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16/05/2022 às 16h15min - Atualizada em 16/05/2022 às 16h15min

Alta no preço dos produtos de limpeza afeta consumidores em Uberlândia

Levantamento do Cepes/UFU apontou que itens subiram 8,3% em um ano

IGOR MARTINS | DIÁRIO DE UBERLÂNDIA
Segundo o IBGE, a esponja de lavar, sabão em barra e detergente foram os itens com maior reajuste em 2021 | Foto: Pixabay
Segundo dados do Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-Sociais da Universidade Federal de Uberlândia (Cepes/UFU), o preço dos produtos de limpeza apresentou um aumento de 8,3% nos últimos 12 meses. A alta tem afetado consumidores de Uberlândia que encontram dificuldades na hora de adquirir os itens. 

Durante a última semana, a produção do Diário percorreu supermercados da cidade e constatou variações nos preços de diferentes itens. O valor do sabão em pó varia de acordo com a marca e quantidade disponibilizada. O item de 1,6kg pode ser encontrado de R$ 15,98 a R$ 18,99. Já o de 3kg pode ser encontrado com variações de R$ 34,99 a R$ 39,99.

O preço do detergente está variando entre R$ 1,49 e R$ 2,79 no município, e a água sanitária pode ser encontrada de R$ 8,39 a R$ 15,39. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a esponja de lavar, sabão de barra e detergente foram os produtos com maior reajuste em 2021, sendo uma alta de 16,5%, 15,8% e 10,2%, respectivamente. 

Dono de uma lanchonete no bairro Élisson Prieto, conhecido como assentamento Glória, Rodnei Berluche afirmou que a imprevisibilidade econômica tem atrapalhado seu negócio. “Cada dia que a gente vai no mercado os produtos estão com um preço diferente. A gente fica perdido, porque nós nos planejamos e quando voltamos das compras não dá para trazer nem metade do que tínhamos calculado”, disse.

Para manter a higiene do estabelecimento, Rodnei utiliza muito o detergente, água sanitária e álcool. De acordo com ele, atualmente, o investimento nos produtos está sendo muito grande. 

“Tem muita mudança de preço. Em uma semana a gente compra o detergente por R$ 1,30. Na outra semana está R$ 1,50. A inflação está descontrolada, está muito complicado. Há muito tempo que eu não via uma alta tão grande em produtos de limpeza como agora”, relatou o comerciante.

Em um ano de incertezas, o empresário não mostrou confiança na estabilidade econômica e acredita que o período eleitoral deve atrapalhar o andamento dos negócios na cidade. “Ano político é sempre complicado, porque eles gastam com propaganda e quem paga o preço somos nós. Acho que a economia pode melhorar no ano que vem, mas até lá eu espero aumento de produtos não só de limpeza, mas de todas as outras áreas”, comentou Rodnei.

INSTABILIDADE
Na visão do economista e professor Felipe Prado, a elevação dos produtos de limpeza pode ser explicada por uma combinação de fatores, que englobam, além da inflação, a pandemia da covid-19, a incerteza internacional com relação à guerra na Ucrânia e as eleições presidenciais, que acontecerão em outubro.

Em conversa com a reportagem, Prado afirmou que o fato de os produtos de limpeza serem feitos em fábricas contribui com o aumento dos itens, já que houve aumento médio na energia elétrica de 3,39% no país em 2022, e 4,65% na região Sudeste. A estimativa foi divulgada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no último mês.

“Os produtos de limpeza vêm de fábrica, que dependem da energia elétrica para terem o maquinário rodando. Além disso, todos os itens precisam ser transportados, e aí entramos na questão da logística que também se tornou mais cara devido ao aumento do petróleo. É uma composição de itens que sofreram reajuste e impactam o preço final dos produtos”, disse.

Ainda segundo o economista, o aumento da demanda por produtos de limpeza, ocasionada pela pandemia da covid-19, também levou a um ligeiro aumento dos produtos no ano passado. Com várias indústrias fechadas, Prado explica que diversas fábricas precisaram encomendar equipamentos em 2020 e 2021. Contudo, ele acredita que a situação em relação a isso já foi normalizada com a retomada das atividades industriais.

A informação de Felipe Prado foi confirmada pela Associação Brasileira das Indústrias de Produtos de Higiene, Limpeza e Saneantes de Uso Doméstico e de Uso Profissional (Abipla), que informou que o setor encerrou 2021 com os níveis de produção estáveis sobre 2020.

Ainda de acordo com a Abipla, apesar da pressão nos custos de matérias-primas, combustível e energia, os artigos de limpeza acumularam alta de preços menores que a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), com 6,84%. Para 2022, a projeção da associação é de crescimento de 2% para a fabricação de produtos de limpeza.

Com um cenário incerto, Felipe Prado afirmou que a economia brasileira não vai melhorar enquanto houver incertezas nos mercados internacional e nacional. Segundo ele, o momento cria uma série de instabilidades nos preços, o que deve seguir impactando a população e comerciantes da cidade.

“A economia precisa de certeza e estabilidade. As incertezas fazem com que os agentes econômicos fiquem com medo, e o medo gera receio de as empresas contratarem trabalhadores, dos consumidores comprarem uma casa ou uma geladeira. Ninguém sabe o que vai acontecer, e isso deixa o consumidor com medo de investir, o que causa impacto na economia. O cenário no Brasil está bem difícil”, detalhou o economista.


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