O Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) registrou neste ano um aumento de quase 20% nos atendimentos de ocorrências envolvendo escorpiões. O período de calor e chuva contribui para o aparecimento de animais peçonhentos na área urbana, sendo assim, é necessário redobrar a atenção para minimizar os riscos, principalmente com crianças e pets.
Conforme apontam dados do HC-UFU, entre janeiro e julho deste ano, a unidade recebeu 92 vítimas de picadas de escorpião. No mesmo período de 2022, 77 pacientes foram atendidos no local. O complexo hospitalar é referência municipal para atendimentos especializados em acidentes com escorpiões.
De acordo com a médica infectologista do Hospital de Clínicas, Francielly Gastaldi, a maioria dos casos são considerados quadros leves e sem gravidade. Durante o atendimento, os médicos analisam se é necessário a aplicação do soro antiescorpiônico e o paciente fica em observação. Atualmente, a unidade é a única do município que tem autorização para recebimento e manuseio do medicamento.
“No atendimento avaliamos o caso e se há necessidade do soro antiescorpiônico. Ele é mais destinado para os pacientes que apresentam alguma alteração nos exames, como as crianças ou pessoas com idade mais avançada, sendo preciso uma intervenção imediata. Nos demais quadros, observamos uma ocorrência maior em adultos sem comorbidades e realizamos uma medicação para conter a dor e ficamos de observação por um tempo”, explicou.
Após a picada, alguns sintomas são comuns, como dor imediata, vermelhidão, inchaço leve, pelos próximos à região em pé e sudorese. Conforme disse a médica infectologista, todas manifestações de contaminação são tratáveis.
INVASÃO DE ESCORPIÕES
Segundo a Prefeitura de Uberlândia, a espécie mais comum no município é a Tityus serrulatus, popularmente conhecida por escorpião-amarelo. Os animais buscam abrigos em vários lugares, principalmente em locais com muito lixo, resto de materiais para construção e até nas redes de esgoto, sendo este o meio mais propício para a entrada nas residências.
A executiva de contas Elvia Martins, de 46 anos, conta que os cuidados não foram suficientes para evitar a invasão de escorpiões em sua área de serviço. Em uma das situações, ela acabou sendo picada.
CALOR E CHUVA
Conforme dito pela médica veterinária Jéssica Queiroz, o aparecimento dos animais peçonhentos acontece durante todo o ano, mas o período de calor e chuva aumenta as chances de invasões residenciais.
“A reprodução desses animais no geral acontece nesse período de calor, no verão e agora na primavera. Temos o calor e os ambientes úmidos do meio urbano, e é comum que eles saiam de seus esconderijos para se reproduzir, é quando há esse encontro com os humanos” explicou.
A veterinária ressalta que na mesma época há também uma alta proliferação das baratas e isso se torna um chamariz para o escorpião, já que é a sua principal fonte de alimentação. “São animais de grande adaptação, tudo está favorável e não temos muitos animais no meio urbano que são seus predadores naturais. Então, há cada vez mais essa proliferação e, consequentemente, as ocorrências”, complementou.
Em relação às chuvas, Jéssica explica que é comum os escorpiões procurarem outros esconderijos, saindo dos esgotos, quintais e terrenos, e entrando em canos que levam a imóveis. “Com isso, é recomendado, principalmente, a vedação dos canos com telinhas e limpar os ambientes”, afirmou.
O QUE FAZER?
Caso seja picado por um escorpião, os órgãos públicos recomendam limpar o local com água e sabão, procurar o HC-UFU e, se for possível, capturar o animal para levá-lo ao serviço de saúde, uma vez que a identificação da espécie de escorpião pode ajudar no diagnóstico e, portanto, no tratamento. Se for necessário, coloque uma compressa de água morna sobre o ferimento para reduzir a dor.
Além disso, é importante estar ciente do que evitar fazer após um acidente: não corte, perfure ou queime o local da picada; não faça um torniquete nem amarre o membro atingido; não faça curativos que impeçam a ferida de respirar, a tampando, pois isso pode favorecer infecções; não ingira bebidas alcoólicas ou outros líquidos, pois podem agravar o quadro; não aplique substâncias sobre o local da picada.
Em caso de aparecimento de animais peçonhentos em casa, o Centro de Controle das Zoonoses deve ser acionado pelo número (34) 3213-1470. O horário de funcionamento é das 7h às 18h.
Orientações para evitar a invasão dos animais: