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03/12/2022 às 13h00min - Atualizada em 03/12/2022 às 13h00min

Mortes e internações por coronavírus e síndrome respiratória grave têm queda de quase 90%, em Uberlândia

Em 2021, no pico da doença, cidade teve 2,4 mil vítimas, contra 286 neste ano; infectologista alerta sobre suscetibilidade de crianças ao vírus e reforça importância da imunização

IGOR MARTINS I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Taxa de hospitalização em 2022 é 89,9% menor do que a registrada em 2021 I Foto: VALTER DE PAULA/SECOM/PMU
Entre 2020 e 2021, Uberlândia viveu momentos difíceis devido à pandemia da covid-19. Segundo o boletim epidemiológico da Prefeitura, foram registrados mais de 3,1 mil mortes e quase 130 mil casos durante o período, sendo que 162 mil pacientes foram hospitalizados com algum sintoma da doença. Apesar do crescimento do número de notificações em 2022, os números revelam uma queda de quase 90% no índice de mortes e internações pela doença neste ano, assim como nos óbitos causados pela Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

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Em 2020, 42.829 pessoas foram contaminadas pelo vírus em Uberlândia, número que subiu para 86.623 em 2021. Em 2022, o índice de infecções até agosto foi de 95.556, um aumento de 10,3% em comparação ao ano passado. Mesmo com mais pacientes diagnosticados, o índice de óbitos causados pela covid-19 diminuiu em grande escala. Na visão do médico infectologista Marcelo Simão, a difusão da vacinação explica a queda.
 
“O número de casos aumentou, mas não houve grande impacto no número de mortes. Alguns estudos mostram que 40% de pacientes que são internados são pessoas não vacinadas. Precisamos voltar a fazer campanha para a vacina, ela é o que protege as pessoas. 20% da população brasileira não está totalmente vacinada. São 40 milhões de pessoas, é muita coisa”, disse o especialista.
 
Os dados do informe epidemiológico municipal apontam que 741 pessoas morreram por complicações da covid-19 em 2020, em Uberlândia. No ano passado, o vírus vitimou 2.450 pacientes. Já em 2022, foram 286 mortes computadas até agosto, uma queda acima de quase 90%. Os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), também provocados pelo coronavírus, também apresentaram queda nos índices. Em 2020, foram 888 mortes. Em 2021, 2.749 pessoas vieram a óbito pela SRAG. Já em 2022, esse número caiu para 319, o que equivale a uma diminuição de 88%.
 
A taxa de hospitalização também apresentou redução considerável em Uberlândia. Em 2022, 11.940 pacientes deram entrada em uma unidade de saúde relatando sintomas da covid-19. O número é 89,9% menor do que em 2021, quando 119.022 pessoas foram internadas em enfermarias ou Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). Em 2020, o índice registrado foi de 43.157 internações.
 
“Estamos começando uma nova onda, e embora a letalidade tenha aumentado nos últimos dias, não acredito que teremos um horror como tivemos. O perfil do hospitalizado hoje é de pessoas muito idosas, acima de 80 anos, com muitas comorbidades. São pessoas que têm diabetes, hipertensão e com problemas cardíacos. A hospitalização diminuiu acentuadamente, felizmente os jovens não estão adoecendo mais”, destacou o infectologista Marcelo Simão.
 
PÚBLICO INFANTIL
Em entrevista ao Diário, Simão mostrou preocupação com a suscetibilidade de bebês e crianças sendo contaminadas com a nova onda do coronavírus. Com a chegada da sublinhagem da variante ômicron, como a BQ.1, é importante reforçar a imunização dos pequenos. Entretanto, a disponibilidade de imunizantes é o principal desafio encontrado pelas autoridades de saúde.
 
Um levantamento do Observa Infância mostrou que a covid-19 pode ser letal em crianças, sobretudo entre as não vacinadas. Desde o início da pandemia, a doença matou ao menos duas crianças menores de 5 anos por dia no Brasil. Entre 2020 e 2021, 1.439 meninas e meninos nessa faixa etária morreram pela doença no país, com a maior concentração dos óbitos no Nordeste. Na data dos dados computados, a vacinação não estava autorizada a este público no país.


 
Outro estudo recente divulgado pelo Instituto Butantan mostra que crianças não vacinadas são o grupo mais vulnerável à covid-19. O panorama está atrelado à baixa cobertura vacinal e se deve também à alta mortalidade deste público pela doença. Nesta semana, o Diário noticiou que o Município de Uberlândia
já vacinou 500 crianças de seis meses a dois anos.
 
Segundo a coordenadora do Programa de Imunização em Uberlândia, Cláubia Oliveira, a procura tem sido positiva na cidade, mas o estoque de apenas 1.900 doses, para o público de 6 meses a 2 anos, repassado pelo Ministério da Saúde e pelo Governo do Estado de Minas é baixo. A estimativa é que a cidade tenha cerca de 21 mil bebês e crianças a serem imunizados. “Estamos satisfeitos com a adesão e insatisfeitos com a quantidade disponível”, disse.
 
Na visão do médico Marcelo Simão, o contingente de vacinas entregues a Uberlândia é uma atrocidade do órgão ministerial. O problema, de acordo com o infectologista, precisa ser sanado rapidamente pelo novo governo que assume em janeiro. Caso contrário, as crianças estarão cada vez mais suscetíveis ao coronavírus.
 
“Não tem vacina para as crianças. O Ministério da Saúde está totalmente desmantelado. Muita gente acha que criança não morre de covid, mas morre. A necessidade é urgente. Como pode uma cidade com 700 mil habitantes receber 1,9 mil doses? Todas elas têm o direito de ser imunizadas. Tem que entrar um novo ministro que tenha força de vontade. Vão ter que agir rápido para fazer as coisas acontecerem”, relatou Simão.

Segundo o Vacinômetro da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), 73.240 crianças de 3 a 11 anos foram imunizadas em Uberlândia. Dessas, 53.298 receberam a primeira dose do imunizante e 35.567 receberam a segunda dose.
 
CUIDADOS
A aproximação da BQ.1 ligou o alerta de especialistas de saúde nos últimos dias. O uso de máscaras
voltou a ser obrigatório no Aeroporto de Uberlândia após uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que vale para todos os aeroportos do país. A medida é encorajada por Marcelo Simão, que defende a utilização do equipamento de proteção em locais fechados.
 
 “Em ambientes fechados, o uso da máscara é recomendado. É uma medida simples que te garante proteção. Não tem porque ficar preocupado em locais abertos. É uma boa medida, mas não acho que voltará a ser obrigatório, mas sim uma recomendação. Quem quiser usa, quem não quiser não usa”, explicou.


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