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28/04/2023 às 11h35min - Atualizada em 28/04/2023 às 11h35min

Servidores do sistema prisional de Uberlândia serão investigados por facilitarem entrada de celulares em unidades

Investigações apontam que havia acordo entre servidores públicos e presidiários, com pagamento de propina

IGOR MARTINS I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Servidores estariam ludibriando o sistema de segurança para facilitar a entrada de celulares nas unidades prisionais I Foto: Gessione Serrati
Três servidores do sistema prisional de Uberlândia, incluindo policiais penais e trabalhadores administrativos e técnicos, serão investigados por facilitarem a entrada de aparelhos celulares no Presídio Jacy de Assis e na Penitenciária João Pimenta da Veiga. A informação foi confirmada durante coletiva de imprensa realizada na manhã desta sexta-feira (28), a respeito do andamento da "Operação Celular Zero", deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

A operação cumpriu 11 mandados de busca e apreensão e realizou procedimentos de fiscalização em celas das unidades prisionais de Uberlândia, além do presídio de Uberaba. A ação tem 
como objetivo a apuração e repressão qualificada contra uma organização criminosa envolvida com tráfico de drogas, corrupção, lavagem de capitais e o ingresso de aparelhos celulares dentro das unidades. Ao todo, 75 agentes de segurança pública participaram da ação policial, incluindo agentes da Polícia Militar (PM), Polícia Civil (PC) e Polícia Penal de Minas Gerais. 

De acordo com as investigações, o esquema aponta a existência de uma associação de pessoas devidamente organizadas e hierarquicamente estruturadas voltada a práticas criminosas em Uberlândia e região, envolvendo presos, servidores públicos e pessoas em liberdade. Os suspeitos devem responder por organização criminosa, corrupção ativa e passiva, tráfico e associação para o tráfico ilícito de entorpecentes, bem como favorecimento real, introdução de aparelho celular e lavagem de capitais.

Conforme relatado pelo diretor regional da 9ª Região da Polícia Penal, Marcos Vinícius de Oliveira Silva, há
 evidências de acordo entre servidores públicos e presidiários, e indícios de associação criminosa de servidores do sistema prisional com indivíduos membros de uma facção criminiosa. A operação é desenvolvida há pelo menos um ano, e começou a partir de investigações realizadas no interior das unidades prisionais, com informações de inteligência. O diretor confirmou que houve a apreensão de bilhetes e cartas, além de um aparelho celular.
 

"O que foi apurado até o momento é que havia uma facilitação de entrada de celulares mediante o pagamento de propina para esse servidor. Valendo de seus cargos e suas funções, eles estariam supostamente ludibriando o sistema de segurança, aproveitando de suas funções de atendimento para poder facilitar a entrada de celulares nas unidades. Eles foram identificados e haverá investigação criminal e o prosseguimento do processo disciplinar administrativo. São três servidores, dois estão ativos e um foi desligado no começo do ano. Eles vão responder por corrupção ativa e passiva. O objetivo da operação é o combate à corrupção no interior das unidades prisionais, e o nosso objetivo é extirpar esses servidores que estão se corrompendo", disse Silva, que afirmou ainda que os servidores continuarão atuando normalmente nas unidades até o andamento das investigações.


REPRESSÃO
O delegado-chefe da Polícia Civil, Marcos Tadeu de Brito Brandão, também falou sobre o trabalho realizado na manhã desta sexta-feira. Segundo ele, o objetivo da operação não era a prisão de indivíduos, mas reunir provas e elementos para dar continuidade às investigações futuras nas unidades prisionais de Uberlândia e região.

De acordo com Brandão, a Celular Zero busca desarticular uma facção que atua em Uberlândia e coibir possíveis brechas para outras organizações criminosas assumirem o controle na cidade. "A Polícia Penal atua incisivamente não permitindo a entrada de aparelhos celulares nas unidades, mas há opções de cartas e bilhetes. O nosso objetivo é desarticular esse tipo de canal de comunicação e minar essas organizações criminosas. Estamos trabalhando no combate à macrocriminalidade", explicou.

Quando fala sobre macrocriminalidade, Marcos Tadeu explica que a força-tarefa realizada entre Gaeco e as polícias atua no combate ao tráfico de entorpecentes, corrupção ativa e passiva, favorecimento pessoal e até mesmo lavagem de capitais. "Na nossa região, existe uma facção predominante. Estamos combatendo e tendo cuidado para não deixar espaço para outra facção tomar o local. Se o berço de uma facção foi o Triângulo Mineiro, hoje aqui para eles está sendo o fim da linha", disse.


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