deste ano, a unidade recebeu 92 vítimas de picadas de escorpião. No mesmo período de 2022, 77 pacientes foram atendidos no local. O complexo hospitalar é referência municipal para atendimentos especializados em acidentes com escorpiões. 

De acordo com a médica infectologista do Hospital de Clínicas, Francielly Gastaldi, a maioria dos casos são considerados quadros leves e sem gravidade. Durante o atendimento, os médicos analisam se é necessário a aplicação do soro antiescorpiônico e o paciente fica em observação. Atualmente, a unidade é a única do município que tem autorização para recebimento e manuseio do medicamento.
 

“No atendimento avaliamos o caso e se há necessidade do soro antiescorpiônico. Ele é mais destinado para os pacientes que apresentam alguma alteração nos exames, como as crianças ou pessoas com idade mais avançada, sendo preciso uma intervenção imediata. Nos demais quadros, observamos uma ocorrência maior em adultos sem comorbidades e realizamos uma medicação para conter a dor e ficamos de observação por um tempo”, explicou. 

 

Após a picada, alguns sintomas são comuns, como dor imediata, vermelhidão, inchaço leve, pelos próximos à região em pé e sudorese. Conforme disse a médica infectologista, todas manifestações de contaminação são tratáveis. 


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Segundo dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), o último óbito registrado no município por acidente com escorpião foi registrado no dia 9 de janeiro de 2022. 
 

INVASÃO DE ESCORPIÕES
Segundo a Prefeitura de Uberlândia, a espécie mais comum no município é a Tityus serrulatus, popularmente conhecida por escorpião-amarelo. Os animais buscam abrigos em vários lugares, principalmente em locais com muito lixo, resto de materiais para construção e até nas redes de esgoto, sendo este o meio mais propício para a entrada nas residências.

A executiva de contas Elvia Martins, de 46 anos, conta que os cuidados não foram suficientes para evitar a invasão de escorpiões em sua área de serviço. Em uma das situações, ela acabou sendo picada.

“Aconteceu em maio, quando estava limpando minha casa e em um certo momento fui torcer o pano de chão que estava na área de serviço e senti a picada na minha mão”, disse.

Elvia foi até a unidade de saúde e recebeu uma injeção para dor. De acordo com ela, não foi necessário a aplicação do soro antiescorpiônico. “A dor só diminuiu, mas fiquei com muita dor por três dias, formigamento e coceira”, relembrou. 
 
Na última semana, outro escorpião invadiu a residência de Elvia. No entanto, ela conseguiu avistar o animal e eliminá-lo sem riscos. Com a situação, a moradora de Uberlândia adotou o uso de telas em todos os ralos da residência. 
 

CALOR E CHUVA
Conforme dito pela médica veterinária Jéssica Queiroz, o aparecimento dos animais peçonhentos acontece durante todo o ano, mas o período de calor e chuva aumenta as chances de invasões residenciais. 

“A reprodução desses animais no geral acontece nesse período de calor, no verão e agora na primavera. Temos o calor e os ambientes úmidos do meio urbano, e é comum que eles saiam de seus esconderijos para se reproduzir, é quando há esse encontro com os humanos” explicou.

A veterinária ressalta que na mesma época há também uma alta proliferação das baratas e isso se torna um chamariz para o escorpião, já que é a sua principal fonte de alimentação. “São animais de grande adaptação, tudo está favorável e não temos muitos animais no meio urbano que são seus predadores naturais. Então, há cada vez mais essa proliferação e, consequentemente, as ocorrências”, complementou.

Em relação às chuvas, Jéssica explica que é comum os escorpiões procurarem outros esconderijos, saindo dos esgotos, quintais e terrenos, e entrando em canos que levam a imóveis. “Com isso, é recomendado, principalmente, a vedação dos canos com telinhas e limpar os ambientes”, afirmou. 


O QUE FAZER?
Caso seja picado por um escorpião, os órgãos públicos recomendam limpar o local com água e sabão, procurar o HC-UFU e, se for possível, capturar o animal para levá-lo ao serviço de saúde, uma vez que a identificação da espécie de escorpião pode ajudar no diagnóstico e, portanto, no tratamento. Se for necessário, coloque uma compressa de água morna sobre o ferimento para reduzir a dor.

Além disso, é importante estar ciente do que evitar fazer após um acidente: não corte, perfure ou queime o local da picada; não faça um torniquete nem amarre o membro atingido; não faça curativos que impeçam a ferida de respirar, a tampando, pois isso pode favorecer infecções; não ingira bebidas alcoólicas ou outros líquidos, pois podem agravar o quadro; não aplique substâncias sobre o local da picada.

Em caso de aparecimento de animais peçonhentos em casa, o Centro de Controle das Zoonoses deve ser acionado pelo número (34) 3213-1470. O horário de funcionamento é das 7h às 18h.

Orientações para evitar a invasão dos animais:

  • Use telas em ralos de chão, pias e tanques;
  • Tampe as frestas nas paredes e coloque soleiras nas portas;
  • Afaste camas e berços das paredes;
  • Inspecione roupas e calçados antes de usá-los;
  • Mantenha jardins e quintais livres de entulhos, folhas secas e lixo doméstico;
  • Mantenha todo o lixo da residência em sacos plásticos e bem fechados para evitar baratas, para não atraírem escorpiões;
  • Não coloque as mãos em buracos, embaixo de pedras ou em troncos apodrecidos;
  • Use luvas e botas de couro para realizar atividades que necessitem manusear entulhos e materiais de construção, e nas atividades de jardinagem.

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