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30/04/2022 às 15h00min - Atualizada em 30/04/2022 às 15h00min

Cobertura vacinal contra a meningite registra queda pelo segundo ano consecutivo em Uberlândia

Município obteve taxas de 89% em 2020 e 78% em 2021; infectologista faz alerta

IGOR MARTINS I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Índice ideal preconizado pelo Ministério da Saúde é de 95% I Foto: ARAÍPEDES LUZ/SECOM/PMU
A imunização contra a meningite em Uberlândia não atingiu a cobertura vacinal esperada em 2021. De acordo com dados da Superintendência Regional de Saúde (SRS), este é o segundo ano consecutivo em que o índice fica abaixo da meta na cidade. De acordo com um infectologista ouvido pelo Diário, a baixa adesão à vacinação é um sinal de alerta.

A taxa de imunização ideal para a doença preconizada pelo Ministério da Saúde é de 95%. Entretanto, o município teve dois recuos consecutivos nos dois últimos anos. Em 2019, a vacina meningocócica teve 105,42% de adesão pela população uberlandense. O número caiu para 89,37% em 2020 e registrou diminuição ainda mais acentuada em 2021, quando a cobertura vacinal foi de 78,82%.
 
A dose de reforço da vacina também contabilizou quedas consecutivas. No ano de 2019, o índice vacinal contabilizado foi de 95,90%, taxa que diminuiu para 87,17% no ano subsequente. Já no ano passado, segundo a SRS, a adesão foi de 77,48%. Na opinião do infectologista Claudison Bastos, a pandemia da covid-19 contribuiu para a diminuição da cobertura vacinal da meningite.
 
Segundo o especialista, a queda está atrelada às medidas sanitárias, que obrigaram as pessoas a ficarem mais em casa, além dos postos de saúde, que trabalharam com restrições durante o período pandêmico. Apesar da baixa cobertura vacinal, Bastos afirmou que não houve aumento significativo de casos de meningite a nível nacional.
 
“Sabemos que as vacinas meningocócicas fazem parte do calendário vacinal de crianças e em alguns casos específicos de adultos no Brasil. Mesmo com essas quedas da cobertura vacinal, a incidência de casos novos da doença não aumentou significativamente. Apesar disso, nós não devemos esperar que as coisas aconteçam para tomarmos uma atitude, precisamos ser proativos”, alertou.
 
Segundo informações da SRS, os números de meningite têm caído em Minas Gerais mesmo com a queda da cobertura vacinal não apenas em Uberlândia, mas em todo o estado. Em 2019, foram 1.003 casos da doença contabilizados, com 120 óbitos. Os índices caíram em 2020, com 516 notificações da enfermidade e 67 mortes. No ano passado, foram 443 pacientes diagnosticados e 48 vítimas. Em 2022, já foram registrados 116 casos e 17 mortes.
 
A VACINA
O infectologista Claudison Bastos esclarece que há dois tipos de vacinas disponíveis no calendário da criança no Programa Nacional de Imunização (PNI), incluindo a vacina meningocócica C e a vacina pneumocócica 10-valente. Além disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece a vacina meningocócica ACWY, que protege contra os meningococos dos sorogrupos A, C, W e Y.
 
A vacina do tipo C é destinada a crianças de três meses, cinco meses e um reforço aos 12 meses. Já a ACWY é voltada ao público adolescente, de 11 a 12 anos de idade. Neste ano, o Calendário Nacional de Vacinação também oferece gratuitamente, até julho, a vacina meningocócica C para crianças de até 10 anos, 11 meses e 29 dias que não tenham nenhuma dose do imunizante registrada no cartão de vacina.
 
O especialista ouvido pelo Diário explica que, apesar de a vacina ser a melhor forma de prevenção contra a meningite, há outros meios para que se evite a doença. “A utilização de máscaras de proteção é muito eficaz para evitar a transmissão, seja de covid-19, ou de infecções bacterianas, como é o caso da meningite”.
 
Segundo o médico, a transmissão da doença ocorre por meio de gotículas e secreções do nariz e da garganta, podendo também acontecer por via fecal-oral, através da ingestão de água e alimentos contaminados ou em contato com fezes. A enfermidade é mais comum em crianças e pode levar à morte.
 
As bactérias se alojam principalmente nas amídalas, causando dores de cabeça fortes, assim como febre, náuseas, enjoos e pescoço rígido. Segundo Claudison Bastos, a enfermidade acomete em sua maioria crianças e idosos, já que possuem imunidade mais baixa. Entretanto, ele alerta sobre a possibilidade de jovens e adultos também contraírem a doença.
 
“Alguns jovens se esquecem da doença e acham que estão bem de saúde, mas eles também podem ter infecções virais e bacterianas. Falta de cuidados, higiene precária e dentes mal cuidados são portas para várias infecções. Nós não podemos impedir que as bactérias cheguem até nós, mas podemos minimizar os riscos. Por isso, é importante ter o calendário vacinal completo”, disse.


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Por fim, o médico ressaltou a importância de procurar uma unidade de saúde em caso de suspeita de meningite. “Em qualquer suspeita de meningite é preciso realizar um exame específico. Geralmente, a meningite é combatida por meio de antibióticos. É uma doença que pode ser fatal. A importância da vacinação está aí, hoje nós temos muitos casos de doenças que foram erradicadas por causa da imunização. É uma proteção”, explicou Claudison Bastos.

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