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02/08/2023 às 16h23min - Atualizada em 02/08/2023 às 16h23min

Estelionato: mais de 3 mil pessoas caíram em golpes no primeiro semestre em Uberlândia

Segundo dados da Sejusp, em quase uma década, o número de casos quadruplicou na cidade

KAUÊ ALTRÃO | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Especialista diz que aumento pode estar associado aos crimes digitais, especialmente após o surgimento do Pix | Foto: Agência Brasil

Uberlândia registrou 3.034 casos de estelionato no primeiro semestre deste ano, o que representa uma média de 16 ocorrências por dia. Segundo dados da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais (Sejusp), em menos de uma década, o número de vítimas da prática criminosa quadruplicou na cidade. 

O levantamento aponta que em 2013 foram computados 1.316 casos de estelionato no município. Quase 10 anos depois, em 2022, mais de 6,2 mil pessoas caíram em golpes, sendo um aumento de mais de 370%. 

Segundo a advogada criminalista, Maria Clara Castro Vieira, o recente acréscimo nos números de estelionatos em Uberlândia pode estar associado principalmente à prática do crime digital, especialmente após o surgimento do Pix. A facilidade de transferência de dinheiro proporcionada pelo meio tem sido cada vez mais explorada pelos criminosos.

Ainda de acordo com os dados da Sejusp, no ano de 2020, quando o Pix foi lançado, foram computadas 4.700 ocorrências do crime na cidade. A quantidade é 58% maior do que a registrada em 2019, quando 2,9 mil pessoas caíram em fraudes. Em 2021, o número continuou crescendo e o município chegou a 5.335 vítimas de estelionato. 

 “O que a gente está vendo sobre esse aumento gigantesco, eu acredito, que é principalmente devido ao uso do Pix. Ele facilitou muito a transferência do dinheiro, mas ele também abriu muito a porta para os criminosos criativos, é um crime muito abrangente, há diversas formas de enganar uma pessoa por meio da internet, sem ver realmente com quem você está ali conversando e a veracidade das coisas. Essa transferência às cegas facilitaram a fraude”, explicou a advogada.

A especialista ressalta ainda que outros crimes de estelionato também são comuns como: vendas de produtos digitais, envio de comprovantes de transferências online falsas, obtenção de dados para fraudes bancárias, necessidade de confirmações de dados pessoais para o INSS, clonagem de contas ou compras a partir de dados pessoais, pedidos de dinheiro para investimentos com promessas de retornos exuberantes, etc.

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VÍTIMAS
Conforme disse a advogada criminalista, a maioria das vítimas de estelionato são idosos ou com pouca alfabetização digital. Para ela, esses são os principais fatores que fazem com que as pessoas não tenham malícia com o que está acontecendo e acreditem em quem está tentando aplicar o golpe.

No entanto, a advogada enfatiza que qualquer pessoa está sujeita a cair nessa prática criminosa, sendo fundamental estar atento e tomar medidas preventivas. Foi pela falta de cuidado que Arthur Martins, estudante universitário, acabou sendo uma vítima de estelionato. Ansioso pela compra de um ingresso online, ele transferiu dinheiro para uma falsa vendedora. 

“Eu estava muito empolgado, querendo participar daquela festa que era da atlética da minha universidade. Na época, o ingresso estava bem mais caro e decidi comprar de terceiros, com um preço mais em conta. Anunciei que estava procurando e uma moça me chamou. Ansioso, já fui conversar com ela, vendo os dados e transferi o dinheiro. Após isso, a foto sumiu, ela apagou tudo e me bloqueou. Ai que foi caindo a minha ficha do que tinha acontecido”, disse. 

O jovem relatou a infelicidade que passou no momento, perdendo até a vontade de comparecer à festa. Apesar de ter registrado as evidências, Arthur decidiu não procurar meios legais para reaver o dinheiro perdido.

ORIENTAÇÕES
A advogada criminalista ressalta que alguns cuidados devem ser levados em consideração para evitar esse tipo de situação.

“O mais importante é não compartilhar dados pessoais e números de cartões de crédito com ninguém que não conheça. E, caso você sofra esse golpe, documentar todas as provas do crime, como imagens, áudios e comprovantes de transferência, e vá fazer o boletim de ocorrência”, enfatizou. 

Com as provas em mãos e o registro da ocorrência, é possível procurar identificar o autor do crime ou acionar o banco em que foi realizada a transferência para, por meios legais, solicitar o ressarcimento do dinheiro, se for o caso.

A Polícia Militar (PM) também divulga algumas dicas para que as pessoas evitem cair em golpes:

  • Tome decisão de efetuar uma compra ou investir em algo somente após pesquisar bem;
  • Se ver algo muito abaixo do valor do mercado, desconfie;
  • Se algum familiar ou amigo lhe pedir dinheiro por aplicativo ou outro mecanismo, procure conversar com ele pessoalmente para saber se é verdade;
  • Nas redes sociais, pesquise a idoneidade da pessoa ou entidade que queira ajudar e se houver qualquer divergência, não faça a transferência do dinheiro.


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