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24/08/2022 às 15h01min - Atualizada em 24/08/2022 às 15h01min

Sindicato diz que vai representar contra a UFU e pedir cancelamento da primeira fase do vestibular

Diário conversou com candidatos que se sentiram prejudicados com a queda de energia durante realização do exame no último domingo (21)

IGOR MARTINS | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA

O Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe) informou que irá enviar uma representação ao Ministério Público Federal (MPF) solicitando o cancelamento da primeira fase do vestibular da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). O pedido será feito em razão da queda de energia no campus Santa Mônica e na Escola Municipal Domingos Pimentel de Ulhôa no último domingo (21), durante a aplicação da prova.

Representante do sindicato, Thomé Caires de Freitas Júnior afirmou que o documento será enviado ao órgão contendo reclamações e ponderações sobre o ocorrido. Em entrevista ao Diário, ele lamentou a queda de energia durante a prova da UFU e disse que o ideal a se fazer é cancelar a prova, prezando pela isonomia do concurso.

“O vestibular está contaminado e perdeu toda a credibilidade. Várias regras foram quebradas, o que tornou o processo desigual. São mais de 20 mil inscritos para o vestibular, e a grande concentração é no curso de medicina, com 10 mil, com apenas 60 vagas. Um ponto a mais em um concurso desses é fatal”, disse.

Thomé contou que entrou em contato com diversos estudantes de escolas particulares de Uberlândia que realizaram a primeira fase do certame no campus Santa Mônica. Os relatos, segundo ele, foram de caos após a queda de energia. Com o estresse, vários vestibulandos se sentiram prejudicados e esperam que a situação seja resolvida pela UFU.

“Acabou a isonomia do concurso. Os alunos continuaram a prova no escuro. Alguns fiscais mandaram os alunos pararem a prova e só retomarem depois de a energia voltar. Imagine isso, três horas paradas, no breu completo. A UFU não teve o controle de nada do que aconteceu, deixaram os alunos ligarem os celulares para avisarem os pais, ligarem as lanternas, olha só que absurdo”, afirmou o representante do Sinepe.

Após a finalização do horário de aplicação da primeira fase do certame, a UFU emitiu uma nota afirmando que os candidatos que se enquadram na situação citada por Thomé deverão se inscrever para realizar uma nova prova, sem a necessidade de pagamento de taxa. Conforme divulgado pela instituição de ensino, quem optar por realizar a prova terá a folha de respostas do dia 21 descartada.

Apesar disso, o Sinepe sugeriu à universidade que a prova seja cancelada e refeita por todos os candidatos no dia 8 de outubro, um dia antes da segunda fase do processo. “A sugestão é fazer a primeira fase no dia 8 e garantir a aplicação da segunda fase para todo mundo no dia 9. Depois eles corrigem quem passou da primeira para a segunda, dessa forma todo mundo faz a prova. A melhor situação no momento é cancelar a prova do último domingo”, detalhou.

“Não pode prosseguir com o concurso dessa forma, lamento. Não houve tratamento uniforme, não houve tratamento adequado, todo mundo ficou perdido. Os alunos ficaram na UFU na escuridão, comeram pela última vez no almoço. Não tem como aceitar essa atitude de a UFU querer jogar a sujeira para debaixo do tapete para resolver o problema”, finalizou Thomé Caires.

RELATOS
A estudante Letícia Alves Teixeira foi uma das prejudicadas com a queda de energia no campus Santa Mônica. Ela contou que estudou durante meses para fazer a prova, mas o ocorrido atrapalhou o seu rendimento durante a primeira fase do vestibular. Segundo ela, o processo começou às 13h45 e ela só conseguiu deixar a universidade perto das 21h.

Em seu relato à reportagem, Letícia explicou que a energia caiu por volta de 16h30. Conforme o tempo foi passando, fazer a prova em um ambiente escuro se tornou uma tarefa difícil. O maior problema, de acordo com a estudante, foi a quantidade de informações desencontradas dos fiscais e responsáveis pela aplicação.

“Muitas pessoas pediram para mudar de fileira, já que muita gente tinha ido embora, e isso não foi autorizado. Quando era 17h, eles decidiram que ia acrescentar mais tempo da prova, mas foi ficando muito escuro. Eles não conseguiram controlar a situação. Foi uma situação desesperadora, pessoas chorando e falando alto”, detalhou Letícia.

Com o estresse vivido devido à queda de energia, a vestibulanda espera que a prova da UFU seja cancelada e que todos aqueles que foram prejudicados possam realizá-la mais uma vez, sem o prejuízo emocional.

“Alguns fiscais falaram que podia pegar o celular para avisar os pais, ou para acender a lanterna. A energia foi voltar perto das 20h, mas aí eu já não tinha psicológico nenhum, não estava mais concentrada. Eu terminei a prova por volta de 20h40, mas espero que o vestibular seja cancelado. Não tem como essa prova continuar”, disse. 

Outra estudante, que preferiu não se identificar, contou que por volta de 17h30 os fiscais do bloco em que ela estava pediram que os candidatos parassem de fazer a prova e somente retornassem quando a energia voltasse. Segundo o relato da jovem, os candidatos ficaram mais de uma hora parados esperando o retorno da iluminação. 

“Por volta de 18h30, a fiscal voltou na sala e disse que era para continuar fazendo a prova. A gente ficou completamente perdido. Quem estava sentada no fundo da sala não estava enxergando nada, não dava para ver nem os enunciados da prova”, relembra. 

Após meses de preparação para disputar uma vaga de Medicina, a estudante contou que o sentimento após a prova é de frustração pela maneira como foi realizado o vestibular. 

“Muita frustração. Eu saí de lá chorando. Cada bloco tomou uma providência diferente. Hora nenhuma a fiscal falou que teria a oportunidade de continuar até 21h30, pelo contrário, foi apressando a gente para terminar a prova”, contou. 

O Diário de Uberlândia entrou em contato com a UFU e solicitou um posicionamento sobre as alegações feitas pelos estudantes e aguarda retorno. 


 
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