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13/04/2023 às 11h40min - Atualizada em 13/04/2023 às 11h40min

Escolas particulares de Uberlândia adotam medidas para reforçar segurança

Instituições estão otimizando vigilância e aprimorando procedimentos de prevenção à violência

IGOR MARTINS I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Instituições de ensino particular têm investido em mais vigilância I Foto: PIXABAY
Instituições privadas de ensino de Uberlândia se reuniram, nesta terça-feira (11), para debater medidas para aumentar a segurança nas escolas da cidade. O encontro foi mediado pelo Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe), que começou a elaborar um plano de enfrentamento à violência no ambiente escolar.
 
De acordo com a presidente do sindicato, Átila Rodrigues, a reunião com as escolas filiadas aconteceu após o anúncio de medidas pela 9ª Região de Polícia Militar (RPM), que também se reuniu com autoridades da Educação e Segurança Pública para prevenir possíveis ataques dentro de instituições de ensino no município.
 
Ao Diário, Átila confirmou que o Sinepe não foi convidado para a reunião com a Polícia Militar. Apesar disso, o sindicato deve formalizar um documento solicitando orientações às escolas particulares de Uberlândia. A partir dos próximos dias, as instituições privadas devem reforçar os cuidados e conscientizar os pais de alunos matriculados.
 
“Nós estamos acobertados pelas mesmas orientações proferidas pela Polícia Militar, que tem a competência da segurança pública. A escola particular, em sua representação, não foi convidada para a reunião, então nós não temos condições de falar as orientações no que diz respeito à segurança pública que podem influenciar as escolas particulares”, disse.
 
Segundo Átila, o Sinepe busca ampliar algumas formas de segurança. Uma empresa especializada em monitoramento foi contratada pelo sindicato para fazer análises nas instituições filiadas, para emitir possíveis pontos de melhoria e ajustes, visando aumentar a segurança no ambiente escolar.
 
“Nós pedimos uma assessoria de empresas de vigilância para trabalhar nisso, se existe alguma deficiência ou se há a necessidade e forma de aprimorar esse acompanhamento dos alunos. Algumas escolas que não são filiadas tomaram atitudes diferentes do que é a nossa deliberação”, analisou a presidente do Sinepe.


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SEGURANÇA ARMADA
Ao citar as atitudes tomadas por certas instituições privadas de Uberlândia, Átila Rodrigues fala sobre a questão da segurança armada nas escolas particulares, algo que vai na contramão do que acredita o sindicato. “A nossa deliberação é de não ter segurança armada na porta das escolas, muito menos no interior das escolas. Não é isso o que vai resolver o problema”, disse.
 
A sugestão defendida pela representante do Sindicato das Escolas Particulares é trabalhar a questão social e educacional. Para isso, a atuação dos pais é fundamental e deve ser encorajada pelas instituições nos próximos dias.
 
“A segurança armada e a detecção de metais não é uma política própria e específica da escola. Temos que educar para eliminar essas perversidades, essas condutas vêm do ambiente externo para o ambiente interno da escola. A sociedade precisa cobrar do Poder Público um incentivo maior na segurança pública como política de estado”, avaliou.
 
O tema, na visão de Átila Rodrigues, não é simples, e deve ser encarado com seriedade. A advogada também alertou aos pais sobre o combate às fake news e o maior controle do que as crianças, pré-adolescentes e adolescentes consomem na internet. No caso do ataque à creche de Blumenau (SC), o autor citou que o ato foi cometido devido a uma aposta de jogo, mas a perícia da Polícia Civil não encontrou indícios disso.
 
“A gente quer tranquilizar os pais e a sociedade e cobrar políticas efetivas contra as fake news e contra os jogos que os adolescentes têm acesso. Os pais precisam ser mais atuantes, acompanhar mais de perto o material que o aluno traz de fora para dentro da escola. É uma temática complicada. É uma questão de saúde pública ambiental, a sociedade é que está doente”, completou Átila.
 
DELIBERAÇÕES
O Diário procurou algumas escolas particulares de Uberlândia que já anunciaram novas medidas para aumentar a segurança de funcionários e alunos. Por meio de nota, o Colégio Nacional afirmou que vai enfatizar nos canais institucionais os procedimentos pedagógicos, bem como promover a orientação a todos os profissionais envolvidos no dia a dia da vida escolar para identificar e cuidar dos estudantes que atravessam momentos delicados.
 
“Também é preciso deixar claro que estamos sempre atentos aos nossos estudantes e a todos os seus acessos dentro da Instituição. Empregamos todos os possíveis quesitos de segurança: câmeras em pontos considerados chaves para a vigilância do ambiente, cuidado excelente no trato de nossos educadores de pátios e portaria com as crianças e jovens. Por isso, sistematicamente adotamos juntamente aos nossos colaboradores treinamento para um categórico cuidado com a nossa comunidade escolar”, diz o comunicado.
 
O Nacional demonstrou ainda preocupação com a saúde psicológica e emocional dos alunos e pediu para que os pais, além dos funcionários da instituição, estejam mais atentos a como se sentem os estudantes e que todos estejam presentes de forma concreta e significativa na vida das crianças e adolescentes.
 
O Colégio Gabarito também emitiu um comunicado a respeito dos recentes acontecimentos nas escolas do país. “Estamos otimizando a vigilância dos ambientes; oferecendo treinamentos de inspeções e emergências, bem como o aprimoramento das regras e procedimentos; ampliado recursos tecnológicos; garantindo, pontualmente, seguranças especializados em demandas específicas das unidades; efetivando mudanças na portaria e nos fluxos de entradas e saídas, o que requer colaboração, empatia e compreensão de todos”, afirmou em nota.
 
Em entrevista ao Diário, a diretora de uma das unidades do Gabarito, Tatiane Maciel, informou que a escola tem reforçado ações de proteção e cuidados com os alunos. Uma das medidas foi investir na contratação de uma empresa especializada para reforçar a segurança. A escola também adotou como hábito manter as portarias fechadas fora dos horários de entrada e saída de alunos, além de evitar o fluxo de terceiros dentro da unidade. As visitas guiadas para novas matrículas também foram suspensas temporariamente.
 
A diretora também destacou um trabalho que tem sido realizado com pais e alunos a fim de trabalhar aspectos emocionais dentro da comunidade escolar. “Estamos trabalhando o cuidado socioemocional, orientando os alunos para não propagarem fake news, convidando os estudantes para formar uma corrente do bem pela cultura da paz, com desenvolvimento de aspectos como serenidade, empatia e autocuidado”, destacou Tatiane.
 
ENSINO INFANTIL
Outra escola que já anunciou medidas para proteger a instituição foi a Vila Camaleão, especializada em ensino infantil. Uma das orientações para os pais é observar a movimentação da rua antes de descer do carro e acionar o interfone. Ao menor sinal de movimentação estranha de pedestres ou motoqueiros, a recomendação é acionar prontamente a Polícia Militar.
 
Ao deixar o filho na escola, os pais devem fechar o portão imediatamente, prevenindo a entrada de pessoas desconhecidas. Na hora de buscar, a recomendação é chegar em um horário específico, evitando esperas na rua.
 
“A Vila Camaleão também está orientando seus profissionais para redobrar a atenção no abrir e fechar dos portões, visando garantir ao máximo a segurança de todos. Para a adoção de outros mecanismos de segurança, recebemos algumas sugestões de famílias de nossa comunidade, e também temos algumas propostas”, informou a escola.
 
ESCOLAS PÚBLICAS
Nesta quarta (12), foram anunciadas novas medidas de segurança nas escolas públicas estaduais de Minas Gerais. Uma das ações imediatas será um maior controle de entrada nessas instituições, que passarão a exigir identificação e autorização de pessoas nas portarias.
 
Em Uberlândia, o tema da segurança escolar ficou mais forte após uma reunião promovida pela 9ª Região Polícia Militar e autoridades da área da Educação e Segurança Pública. O objetivo é elaborar um plano de enfrentamento à violência nestes ambientes.
 
Participaram do encontro os secretários municipais de Educação, Tânia Toledo, e de Segurança Integrada, Sargento Ednaldo, a superintendente Regional de Ensino, a superintendente Regional de Ensino, Onília Maria de Oliveira Borges, e o comandante da 9ª Região da Polícia Militar, Coronel Fernando Reis.
 
O Diário entrou em contato com a Prefeitura de Uberlândia para saber se já existe algum planejamento de medidas imediatas de segurança nas escolas municipais, bem como um protocolo de ações que também possa ser compartilhado com outras instituições de ensino. 

Por meio de nota, o Município informou que, embora tenham sido intensificadas nas últimas semanas, fazem parte do dia a dia da Rede Municipal de Ensino as ações em prol da segurança nas escolas e por um ambiente de comunicação não-violenta e estímulo às boas práticas nas relações interpessoais. 

Esclareceu ainda que as ações incluem a realização de atividades promovidas por meio do Grupo Multidisciplinar de Atendimento Escolar (Gumae), que envolve psicólogos e assistentes sociais. A Secretaria de Educação informou que tem buscado fortalecer ainda mais a comunicação dentro da comunidade escolar, reforçando a troca de informações entre alunos, profissionais, pais e responsáveis, e trabalha junto aos órgãos de segurança para definição de um plano de enfrentamento à violência que possa ser aplicado de maneira prática e imediata.

Salienta ainda que conta com o apoio da Polícia Militar, que já reforçou o patrulhamento nas unidades de ensino e criou a rede de proteção para as escolas, estreitando a comunicação entre diretores e o órgão.

 
A produção também fez contato com a Polícia Militar apontando os questionamentos feitos pelo Sinepe a respeito da ausência de representantes de escolas particulares na reunião realizada nesta semana. Até a publicação desta matéria, a PM não havia retornado a solicitação.


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