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14/07/2022 às 11h04min - Atualizada em 14/07/2022 às 11h04min

Hospital Regional negou hemotransfusão à criança que morreu vítima de leishmaniose, afirma Prefeitura de Patos de Minas

Município e família registraram um boletim de ocorrência relatando a negativa do pedido de urgência; menina de 1 ano e 11 meses faleceu no dia 7 de julho

DHIEGO BORGES I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Hospital só teria acolhido a criança no dia 2 de julho após o procedimento já ter sido realizado I Foto: DIVULGAÇÃO/FHEMIG
A Prefeitura de Patos de Minas, no Triângulo Mineiro, divulgou uma nota afirmando que o Hospital Regional Antônio Dias (HRAD), da rede pública estadual, negou um pedido de transferência para a realização de uma transfusão de sangue a uma criança de 1 ano e 11 meses, que morreu na última semana vítima de leishmaniose.
 
Segundo a Prefeitura, a menor, identificada como Lucília Loane Barbosa Lima, é natural da cidade de Rio Pardo de Minas e deu entrada em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no dia 29 de junho. A menina havia sido encaminhada por uma clínica especializada diretamente ao pronto atendimento para internação e investigação de uma suspeita de leishmaniose.
 
Segundo o comunicado, a mãe relatou que a filha apresentava febre há três semanas e reclamava de dores abdominais. A equipe médica verificou também manchas pelo corpo da criança. De acordo com a Prefeitura de Patos de Minas, exames complementares obtidos no dia seguinte à internação (30 de junho) constataram que a criança estava com anemia, leucopenia e plaquetopenia. O exame para detecção de leishmaniose foi realizado ainda na UPA. Conforme a nota do município, o diagnóstico positivo da paciente para a doença foi constado no último dia 6 de julho.


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Por conta da gravidade do caso, segundo a Prefeitura, foi identificada a necessidade urgente da realização de uma hemotransfusão na paciente. O Município disse que solicitou no mesmo dia (30/06), via SUS-Fácil e por telefone à central de regulação, a transferência da criança para o Hospital Regional Antônio Dias, com aviso de urgência.
 
Segundo a Prefeitura, o Hospital negou o recebimento da paciente sob a alegação de não ter pediatra, informando que a criança seria recebida no dia seguinte. A transferência da paciente, liberada na sexta (1º de julho), foi acompanhada da médica da UPA. No entanto, o Município alega que a criança foi levada até a porta do Hospital, contudo não foi recebida.
 
O Diário teve acesso a um boletim de ocorrência, que foi registrado pela Prefeitura e a família da criança, através da Polícia Militar, atestando que a paciente corria risco iminente de morte. Após a negativa do hospital, a equipe da UPA retornou com a criança para a unidade.



Segundo a Prefeitura, embora a UPA do Município não possuir estrutura para realização da transfusão de sangue, a unidade, com acompanhamento de um pediatra, conseguiu realizar o procedimento, com mobilização feita através do Hemonúcleo de Patos de Minas, que liberou as bolsas de sangue.
 
Ainda de acordo com a nota, no sábado (2 de julho), o Hospital Regional Antônio Dias recebeu a criança por volta das 14h. Lucília foi transferida em seguida a um hospital particular por meio da compra de vaga na UTI pediátrica via SUS. Em razão da gravidade do quadro, ela não resistiu e faleceu no dia 7 de julho.
 
Segundo relatos da mãe, a criança contraiu leishmaniose em Rio Pardo de Minas e começou a apresentar os primeiros sintomas três dias após terem se mudado para uma fazenda próxima ao distrito de Santana de Patos. Conforme investigações da Vigilância Epidemiológica, trata-se de um caso importado da doença.
 
O Município lamentou a morte da criança por meio da nota. Confira o trecho final:
“A Prefeitura de Patos de Minas reitera que toda a assistência necessária e possível de ser realizada dentro de uma unidade de pronto atendimento (que não é um hospital) foi oferecida à Lucília. O município lamenta a morte da paciente e, como já manifestado diretamente à mãe dela, solidariza-se com toda a família.
 
Em tempo, a prefeitura ressalta que conhece as limitações e deficiências da rede municipal de saúde e, exatamente por isso, tem trabalhado diariamente para melhorá-la. Exemplos disso são a contratação de mais profissionais para a UPA assim como a reforma dessa unidade, o lançamento do Corujão da Saúde (para desafogar o pronto atendimento) e a destinação de recursos para abertura e manutenção da Santa Casa de Misericórdia.
 
Lembra-se ainda do esforço da prefeitura, por meio de seus agentes, para garantir a ampliação do HRAD, conquista recentemente anunciada.”
 
Por meio de nota, a
 Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig) informou que "a paciente foi admitida no Hospital Regional Antônio Dias (HRAD) no dia 2 de julho, sábado, e foi assistida pela equipe médica e multiprofissional da unidade. 

Na sexta-feira, dia 1º de julho, não havia médico pediatra no hospital para acompanhamento da hemotransfusão. Por isso, o procedimento teve que ser realizado na UPA, com o devido monitoramento da central de regulação, que intermediou a realização da transfusão junto ao Hemonúcleo de Patos de Minas. 

Devido ao agravamento do caso e necessidade de terapia intensiva, a paciente precisou ser transferida do HRAD, que não possui CTI Pediátrico, para outra unidade de saúde, por meio de compra de vaga pela regulação estadual"
, diz a nota. 

*Matéria atualizada às 13h58 para acréscimo de informações. 


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