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22/06/2022 às 15h24min - Atualizada em 22/06/2022 às 15h24min

Pesquisa da UFU analisa desempenho do pó de basalto na agricultura em Uberlândia

Estudo busca definir como utilizar o insumo de maneira apropriada na preparação do solo para o desenvolvimento de vegetais

REDAÇÃO I DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Estudos são realizados com feijão, maracujá e milho I Foto: Arquivo Pessoal/Adriane Silva

Uma pesquisa realizada na Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em parceria com a Prefeitura de Uberlândia, busca definir como utilizar o pó de basalto de maneira apropriada na preparação do solo para o desenvolvimento de vegetais. De acordo com a instituição, o objetivo principal do estudo é amenizar dois problemas que têm tirado o sono da maioria dos agricultores da cidade: o custo crescente dos fertilizantes e o risco de desabastecimento do produto.

Segundo a docente do Instituto de Ciências Agrárias (Iciag), Adriane de Andrade Silva, o pó de basalto já é utilizado desde a Idade Antiga. As conclusões da pesquisa desenvolvida por ela servirão de base para a elaboração de um boletim de recomendação que será útil tanto para produtores rurais quanto para fornecedores do insumo.

“E a rocha basáltica não é a primeira rocha de grande importância para a nossa agricultura. Porém, ela era mais utilizada como insumo dentro da agricultura orgânica. O agronegócio, de maneira geral, pela facilidade e disponibilidade dos fertilizantes solúveis, não dava tanta importância para o papel dos pós de rocha para melhorar a estruturação do solo, que é o principal foco da utilização do pó de basalto”, conta a pesquisadora.

Uma saída para atenuar a atual crise dos fertilizantes solúveis, importados em quase sua totalidade, se torna cada vez mais urgente. Ainda mais agora, quando a situação do mercado internacional desses produtos, abalado pelo ataque da Rússia à Ucrânia, países que são os principais fornecedores, gera um cenário preocupante em relação ao abastecimento.
 
Como frisa a pesquisadora, a dificuldade envolvendo o mercado dos insumos, no entanto, não é exclusivamente em função da guerra. “Essa escalada de preço já vem acontecendo nos últimos cinco anos. A gente tem visto aumentos de preços de fertilizantes e escassez cada vez mais difícil de ser contornada”, relatou a coordenadora de pesquisas.

ESTUDOS
As pesquisas na UFU estão sendo realizadas na fazenda experimental Água Limpa, com apoio do Município de Uberlândia. Os estudos estão dirigidos a culturas de feijão, maracujá e milho, mas também são realizados ensaios em pastagens.

Os pesquisadores concluíram que, em relação à granulometria do pó de basalto, a indicação é a passagem pela peneira de abertura de malha 0,50, ou seja, 0,030mm. O objetivo agora é definir a frequência de aplicação nas diferentes culturas. Para a correção do solo com calcário, por exemplo, são realizadas análises anuais, sendo feitas aplicações a cada três anos, aproximadamente.

No início de junho, novos estudos começaram na Fazenda Buriti, da Fundação de Excelência Rural de Uberlândia (Ferub), também como resultado da parceria com a Prefeitura. Lá, a UFU está fazendo testes com alface, couve, beterraba, rúcula, cebolinha e tomate.

Alguns fertilizantes e corretivos de solo, conforme explica Adriane, não disponibilizam todos os seus nutrientes e poder corretivo no primeiro ano de aplicação. Ou seja, ocorre um efeito tardio, o que é conhecido como “slow release”. Esse comportamento, acrescenta Silva, é muito bom para algumas culturas, pois a liberação ocorre conforme a necessidade do ciclo de desenvolvimento de cada uma delas.

A utilização de remineralizadores de solo, como são classificados os pós de rocha (entre eles o pó de basalto), um insumo de baixo custo, pode ser uma opção para manter a agricultura sustentável economicamente.  A utilização do pó, que é um subproduto da mineração e produzido em pedreiras, é uma possibilidade para o aproveitamento eficaz dos nutrientes pelas plantas.

No entanto, os pós de rocha não vão substituir os fertilizantes solúveis ou acabar com a dependência dos produtos externos. “O insumo é muito bom, ele vai contribuir com tudo isso, mas não vai substituir. Porque a gente substitui, por exemplo, uma fonte de carboidrato por outra fonte de carboidrato, uma fonte de proteína por outra fonte de proteína. Então, ele potencializa o fertilizante, mas não substitui”, alertou.

MUNICÍPIO
Em outubro de 2021, a Prefeitura de Uberlândia divulgou um estudo sobre as vantagens do pó de basalto para a produção agrícola da cidade. Na época, o prefeito Odelmo Leão disse que já existem empresas interessadas na exploração do basalto e venda da matéria-prima para produtores em Uberlândia. “As pedreiras que produzem essa brita para fazer asfalto, vão ampliar a atividade e fazer este produto também”, informou.

 As empresas interessadas na exploração do mineral devem obter registro junto ao Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para produção e comercialização do subproduto da mineração.

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