O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) cumpriu, na manhã desta quarta-feira (21), sete mandados de busca e apreensão em Uberlândia, durante a segunda fase da "Operação Celular Zero". A ação tem como objetivo apurar e reprimir os crimes de tráfico de drogas e a entrada de aparelhos celulares para o interior das unidades prisionais da cidade, destinados a integrantes de organizações criminosas, envolvendo ainda policiais penais.
Segundo informações do Gaeco, foram apreendidos diversos aparelhos celulares e computadores dos investigados, bem como cartas e anotações, dinheiro, armas e munições ilegais. No total, foram mobilizados para o cumprimento dos mandados cinco promotores de Justiça, dois delegados, 12 policiais civis, 30 policiais militares e quatro policiais penais.
Em coletiva realizada na manhã desta quarta na sede do Ministério Público Estadual (MPE), o diretor regional da 9ª Região da Polícia Penal, Marcos Vinícius de Oliveira Silva, relatou que um dos objetivos do Estado é combate a corrupção nas unidades prisionais. Segundo ele, alguns servidores dos presídios de Uberlândia estariam burlando o sistema de segurança para facilitar a entrada de aparelhos celulares nas unidades. Alguns dos equipamentos seriam comercializados por valores de até R$ 60 mil.
"Os servidores investigados podem sofrer sanções administrativas e inclusive resultar na demissão deles. Eles podem responder pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa", disse.
A Polícia Militar (PM) também atuou nos mandados de busca e apreensão pela manhã. Conforme relatado pelo tenente José Santos, houve a apreensão de uma arma de fogo contra um dos investigados no bairro Élisson Prieto (Glória). No local, também foram encontradas munições.
"As forças de segurança não têm dado espaço para a criminalidade. A Polícia Militar está sempre compartilhando informações e atua na parte de execução de mandados. Estamos indo atrás das lideranças, procurando uma forma para que esse crime não se espalhe", disse.
MENSAGENS CODIFICADAS
Dentre os itens apreendidos durante a operação, um dos que mais chamaram a atenção das autoridades foram cartas e anotações dos envolvidos. Segundo o delegado-chefe da Polícia Civil, Marcos Tadeu de Brito Brandão, a nova fase da Celular Zero atingiu todos os objetivos. Os objetos arrecadados através dos mandados vão, segundo ele, permitir novas investigações e novas fases para coibir a entrada de celulares nas unidades prisionais da região.
As mensagens trocadas pelos envolvidos contém códigos, que serão averiguadas pela perícia da Polícia Civil. "As anotações são todas codificadas. Daí, entra a importância de termos policiais treinados no serviço de inteligência, uma inteligência policial que é para efetivamente montarmos esse quebra-cabeça e evitarmos ações criminosas na nossa região e no Brasil afora", explicou Marcos Tadeu.
ENTENDA
Deflagrada no fim de abril, a Operação Celular Zero cumpriu 11 mandados de busca e apreensão e procedimentos de fiscalização em celas de três unidades prisionais de Uberlândia e Uberaba. A investigação concluiu pela existência de uma associação de pessoas devidamente organizadas hierarquicamente estruturadas voltada a práticas criminosas na região.
O esquema envolve presos, servidores públicos e pessoas em liberdade. Dentre os investigados se encontram servidores vinculados ao sistema prisional. Na época, foi anunciado que três policiais penais e trabalhadores administrativos e técnicos serão investigados por facilitarem a entrada de celulares no Presídio Jacy de Assis e na Penitenciária João Pimenta da Veiga.
*Reportagem atualizada às 12h30 para acréscimo de informações
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