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15/08/2023 às 12h00min - Atualizada em 15/08/2023 às 12h00min

Miniaturas, moedas raras e mais: entusiastas de Uberlândia revelam paixão pelo colecionismo

Diário conversou com colecionadores que dedicam tempo, dinheiro e energia ao hobby

IGOR MARTINS | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Promotor de Justiça, Marco Aurélio Nogueira é plastimodelista e coleciona tanques da 2ª Guerra Mundial | Foto: Arquivo Pessoal

Em meio à agitação urbana e modernidade, Uberlândia possui uma comunidade que encontra alegria e paixão através da calmaria e das antiguidades: os colecionadores. De cédulas raras a vinis preciosos, se engana quem pensa que a prática é apenas um hobby. Cada peça de coleção tem uma identidade única e uma ligação direta com o passado, exigindo tempo, dinheiro e muita dedicação de todos os entusiastas.

Francisco Salles, de 72 anos, vive na cidade de Uberlândia e é colecionador de cédulas e moedas há praticamente 60 anos. Natural de Piracicaba (SP), ele conta que começou a colecionar selos em meados de 1965, ainda em sua adolescência, mas sua paixão verdadeira são as cédulas antigas.

Os anos de estrada na vida do colecionismo já trouxeram a Francisco uma série de moedas de diferentes locais do mundo. Atualmente, ele tem em seu acervo cédulas do Brasil Império, os réis, e também da época em que o país ainda era uma colônia. Outros itens que são motivo de orgulho para Salles são notas da Rússia e da Alemanha do início do século XX.

Segundo Francisco Salles, a cidade foi fundamental para que seu gosto por cédulas e moedas fosse crescendo com o passar dos anos. Ao chegar na cidade, ele descobriu o Clube Filatélico e Numismático de Uberlândia, que se reúne até hoje semanalmente em um shopping do município para trocar e expor moedas. O clube, destinado a amigos e colecionadores de selos postais e outras antiguidades, segue sendo uma das principais paixões de sua vida.

“Colecionar é um vício. Eu descobri o Clube Filatélico e Numismático de Uberlândia e passei a colecionar cédulas e moedas. Eu sou muito fã. Eu participo das feiras de antiguidades da região e sempre estou no Mercado de Pulgas da cidade. O meu foco já foi vender, mas hoje é para trocas e expor essas antiguidades, é uma forma de divulgar o colecionismo”, disse.


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O gosto pelo colecionismo também acompanha o mineiro Juarez Melo, de 63 anos. Nascido em Araguari (MG), ele começou a colecionar serrotes há mais ou menos 40 anos. Seu primeiro trabalho profissional foi como marceneiro, o que explica o gosto pela ferramenta. Ao Diário, ele contou que já viveu em cidades como São Paulo (SP), Brasília (DF) e Florianópolis (SC), e os equipamentos sempre seguiram com ele.

Em setembro, vai fazer um ano que Juarez Melo se mudou para Uberlândia ao lado da esposa. Juntos, eles abriram o antiquário “Toque de Vintage” para comercializar itens antigos. Por lá, é possível encontrar livros raros, obras de arte, móveis e vários outros objetos. O local é um prato cheio para pesquisadores e colecionadores da cidade.

“Eu tenho até guarda-roupas da década de 1910. Dentro do que a gente estava esperando, o movimento tem sido bom, está satisfazendo a expectativa da gente. Pela marcenaria, a gente também faz trabalhos de restauração. Já tive antiquários em outras cidades, mas Uberlândia está começando a nos descobrir agora”, comentou.

MINIATURAS
O promotor de Justiça do Ministério Público Estadual (MPE), Marco Aurélio Nogueira também é aficionado por colecionismo. Há mais de 30 anos, o mineiro de Araguari pratica o plastimodelismo, que consiste em construir miniaturas em escala reduzida. Seu gosto principal é com relação a tanques de guerra, sobretudo os da 2ª Guerra Mundial. 

Em conversa com a reportagem, o professor do curso de Direito da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) disse que gosta de estudar história desde a época da escola. Quando tinha 11 anos de idade, Nogueira ganhou um brinquedo da mãe relacionado a artigos do tipo. Desde então, ele coleciona tanques, locomotivas e soldados.

Aos 57 anos, Marco Aurélio Nogueira tem 300 tanques montados dentro de casa, em um cômodo separado apenas para isso. Os itens são organizados por cor, local de combate e pintura. Além disso, o acervo do promotor tem mais de 3 mil objetos que podem ser montados. Segundo ele, fazer a montagem dos tanques é uma tarefa divertida, e uma verdadeira terapia.

“Os tanques e os carros blindados são uma terapia. Eu acho que quem tem um hobby o faz para controlar a ansiedade, controlar suas dificuldades nesse mundo que a gente vive. Adquirir um tanque ou um caminhão de guerra não é barato, mas é um investimento que a gente faz pensando até mesmo na saúde. O hobby é algo para a saúde mental, para o desenvolvimento físico. No meu caso, preciso ter uma coordenação motora perfeita, como a de um cirurgião, para fazer a montagem desses tanques, ter até mesmo uma respiração controlada”, detalhou.

Ainda de acordo com o promotor, um de seus projetos de vida é montar um museu voltado para crianças e adolescentes que estão estudando tópicos relacionados à guerra. No momento, ele está realizando a montagem de tanques de 1939 a 1945 para expô-los em um lugar destinado à história.

“Deu vontade de montar um museu voltado para as crianças, para que elas possam ver como foi todo esse desenvolvimento. Eles vão lá ver dos primeiros tanques aos últimos. Vai ser concretizado diante de tantas miniaturas que eu já tenho montado”, antecipou Marco Aurélio Nogueira.


 

O servidor público José Carlos Batista também usa as horas vagas para praticar o colecionismo de miniaturas. Em 1995, ele começou a colecionar figurinhas, álbuns, gibis e latas de cerveja. Após tantos anos, ele passou a colecionar carrinhos de corrida e brinquedos antigos no ano passado. Em pouco mais de um ano, já são mais de 4 mil miniaturas adquiridas.

“Eu já cheguei a ter mais de 8 mil miniaturas. No ano passado, eu comecei a focar em brinquedos antigos e carrinhos. Hoje eu tenho mais de 4 mil miniaturas desses carrinhos, fora os brinquedos da época”, disse.


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