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14/12/2022 às 18h16min - Atualizada em 14/12/2022 às 18h16min

HC-UFU atendeu mais de 110 pacientes com câncer de pele nos últimos meses

De janeiro a agosto, 112 pessoas foram internadas na unidade; “Dezembro Laranja” alerta para a prevenção da doença

IGOR MARTINS | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Proteção solar e uso de roupas adequadas ajuda a prevenir casos da enfermidade | Foto: Arquivo Pessoal

Marcado pela chegada da estação mais quente do ano, o mês de dezembro requer atenção e cuidados redobrados com a pele devido à maior incidência dos raios solares. Criada em 1999, a campanha “Dezembro Laranja” busca conscientizar a população sobre o câncer de pele, doença que gerou 117 atendimentos de janeiro a agosto de 2022 apenas no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU).

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), órgão ligado ao Ministério da Saúde, o câncer de pele é o mais frequente no Brasil e no mundo, e corresponde a 27% de todos os tumores malignos do país. A estimativa é de que 185 mil casos da doença sejam registrados em território nacional em 2022.

Segundo dados do HC-UFU, 112 pessoas com câncer de pele foram internadas nos primeiros oito meses do ano. Do total, 17 estavam com melanoma maligno da pele e outras 95 estavam com o tipo não melanoma. Já no pronto-socorro, foram dois atendimentos de pacientes com melanoma maligno da pele e três não melanoma.

No mesmo período de 2021, o número de atendimentos na unidade foi um pouco maior, 132 pacientes diagnosticados com a doença foram atendidos no local. Do total, 121 foram internados e 11 receberam atendimento no pronto-socorro. 

Na visão da dermatologista Renata Janones, o câncer de pele é resultado do crescimento exagerado de um grupo de células na camada da pele, assim como acontece em outros tipos de neoplasia. Segundo ela, esse tipo de câncer tem incidência alta no Brasil, podendo ser desenvolvido em qualquer faixa etária, apesar de ser mais comum após os 40 anos.

“O câncer de pele é o mais comum entre os seres humanos. É mais comum do que o câncer de próstata e o câncer de mama. No Brasil a prevalência é alta, porque somos um povo miscigenado. É importante que as pessoas que se encaixem nos principais fatores de risco estejam atentas e tenham a rotina de ir ao dermatologista anualmente”, disse.

Em entrevista ao Diário, a professora da faculdade de medicina da UFU detalhou que existem dois tipos de câncer de pele. Um deles é do tipo “melanoma”, mais raro, mas também mais perigoso. A neoplasia tem risco de metástase e alto índice de mortalidade, mas quando diagnosticado e tratado logo no início, tem chance de cura acima de 90%.

O câncer de pele “não melanoma” é dividido entre “carcinoma basocelular” e “carcinoma espinocelular”, o mais comum. Conforme relatado pela dermatologista, ambos são menos perigosos e têm altas chances de cura quando tratados no início. Esse tipo de câncer acomete as regiões mais expostas no corpo humano, como o couro cabeludo, ombros, rosto e pescoço.

“O câncer melanoma tem maior risco de metástase e de levar a óbito. É um câncer mais grave e mais agressivo. O não melanoma é o mais frequente, que representa geralmente 90% dos casos. Quando eles são detectados precocemente e retirados, a chance de cura é alta, o que reforça a importância do diagnóstico precoce”, argumentou Renata Janones.

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CUIDADOS
Algumas pessoas têm mais chances de desenvolver o câncer de pele, de acordo com Renata. Além da exposição prolongada e repetida ao sol, principalmente na infância e na adolescência, outros fatores de risco são: ter pele e olhos claros, ser albino, ter vitiligo, ter histórico da doença na família e fazer tratamento com medicamentos imunossupressores.

O sinal de alerta deve ser ligado quando surgem manchas na pele que coçam, ardem, descamam ou sangram, e também em caso de feridas que não cicatrizam após meses. A preocupação deve ser ainda maior se a pessoa tiver mais de 40 anos.

“É bom ficar de olho em feridas que não cicatrizam e em feridas que ulceram e sangram. Se a pessoa tem feridas na face ou em áreas que foram muito expostas ao sol, como braços, pescoço e couro cabeludo, é um forte indício de câncer de pele. Se ela tiver um histórico de exposição ao sol, ela fica mais predisposta a desenvolver a doença”, contou Janones.

RECOMENDAÇÕES
Com a chegada do verão, algumas recomendações podem ser seguidas para evitar futuros problemas relacionados ao câncer de pele. O principal é o uso do protetor solar, mesmo quando está nublado, devendo ser usado nas atividades do dia a dia, e não apenas quando a pessoa vai a um local com exposição solar.

O ideal é aplicar o protetor solar pela manhã, com reaplicação por volta do horário do almoço. Em casos de maior exposição, a aplicação deve ser feita com mais frequência. O uso de chapéus de abas largas, camisetas e óculos escuros também é uma recomendação defendida pela dermatologista.

“Com relação à radiação solar, o ideal é a proteção solar. As roupas que cubram áreas expostas também precisam ser utilizadas, que cubram a maior parte da nuca. Lembrem sempre do pescoço também. A proteção solar é o que a gente tem para prevenir o câncer de pele”, disse a especialista.

Além disso, é preciso reforçar a importância de evitar a exposição ao sol nos períodos mais críticos, geralmente entre 10h e 16h, e realizar consultas dermatológicas com frequência. Segundo Renata Janones, há lesões que são o início do câncer de pele e que o paciente pode não perceber de imediato.

“Se a pessoa tem histórico de exposição solar, principalmente na infância e na adolescência, é recomendável que esses indivíduos procurem um médico dermatologista anualmente para que seja feita a avaliação, especialmente se tiver atingido mais de 40 anos. Muitas vezes, o câncer de pele não tem sintomas e pode ser silencioso”, alertou Renata.


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