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05/11/2022 às 14h00min - Atualizada em 05/11/2022 às 14h00min

Fintechs e agtechs representam mais de 20% das startups de Uberlândia

Uberlândia é a segunda cidade de MG com maior número de empresas de base tecnológica

IGOR MARTINS | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Criada em 2015 por Eduardo Rezende, a Agro Solutions atende clientes de todo o país | Foto: Arquivo pessoal

Dados do Sistema Mineiro de Inovação (Simi) apontam que as fintechs e agtechs representam mais de 20% das startups de Uberlândia. Ao todo, a cidade tem 106 empreendimentos cadastrados, sendo a segunda de Minas Gerais com o maior número de empresas de base tecnológica. O município só fica atrás da capital Belo Horizonte, que contabiliza 607 organizações voltadas para o ecossistema de inovação.

Ainda de acordo com o Simi, as fintechs representam 13,3% do total de startups cadastradas, e as empresas do setor de agronegócio, conhecidas como agtechs, traduzem 10% da fatia do mercado da cidade. Completam a lista ainda negócios de desenvolvimento de software (10%) e organizações voltadas para a saúde e bem-estar (6,7%).

Diretor da Agro Solutions, Eduardo Rezende deu início ao próprio negócio há sete anos. A empresa é uma startup de tecnologia da informação focada no produtor rural, oferecendo soluções em gestão e controle de custos de produção completa para o agronegócio. O processo começou em 2015 por um processo de incubação residente no Centro de Incubação de Atividades Empreendedoras (CIAEM), da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

Nascido em Araxá, Rezende conta que a ideia surgiu da vontade de ajudar os pais, trabalhadores do setor agro. Depois de passagens por São Paulo, Rio de Janeiro e uma experiência no exterior, o projeto amadureceu e o centro de incubação foi a porta de entrada para a startup, que hoje atende diversos estados do Brasil.

“Atendemos muitos produtores rurais de todo o país, de Rondônia até o Rio Grande do Sul. A gente tem um projeto de internacionalização, porque entendemos que o Brasil é uma referência no agro, sendo um facilitador de portas para a América Latina. Já fizemos reuniões e quem sabe não atendemos o Uruguai, Chile, Peru ou até mesmo Portugal?”, comentou.

Com relação ao crescimento de startups em Uberlândia, Eduardo Rezende explica que a implementação do sistema de Microempreendedor Individual (MEI) aumentou a vontade da população brasileira em empreender, algo que não existia no passado. Apesar disso, o profissional pensa que não basta apenas querer abrir um negócio. Tudo deve ser feito com calma e maturidade, como foi no seu caso.

“Vejo muito estudante saindo da faculdade e abrindo empresa achando que vai dar certo. O processo da Agro Solutions começou em 2015 e foi apenas em 2017 que começou. Tivemos consultoria de profissionais da Faculdade de Gestão e Negócios (Fagen), assessoria contábil e jurídica e foi muito interessante”, relatou o mineiro.

GO DOCTOR

Se engana quem pensa que só é possível inovar nas áreas de finanças e agronegócio. A medicina do trabalho foi o segmento que Ricardo Figueiredo optou para facilitar a vida de trabalhadores, gerando oportunidade de emprego para médicos e profissionais da área da saúde.

Em entrevista ao Diário, Figueiredo contou um pouco sobre sua história. Ele começou a trabalhar aos 15 anos de idade como frentista em um posto de combustíveis, atuou como corretor de imóveis, mas foi no setor de bancos em que construiu a maior parte de sua carreira.

Em 2016, ele recebeu a notícia de seu desligamento do cargo de superintendente regional de um banco de Uberlândia. Foi aí que ele resolveu deixar a vida de funcionário e empreender. Paralelamente à sua carreira, Ricardo tinha um negócio familiar voltado para a medicina do trabalho, o que o ajudou a criar a plataforma “GoDoctor”.

“Atuando nessa empresa de medicina do trabalho, eu percebi que muitos médicos ligavam na clínica pedindo oportunidade de emprego. A clínica é pequena, mas tinha muita gente querendo trabalhar. A maioria dos médicos recém-formados utilizavam esse segmento da medicina para atuar como primeira oportunidade, porque a medicina do trabalho não exige nenhum tipo de especialização”, detalhou o empreendedor.

A partir desse momento, Ricardo Figueiredo teve a ideia de desburocratizar o processo de exames admissionais e demissionais. Ele afirmou que se inspirou no modelo de negócios do Uber, empresa de tecnologia que opera uma plataforma de mobilidade. Se de um lado há pessoas procurando um táxi e do outro há pessoas com carros disponíveis para realizar o serviço, por que não utilizar esse formato na medicina?

“Você como funcionário deve ter vivido isso. Foi contratado por uma empresa, que te entregou uma guia de encaminhamentos. Você pegou seu carro e foi até uma clínica, perdeu tempo de deslocamento, pegou uma senha, preencheu um formulário e ficou aguardando por duas ou três horas, para fazer um exame de cinco minutos. A empresa perde tempo e eficiência nesse processo, e você perde muito tempo”, falou.

A ideia da startup criada por Figueiredo funciona da seguinte forma: o médico entra na plataforma gratuitamente e disponibiliza horários. Do outro lado, as empresas que contratam um funcionário selecionam esse médico. O trunfo da empresa é justamente esse: conectar o trabalhador com o médico de forma rápida, diminuindo o tempo de contratação do trabalhador.

“A solução é destruidora. A empresa entra na plataforma, coloca todos os dados do funcionário, faz o pagamento e o agendamento na hora. Naquele dia, naquele horário, o médico vai até a empresa, faz o procedimento e entrega o exame para quem está contratando. Um processo que demora horas, vai ser resolvido em cinco minutos”, contou o empresário.

Com a evolução do negócio, a GoDoctor atende em Uberlândia, Uberaba, Prata e Ribeirão Preto. Agora, Figueiredo busca por investimentos para ter a capacidade de levar a plataforma para outros locais do país.

“Nós recebemos mensagens de médicos de vários locais do Brasil. Do Maranhão, de São Paulo, do Rio de Janeiro, e outros. Hoje, a startup é avaliada em R$ 4 milhões, e o investimento que precisamos para ter essa capilaridade de investimentos precisa ser algo de mais de R$ 1 milhão”, afirmou.

SOFTWARE

Outra startup que teve início em Uberlândia foi a Aimirim. No mercado desde 2010, a empresa foi fundada por pesquisadores da UFU e conta com 30 colaboradores. O principal objetivo da organização é aumentar a eficiência industrial pela transformação digital, desenvolvendo soluções que melhoram a qualidade de produção e reduz custos operacionais, além de diminuir também o impacto ambiental.

O diretor da Aimirim, Renato Pacheco Silva disse que a empresa também surgiu pelo CIAEM. A incubação começou em 2010 e o negócio foi para o mercado efetivamente no ano de 2016. Desde então, a startup tem registrado crescimento e evolução, atendendo até mesmo empresas globais.

“Uberlândia é um polo de formação de startups devido à capacidade de formação acadêmica. Temos uma grande universidade, que é a UFU. Se você olhar o mundo, não existe um sucesso global longe de um polo com uma grande universidade. Isso ajuda a ter acesso tecnológico e mão de obra de qualidade que te permite entrar no mercado”, disse.

Ainda de acordo com Silva, a Aimirim pretende estruturar suas operações para passar a atender cada vez mais empresas globais, internacionalizando a startup. Atualmente, o negócio atua na estratégia chamada de “bootstrap”, que funciona como um auto-financiamento. “Já tivemos várias propostas de investidores, mas ainda falta um pouco de qualidade na região nesse quesito”, argumentou.

MENTORIA
Uberlândia recebeu, nesta sexta-feira (4), a StartupON, iniciativa da Abstartups. O evento oferece mentorias gratuitas à startups em fases iniciais em todo o país. De acordo com a organização, a iniciativa conta com o apoio institucional da AWS, Ambev, Dell Technologies + Intel, Sebrae e SebraeLab e foi co-realizada pela comunidade UberHub.  

Ao longo de 71 edições, o StartupON já impactou mais de 11.000 pessoas. O encontro tem o intuito de gerar visibilidade para as comunidades de startups locais e expandir o conhecimento e networking entre os seus participantes. Por meio dele, a Abstartups pretende ampliar o público, focando em Líderes de Comunidade e Ecossistema, Empreendedores Early e Entusiastas/Curiosos e Startups em fases de Operação e Tração. 

A StartupON busca impulsionar um ecossistema que está em ebulição na cidade de Uberlândia. “O foco é mostrar aos fundadores de startups e pessoas que estão pensando em empreender que este é um celeiro ainda pouco explorado e que merece atenção do ecossistema. Nossa missão é direcionar empreendedores a uma jornada saudável e, claro, que ajude no desenvolvimento tecnológico de todo o Brasil”, disse Danilo Picucci, diretor de Ecossistemas & Comunidades da Abstartups.  

Durante todo o evento, os empreendedores tiveram acesso a palestras com empreendedores locais e de outras regiões do Brasil, acesso a pessoas de mercado dispostas a compartilhar conhecimento e interação entre os principais mentores da região.


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