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06/10/2022 às 10h25min - Atualizada em 06/10/2022 às 10h25min

Em Uberlândia, número de mortes por meningite em 2022 supera os últimos dois anos

Até agosto foram registrados 16 óbitos e 144 casos da doença na cidade, aponta SES-MG

IGOR MARTINS E SÍLVIO AZEVEDO | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Imunização pode ser garantida nas UAIs, UBS e UBSFs de Uberlândia | Foto: Agência Brasil

A cidade de Uberlândia já registrou 16 mortes por meningite em 2022, de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). O número contabilizado até agosto é maior do que o somado nos últimos dois anos. Em todo o ano de 2020, o município teve cinco óbitos pela doença, enquanto oito pessoas morreram em 2021.

A quantidade de casos da enfermidade também teve aumento na cidade neste ano. Até o momento, foram confirmados 144 casos, índice superior a todo o ano de 2020 (140 casos) e 2021 (90 casos). A situação acende um alerta para as autoridades de saúde do município, uma vez que a cobertura vacinal contra a doença tem caído ano após ano.

O aumento de casos de meningite não é sentido apenas em Uberlândia. Conforme divulgado pela SES-MG, o número de casos e mortes pela doença voltou a crescer no estado e já atingiu o maior patamar dos últimos dois anos, mesmo com registros ainda parciais. Entre janeiro e junho deste ano, foram registrados 465 casos em Minas Gerais. Em todo o ano de 2021, foram 459. Ou seja, a média mensal de 77,5 casos deste ano é quase o dobro dos 38 de 2021.

Ainda de acordo com o levantamento mais recente da secretaria, até junho deste ano foram 71 mortes em Minas. De janeiro a dezembro de 2021, foram 51. Entre os números do ano atual, o que chama a atenção são as 28 mortes causadas pelos tipos de meningite pneumocócica e meningocócica, que podem ser evitadas graças ao simples ato de se vacinar.

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IMUNIZAÇÃO
Em abril, o
Diário noticiou o recuo na taxa de imunização contra a meningite. O ideal preconizado pelo Ministério da Saúde é de 95%, mas o município apresentou quedas por dois anos consecutivos. Em 2019, a vacina meningocócica teve 105,42% de adesão pela população. O número caiu para 89,37% em 2020 e registrou queda ainda mais acentuada em 2021, quando a cobertura vacinal foi de 78,82%.

O Diário entrou em contato com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), da Prefeitura de Uberlândia, para saber os níveis de imunização da meningite na cidade até setembro deste ano, mas não obteve resposta.

“Temos que incentivar a vacinação. As mães e pais não devem deixar de levar as crianças para vacinar. Sem dúvida a vacinação é muito importante. Ela está disponível na rede pública e é uma dose só na vida”, disse o infectologista.

Em Uberlândia, é possível se vacinar em um dos 74 pontos de imunização. Para facilitar o acesso, as salas de vacinas nos ambulatórios das Unidades de Atendimento Integrado (UAI), exceto Morumbi e São Jorge, funcionam das 8h às 20h. Já nas Unidades Básicas de Saúde (UBS), é das 8h às 18h, sendo que as unidades dos bairros Brasil e Tocantins, devido ao Horário do Trabalhador, funcionam até as 20h. Nas Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSF), o atendimento é das 7h30 às 16h30.

Diversas vacinas do calendário do Sistema Único de Saúde (SUS) promovem a proteção contra meningites, são elas: Vacina BCG, a Tríplice Viral/Tetra Viral, a Pentavalente, Pneumocócica, Meningocócica C e Meningocócica ACWY.

A DOENÇA
A meningite é uma infecção das membranas que recobrem o cérebro, chamadas de meninges, que afeta toda a região e dificulta o transporte de oxigênio às células do corpo. A doença provoca sintomas como dor de cabeça e na nuca, rigidez no pescoço, febre e vômito.

Caso não seja diagnosticada e tratada com rapidez, a meningite pode evoluir rapidamente, em especial entre crianças e adolescentes, causando perda dos sentidos e gangrena dos pés, pernas, braços e mãos. Segundo o infectologista Marcelo Simões, vários agentes infecciosos causam a meningite. Geralmente, os quadros ocasionados por vírus são menos graves.

“As virais são benignas, autolimitadas. Dias depois o paciente sara espontaneamente. Há casos mais graves de meningite viral, mas são bem menos comuns. Já as bacterianas são sempre graves, com uma mortalidade alta se não for diagnosticada e tratada rapidamente”, disse.

As maiores preocupações são quando a doença surge em decorrência de bactérias ou fungos. Nestes casos, a taxa de morte fica na casa dos 20%. Além disso, dois a cada 10 sobreviventes têm de conviver com sequelas, a exemplo de surdez, paralisia ou amputação de membros.

A transmissão do meningococo, principal bactéria por trás da meningite, ocorre por meio de secreções respiratórias e da saliva, durante contato próximo com uma pessoa infectada. A boa notícia é que os agentes não são tão contagiosos quanto o vírus da gripe. O especialista aponta que contatos casuais ou breves dificilmente passam a meningite para frente. Entretanto, ambientes fechados e com aglomerações contribuem para a transmissão e potenciais surtos.

“A pessoa que teve contato com uma pessoa com meningite meningocócico tem que fazer profilaxia com antibiótico apropriado, em dose única pra ela não pegar, mas o ideal é que ela seja vacinada”.

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