Queda nas doações afeta auxílio a pessoas em situação de rua, em Uberlândia; veja como ajudar

Segundo representante do Fórum, parte das pessoas que vivem nas ruas são usuárias de drogas | Foto: Agência Brasil

Atualmente, a cidade de Uberlândia tem cerca de 1,2 mil pessoas que vivem nas ruas, conforme aponta o Fórum Permanente das Pessoas em Situação de Rua. Para ajudar essa população, grupos e instituições distribuem refeições e cestas básicas diariamente. Contudo, desde o início da pandemia, o número de doações de mantimentos caiu significativamente, afetando o trabalho das organizações assistenciais. 

De acordo com o representante do Fórum, Jack Albernaz, que também administra a Casa Santa Gemma, instituição referência no acolhimento de pessoas em situação de rua, desde o ano passado, as doações tiveram uma queda de quase 30%. 
 

“Hoje temos pouquíssimas ações de instituições públicas e privadas, e os grupos estão se virando para atender as famílias e pessoas em situação de rua. Do meio de 2021 para 2022, foi uma queda de, pelo menos, 50%. E do ano passado para esse ano, que aos poucos está voltando ao normal, diminuiu  30%”.

Para continuar oferecendo o serviço social, as entidades realizam diversas ações e buscam por pessoas que consigam doar cestas básicas e itens de higiene pessoal. “Sempre fazemos campanha e batemos de porta em porta para alcançar o mínimo de cestas básicas, que muitas vezes precisam ser divididas entre várias famílias”, disse Jack.

Os interessados em ajudar e realizar doações, ou ser um voluntário dos grupos, podem entrar em contato pelo número (34) 9 9971-7810. “O objetivo é um só, de ajudar as pessoas que estão passando fome, na rua. É um objetivo dos 30 grupos que fazem assistência social”, finalizou Albernaz.

PERFIL
A quantidade de pessoas em situação de rua, apurada pelo Fórum Permanente das Pessoas em Situação de Rua, leva em consideração a média de pessoas atendidas durante a distribuição de refeições, que acontece em seis dias da semana.

Segundo Jack Albernaz, parte delas estão de passagem pela cidade e outras são usuários de entorpecentes e estrangeiros que vieram para Uberlândia. “É uma população composta, principalmente, por pessoas que estão no trecho, viajando de uma cidade para outra. Além disso, tem os usuários de drogas que saem de casa para pedir dinheiro e os imigrantes que estão no semáforo, como indígenas e venezuelanos. ”.

Conforme dito pelo representante do Fórum, o local com maior concentração de pessoas em situação de rua é a praça da Bíblia, na Rodoviária de Uberlândia. 

CONSULTÓRIO DE RUA
No ano de 2021, a Prefeitura de Uberlândia reabilitou o programa “Consultório na Rua”, voltado ao atendimento assistencial à população em situação de rua na cidade, que havia sido desativado em 2020.

O projeto itinerante contava com recursos do Governo Federal. Na época, o Ministério da Saúde (MS) disse que o Município havia deixado de prestar contas em relação ao programa e, por esse motivo, parou de receber a verba destinada para as equipes.

O Ministério da Saúde confirmou ainda que, em novembro de 2019, a Administração deixou de registrar informações da equipe no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES). Com isso, segundo o MS, a cidade deixou de receber recursos financeiros referentes à equipe do Consultório na Rua. 

No início de 2021, o Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação civil pública para a volta dos atendimentos ao público. Em fevereiro do mesmo ano, a Prefeitura e o MPF assinaram o acordo para a volta da execução das atividades em um prazo de seis meses.

De acordo com a Prefeitura, somente em 2022, o programa realizou 618 atendimentos a moradores de rua. Ainda segundo o Município, 5.097 procedimentos foram contabilizados no último ano.