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17/07/2022 às 13h00min - Atualizada em 17/07/2022 às 13h00min

Uberlândia é a 4ª cidade de Minas Gerais com mais ocorrências de crimes cibernéticos

No primeiro semestre do ano, município registrou 1.160 crimes virtuais; delegado-chefe da Polícia Civil defende criação de delegacia especializada na cidade

REDAÇÃO | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Levantamento aponta que os crimes virtuais mais registrados no estado são estelionato e ameaça | Foto: Agência Brasil

O avanço tecnológico traz milhares de benefícios para a população, mas ele também apresenta perigos que são registrados diariamente. Os crimes cibernéticos vêm crescendo em todo o país e, em Uberlândia, não é diferente. De acordo com dados da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), a cidade já registrou 1.160 ocorrências no primeiro semestre de 2022, sendo considerada a 4ª do estado com o maior número de registros de crimes virtuais.

Ainda de acordo com os dados, considerando os primeiros seis meses do ano, foram registradas, em média, 193,3 ocorrências por mês. O número é maior do que a média computada nos doze meses do ano de 2021, que é de 177,58 por mês.

Entre 2018 e 2022, Uberlândia contabilizou 7.657 ocorrências de crimes cibernéticos. No ranking estadual, a cidade fica em 4º lugar, atrás apenas da capital Belo Horizonte (41,527), Juiz de Fora (8.809) e Contagem (7.721). 

O levantamento da Polícia Civil aponta ainda que os crimes virtuais mais registrados em Minas Gerais são estelionato e ameaça, com 79.682 e 51.561 ocorrências, respectivamente. 

De acordo com o delegado-chefe do 9° Departamento de Polícia Civil em Uberlândia, Marcos Tadeu Brito Brandão, a tendência é mundial. Ele reforça que as pessoas devem ficar atentas, principalmente suspeitar de mensagens recebidas e compras feitas.

“O consumidor tem que ficar esperto na hora da compra. É um site seguro? Que loja é essa? A esperteza sempre engole o esperto. O estelionato é o crime que mais conta com a participação da vítima. É bom ficar atento e desconfiado”.

O delegado-chefe explicou que quando se trata de crimes cibernéticos no estado, as investigações ficam a cargo da Delegacia Especializada em Investigação de Crime Cibernético, que fica em Belo Horizonte. Já os crimes virtuais com menor potencial ficam com as delegacias regionais. 

Porém, segundo Marcos Tadeu, uma delegacia especializada em crimes cibernéticos deverá ser criada em Uberlândia. “Estamos tentando criar em Uberlândia a Delegacia Especializada em Crimes Cibernéticos. Temos treinamentos marcados para os policiais em Belo Horizonte”.

GOLPE POR APLICATIVO
Ricardo Rodrigues da Silva, de 34 anos, está desempregado e recebeu um convite para trabalhar com vendas virtuais junto à Religare Hichens Harrison Consultoria Internacional Ltda. Na proposta, Ricardo teria que investir em produtos que seriam anunciados na plataforma digital. Caso a mercadoria fosse vendida, ele recebia uma comissão. 

No dia 5 de março, Ricardo fez o primeiro investimento na plataforma, depositando R$ 120. Como obteve retorno do valor no mesmo dia, com comissão de R$ 50 reais, decidiu investir mais, seguindo as regras da plataforma utilizada para vendas. 

Em determinado momento, ele já havia investido R$ 10 mil, dinheiro que tinha guardado no banco com a ajuda da esposa e um empréstimo bancário. Segundo Ricardo, ele recebia incentivo de pessoas ligadas ao aplicativo para não desistir e continuar investindo dinheiro. 

Quando Ricardo conseguiu acumular R$ 15 mil de receita no aplicativo, ele solicitou a retirada do dinheiro, mas lhe foi informado que 10% do valor seria cobrado em taxa de serviços. “Falei com o supervisor que me transferiu para outra pessoa, que disse que o valor era alto e precisava passar por auditoria. Mas eu queria só o dinheiro que eu investi. Mas ele me cobrou 10% da taxa de serviço. Logo depois saí e fui fazer o boletim de ocorrência”. 

Quando a ficha caiu, se viu vítima de um golpe que abalou não somente ele, mas também sua família. “Quase acabou com meu casamento. Por dentro eu estava destruído. Ainda ficaram me mandando mensagem pedindo pra voltar, que não precisava da taxa de serviços”.

Ricardo soube que não foi a única vítima do golpe. Segundo ele, um ex-colega de trabalho também foi atraído pela proposta e se viu na mesma situação. “Ele contratou uma advogada para tentar reaver o investimento. No momento estou desempregado e não tenho condições de arcar com os custos”.

A reportagem tentou contato com a Religare Hichens Harrison Consultoria Internacional Ltda, mas não encontrou nenhum telefone ou e-mail para que os questionamentos fossem respondidos. Por meio de nota, a Polícia Civil de Minas Gerais informou que a vítima citada na reportagem registrou ocorrência de estelionato em uma base da Polícia Militar, em Uberlândia.

Disse ainda que o crime de estelionato é de ação penal pública condicionada à representação da vítima para a instauração de Inquérito Policial, conforme determinação legal e orienta que a mesma compareça em uma delegacia mais próxima de sua residência para formalizar a devida representação para início da investigação.

CELULAR
Em novembro de 2021, Hugo Rodrigues, de 26 anos, encontrou um celular que lhe agradava em uma plataforma de compras e vendas. Após negociação, fez a transferência do dinheiro, mas até hoje o telefone não foi entregue. E, segundo ele, um dos fatores que pode ter gerado a desatenção foi o fato de precisar de um aparelho novo com urgência, pois é uma ferramenta de trabalho para ele.

“O golpista estava se passando por uma pessoa na qual tinha vendido o celular para ele. Ele tinha fotos dos documentos e me mandou vídeos mostrando o celular. Ele também me enviou um vídeo colocando o aparelho nos Correios”.

Somente após depositar o valor do celular via pix, percebeu que se tratava de um golpe. “Logo ele me bloqueou no Whatsapp”, contou Hugo.

Hugo tentou contato usando outros números de telefone e acabou achando a pessoa que o golpista estava se passando e a alertou. Porém, decidiu não fazer um boletim de ocorrência. “Não quis perder esse tempo, sei que no final das contas, por ser via PIX, perdi o meu dinheiro”.

DICAS
A Polícia Civil orienta a população para ter bastante atenção ao utilizar as redes sociais, fazer compras pela internet e até conversar com pessoas em aplicativos. É preciso desconfiar de links recebidos por e-mail e via sms, não utilizar a mesma senha em todos os serviços e redes sociais, manter um antivírus atualizado no computador, salvar todos os dados e arquivos do computador em um HD externo e nunca compartilhar nada sem ter certeza. 

Além disso, o alerta também é feito para os pais, que devem acompanhar o acesso dos filhos a sites e redes sociais. 

Após a ocorrência do crime, a orientação é que a vítima avise familiares e amigos sobre o ocorrido, principalmente no caso de golpes como clonagem ou perfil duplo no WhatsApp ou Instagram. Depois, é importante que a vítima reúna os e-mails, anúncios, prints e vá até uma delegacia para registrar o boletim de ocorrência.

* Matéria atualizada em 18/07 para acréscimo de informações.


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