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18/11/2022 às 08h40min - Atualizada em 18/11/2022 às 11h35min

Quatro pessoas são presas durante operação que investiga envolvidos com jogo do bicho e lavagem de dinheiro

Segunda fase da força-tarefa "Lavanderia dos Sonhos" foi deflagrada nesta sexta (18)

REDAÇÃO I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Autoridades deram mais detalhes nesta sexta sobre esquema criminoso I Foto: IGOR MARTINS

Quatro pessoas foram presas nesta sexta (18) durante a segunda fase da operação "Lavanderia dos Sonhos", realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) com o apoio da Polícia Civil, Polícia Militar e a Superintendência da Receita Estadual de Uberlândia. Os mandados de prisão preventiva, além de outras nove ordens de busca e apreensão foram cumpridos em Uberlândia e Monte Alegre de Minas. A força-tarefa tem como alvo uma organização criminosa envolvida com lavagem de dinheiro e exploração do jogo do bicho.

Em entrevista coletiva, o delegado-chefe da Polícia Civil, Marcos Tadeu de Brito Brandão, informou que a operação contou com a participação de 25 policiais militares, 20 policiais civis, dois delegados, dois promotores de Justiça e agentes da Secretaria de Fazenda. O delegado explicou que a segunda fase da força-tarefa só foi possível devido à continuidade das investigações, fruto de elementos colhidos com as prisões e apreensões realizadas na primeira fase da ação.

"Nós estamos trabalhando efetivamente na prevenção de crimes que poderiam vir a acontecer em decorrência das ações envolvendo essa organização criminosa. Na primeira fase, efetuamos diversas prisões e cumprimentos de mandados. Os elementos colhidos e as prisões permitiram que essa organização se reestruturasse. Pessoas que estavam em um segundo escalão ascenderam dentro do esquema. Assim, ficou claro que as pessoas mantiveram a rotina delituosa. Não estamos tratando com amadores", disse.

Dentre um dos envolvidos na organização criminosa, está uma contadora, que foi presa durante o cumprimento dos mandados na manhã desta sexta. De acordo com o delegado, a investigada tinha o domínio naquilo que era sua competência dentro da organização criminosa. "Ela pode falar que está fazendo o trabalho, declarações de Imposto de Renda (IR), mas nós temos elementos de que ela teria participação efetiva na organização criminosa, especificamente na lavagem de capitais, dissimulação do ganho ilícito e não deixar brechas para o Fisco", argumentou Marcos Tadeu.

O chefe da Polícia Civil reiterou ainda que o trabalho investigativo não chegou ao fim. "Seria ilusão falar que acabamos com a organização. Continuaremos o trabalho. A ponta do iceberg é a contravenção penal que seria o jogo do bicho. Essa ponta escondia os crimes de sonegação fiscal, crimes tributários organização e criminosa envolvida em homicídios. Se nós não tivéssemos tomado as atitudes, amanhã teríamos briga entre rivais disputando a região, e nunca permitiremos que isso aconteça", enfatizou.

De acordo com o Gaeco, a ação policial é resultado de uma investigação duradoura, conduzida há mais de um ano, que resultou na identificação de uma organização criminosa estruturada voltada para a prática de infrações penais. Foi apurado que o esquema se utilizava de inúmeros imóveis para a exploração do jogo de azar e do bicho, assim como de vários escritórios para a contabilidade do produto da infração, possuindo uma rede de comparsas que integravam o grupo com funções bem definidas.

ALERTA
Durante a coletiva de imprensa, o coronel Fernando Reis, da Polícia Militar, disse que a operação é mais um prova da integração entre as forças de segurança de Minas Gerais, que cumpriu os mandados em sua totalidade de maneira sincronizada. De acordo com o militar, as investigações policiais permitiram que a força-tarefa descubrisse outros tipos de crime cometidos pela organização criminosa.

"Nós temos a exploração do jogo do bicho, mas por trás disso há outros crimes que foram mencionados, como a lavagem de dinheiro e crimes graves como homicídios. Por isso, justifica-se o enfrentamento duro e a estruturação dos órgãos para identificar as pessoas envolvidas na organização criminosa e debelar esses crimes", disse.

O coronel ressaltou ainda a importância de tomar cuidados com jogos de azar e do bicho. "O usuário de drogas alimenta toda uma cadeia do tráfico, de mortes que acontecem em relação a esse tipo de crime. O jogo do bicho não é diferente, temos identificado crimes graves e da mesma forma, a pessoa que vai fazer o jogo do bicho contribui para uma malha de pessoas que cometem crimes graves", explicou.

ENTENDA
A primeira fase da operação Lavanderia dos Sonhos foi deflagrada pelo Gaeco no início de outubro. Na ocasião, as investigações apontaram para uma associação familiar organizada em Uberlândia, composta por lavagem de capitais, que fomentava o jogo do bicho na cidade. Segundo o promotor de Justiça Thiago Ferraz, a família atuava com o crime há pelo menos três gerações na cidade.

"Essa organização era muito bem arquitetada e organizada. Ela se dividia nas funções do jogo do bicho, ostentavam alto poder aquisitivo, com bens de luxo e imóveis em condomínios", disse o promotor.

Durante a primeira fase, 12 mandados de prisão foram cumpridos em imóveis de Uberlândia e Araguari e nos pontos do jogo do bicho. Em esclarecimento à imprensa, o promotor afirmou que as investigações começaram após o registro de dois crimes em Araguari, envolvendo um homicídio consumado e uma tentativa de homicídio.

* Texto atualizado às 11h35 para complemento de informações.

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