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25/05/2023 às 11h15min - Atualizada em 25/05/2023 às 11h15min

Motocicletas estão presentes em mais de 70% dos acidentes de trânsito, em Uberlândia

De janeiro a abril deste ano, foram registradas 714 ocorrências com motos na cidade

SÍLVIO AZEVEDO | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Corpo de Bombeiros esclarece que os motociclistas devem evitar transitar nos corredores de automóveis e se manter no centro da via | Foto: Agência Brasil

Cerca de 72% dos acidentes de trânsito registrados no primeiro quadrimestre do ano, em Uberlândia, envolveram motocicletas. Segundo dados do Corpo de Bombeiros, de janeiro a abril, foram atendidas 961 ocorrências, sendo que 714 se tratam de acidentes com motos. 

Ainda de acordo com o levantamento, durante o período, foram registradas 399 colisões entre automóveis e motocicletas, com destaque para o mês de abril, quando os militares atenderam 158 ocorrências do tipo. Além disso, as motos também estiveram envolvidas em atropelamentos e colisões com outros veículos, como bicicleta, caminhão e ônibus. 

Em comparação com os dois anos anteriores, houve redução no número de acidentes com motocicletas neste ano. Conforme apontam os dados dos bombeiros, nos primeiros quatro meses de 2022 foram computados 766 acidentes, enquanto em 2021, 743.

Segundo o tenente Henrique Silva Figueiredo, do 5º BBM, vários fatores contribuem para que os acidentes ocorram. Além da imprudência, a falta de atenção pode provocar as ocorrências. "É um conjunto de fatores. Não existe uma causa isolada, mas temos causas proeminentes. O trânsito é um ecossistema. Todos os envolvidos contribuem ativamente para os acidentes, mas, também para evitá-los. Todos devem redobrar a atenção para que tenhamos um trânsito com maior segurança”.

O militar esclarece ainda que os motociclistas devem evitar transitar nos corredores de automóveis e se manter no centro da via. “Sabemos que a condução no corredor não é indicada, mas é comum. Também é importante sempre sinalizar as conversões, acatar limite de velocidade da via e, claro, manter sempre a manutenção do veículo em dia”.

Os objetos que tiram a atenção do condutor também devem ser evitados. “Não apenas para motociclistas, mas para todos os condutores de veículos. Não usar telefone, evitar utilização de qualquer tipo de mídia, ter foco no trânsito, pois muitos problemas podem surgir.”. 

Por fim, o tenente frisou que a maioria dos acidentes envolvendo motos são graves, resultando em sequelas ou óbito das vítimas. Em razão disso, é necessário utilizar capacete e outros equipamentos de segurança. “Todos os acidentes, normalmente, são mais graves. O motociclista não tem a proteção. A maioria resulta em lesões graves e possíveis sequelas. Mesmo que não tenha óbito, normalmente tem sequelas”. 

CASOS
Em janeiro deste ano, um
motociclista de 35 anos morreu após ser atropelado por um ônibus, próximo ao Terminal Santa Luzia, em Uberlândia. No momento do resgate, a vítima estava com trauma abdominal com evisceração. O Corpo de Bombeiros tentou reanimar o homem, mas ele não resistiu e morreu no local. 

No mês seguinte, no bairro Minas Gerais, um motociclista de 40 anos ficou gravemente ferido ao colidir com um caminhão e ser arrastado pela avenida José Andraus Gassani. Na mesma época, um idoso de 60 anos foi socorrido em estado grave após bater a moto em que dirigia contra uma árvore, no bairro Tabajaras.

No início do mês de março, uma pessoa morreu e outras duas ficaram feridas na MGC-497, em Uberlândia. Segundo informações do Corpo de Bombeiros, duas motocicletas bateram próximo ao bairro Residencial Pequis.

Ainda em março, um jovem de 23 anos, que estava na garupa de uma moto, morreu depois de uma colisão com um veículo do transporte coletivo. O condutor da motocicleta estava embriagado e foi preso.  

Em abril, um motociclista morreu após atropelar um cachorro na avenida Juscelino Kubitscheck, no bairro Dona Zulmira. Devido ao impacto, a vítima caiu do veículo já inconsciente. Quando a equipe de socorristas chegou, o homem já estava sem vida.

RESPONSABILIDADES
Segundo o advogado especialista em trânsito, Hélio Thomaz, há cinco anos, o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) acompanha os casos de acidente de trânsito para aplicar as devidas responsabilidades aos envolvidos, caso alguma vítima fique afastada do trabalho. 

“Antes, quando tinha um acidente e o motociclista ficava afastado, o INSS simplesmente pagava. Hoje, ele investiga, pede cópia do Boletim de Ocorrência, investiga de quem foi a culpa. Se for de um carro que atravessou um pare, por exemplo, o INSS está entrando com ação de cobrança contra o condutor do veículo porque ele burlou a regra e causou o prejuízo. Já tem uns cinco anos que ele acompanha esses casos”.

Ainda de acordo com Hélio, todos são responsáveis pelo funcionamento de um trânsito mais seguro. “A gente tem vários envolvidos referente ao trânsito. Os condutores, pedestres e ciclistas são os responsáveis pela segurança. Além disso, tem o engenheiro da via, o gestor público para manter e preservar a via, sinalizar adequadamente, o pavimento adequado para circulação. Todos os envolvidos têm consciência do potencial lesivo no trânsito”, ressaltou. 

Para o advogado, a única forma de diminuir os números de acidentes está na educação diária das pessoas, que começa com as crianças na escolas. “Uberlândia tem um faturamento de R$ 7 milhões em multas de trânsito por ano. Em um dos primeiros artigos do Código de trânsito, fala que o princípio é levar a vida e educar. Tem que falar de trânsito todo dia. É preciso que haja melhor fiscalização, mas também educação”, finalizou.


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