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16/04/2022 às 13h36min - Atualizada em 16/04/2022 às 13h36min

Uberlândia é a quarta cidade do país em geração de energia solar

Levantamento da Absolar mostra que cidade registrou crescimento de 77% na adesão durante a pandemia

SÍLVIO AZEVEDO
Energia fotovoltaica reduz a conta de energia em cerca de 95% I Foto: DIVULGAÇÃO
Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (Absolar) mostrou um crescimento de 77% no número de instalações de energia solar em Uberlândia durante a pandemia. Somente de janeiro a março deste ano, foram 1,4 mil novas adesões na cidade. Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Uberlândia é a quarta cidade do país no ranking de geração deste tipo de energia, com potência instalada de 82 megawatts, perdendo apenas para as capitais Cuiabá (MT), Teresina (PI) e Brasília (DF).
 
Atualmente, o Município possui um total acumulado de 10.073 unidades consumidoras abastecidas com a geração própria de energia solar. Desse total, 7,7 mil estruturas foram adicionadas durante a pandemia, de 2020 até março deste ano, enquanto outras 2.373 correspondem ao período de 2012 a 2019.
 
A Absolar estima que 1 megawatt de energia solar injetada por dia na rede elétrica seja suficiente para abastecer cerca de 500 residências, compostas por 4,5 pessoas por residência. Foi buscando economia que o coordenador de usabilidade de uma empresa de varejo na cidade, Leonardo Santos Morbeck, decidiu instalar o sistema de foto voltagem em casa.
 
“Resolvemos instalar energia fotovoltaica para primeiro tentar reduzir o custo da energia convencional e suas bandeiras de taxas extras, já que durante a pandemia o trabalho remoto fez com que esse custo aumentasse. Também para aproveitar um recurso natural e bem servido aqui no Brasil”, explicou.
 
O investimento foi alto, mas o retorno deve vir a médio prazo, acredita Leonardo. “O custo para instalar 12 placas foi de R$27,5 mil, mas a expectativa é que esse investimento volte em aproximadamente cinco anos”, disse.
 
O sócio da empresa Emersol, Marcos Prado, que instala cerca de 30 kits de energia fotovoltaica mensalmente disse que os consumidores estão se atentando ao mercado e aproveitando as oportunidades que o mercado oferece. “Tem muitos consumidores que estão antenados, pesquisando mais, aceitando mais a tecnologia e fazendo para compensar em outras residências que ele tem, ou em chácaras, sítios. Está começando a enxergar que não é mais uma despesa, mas um investimento que é autossustentável”, afirmou.
 
Segundo ele, não existe 100% de economia na conta, pois as taxas da Cemig são obrigatórias, mas é um investimento que vale a pena. “Temos vários argumentos para aderir a essa tecnologia. Uma que traz economia devido ao cliente gerar a própria energia, em um lugar que ele nem usava, como telhado. Nem precisa de muita estrutura para instalar o kit”.
 
O valor médio do kit de instalação fica entre R$ 20 mil a R$ 25 mil, dependendo dos equipamentos e estrutura a ser fixada. “Esse valor já inclui todo o processo de regularização dos projetos junto a Cemig. O prazo para entregar funcionando para o cliente, já homologado, é de 30 a 45 dias”.
 
MERCADO AQUECIDO
Marcos acredita que 2022 será o ano da energia solar, após o controle da covid-19. Ele lembra a pandemia fez com que a crise na China, maior exportadora de matérias-primas para eletrônicos, causasse a falta de materiais utilizados no setor de energia fotovoltaica, mas, mesmo assim, a procura pela tecnologia se manteve.
 
“Como o mercado de materiais e matérias primas voltando a normalizar, a tendência é que os preços recuem, voltem ao normal. Até porque está tendo estoque maior nas prateleiras dos distribuidores. E aumentou a concorrência, e o cliente sai ganhando. Tem muitos fabricantes e fornecedores e empresas instaladoras, acaba tendo competitividade e concorrência natural”, contou.
 
Outro fator apontado para esse crescimento das vendas é a facilidade de financiamento por bancos e outras instituições financeiras. “Praticamente todos os bancos estão enxergando essa parte de energia solar como investimento no imóvel e acabam facilitando o acesso ao crédito para o consumidor financiar o seu kit. Muitos dos nossos projetos, praticamente 50%, são de financiamento, que está muito fácil de ser aprovado. Abaixaram muito as taxas de juros, está ficando mais acessível”.
 
MINAS GERAIS
No ranking de estados, Minas Gerais aparece no topo das geradoras, responsável por 1.593,5 megawatts instalados no país, ou 17,2% da energia fotovoltaica que é produzida.
 
De acordo com a Aneel, existem 910,6 mil micro e miniusinas e cerca de 9,9 gigawatts (GW) de potência instalada (99% do total) no país. Essas correspondem a sistemas instalados em residências e comércios. Essa capacidade se soma aos 4,88 GW de potência instalada por empreendedores em usinas solares de grande porte, demonstrando o crescimento exponencial da energia solar no país.
 
Segundo o coordenador estadual da Absolar, Bruno Catta Preta, o crescimento em Minas Gerais vem acompanhado de diversas facilidades que os empreendedores encontram no estado, como toda a cadeia produtiva.
 
“Também tem uma legislação muito favorável. Minas é o primeiro estado que deu incentivo para a instalação de grandes usinas de energia solar com isenção até 5mW. Em outros estados é somente até 1mW. Por isso Minas deu essa arrancada na energia solar brasileira. Além da questão da disponibilidade de terras para a implementação”, afirmou.
 
Existem duas formas de instalação. A tradicional, ligada a uma rede da Cemig, com a geração compensando o consumo, mas tem outra, indicada para regiões onde não existem linhas de transmissão da concessionária. Porém, segundo Bruno, o custo pode ser 40% superior, pela necessidade de adquirir outros equipamentos para armazenamento da energia não consumida, como a bateria.
 
"Só que a bateria ainda tem um ciclo muito curto. Cada dia que ela carrega e descarrega vai desgastando e de tempos em tempos devem ser substituídas. Com isso, o sistema fica muito mais caro. Só é recomendado para lugares remotos. Só assim justifica o investimento maior, de é em média 40%. Claro que está tudo evoluindo. Acreditamos que em breve, as baterias dos veículos elétricos vão ajudar a desenvolver baterias com materiais mais nobres, resistentes e duráveis”, disse.

 

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