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05/04/2022 às 12h15min - Atualizada em 05/04/2022 às 12h15min

Usuários do transporte público reclamam de superlotação e redução da frota em Uberlândia

Passageiros ouvidos pelo Diário relatam problemas enfrentados diariamente; acordo entre empresas e a Prefeitura manteve preço da passagem congelada até o fim do ano

IGOR MARTINS
Ônibus lotados, longas filas, falta de manutenção em veículos e atrasos de horários. Essas são as principais queixas de usuários do transporte público de Uberlândia. Os problemas começaram a ser notados durante a pandemia e foram agravados a partir de fevereiro com o retorno das aulas presenciais e a flexibilização do comércio, gerando transtornos para quem necessita do transporte coletivo e precisa lidar com os incômodos diariamente.
 
Quem tem sofrido as consequências causadas por esses problemas é a secretária Marcela Costa. Nos últimos dias, ela publicou imagens nas redes sociais, mostrando os desafios vivenciados a caminho do trabalho. O registro feito pela profissional mostra a superlotação na parte frontal do veículo em uma viagem realizada às 7h, em um dia normal da semana.
 
Em conversa com o Diário, Marcela afirmou que diversas pessoas sequer conseguem entrar no ônibus, devido à grande quantidade de usuários que se aglomeram nas portas do veículo. Isso já fez com que ela chegasse atrasada no emprego algumas vezes. Segundo a secretária, o valor da tarifa não justifica a qualidade do serviço oferecido pelas empresas do transporte público de Uberlândia.
 
“Vários ônibus passam no ponto e nem param, porque já estão lotados. As escolas voltaram e muitas pessoas que estavam de home office ou desempregadas já estão trabalhando novamente. O número de usuários do transporte público aumentou e eles não enxergam isso. Eles deveriam pensar no povo, não é um serviço de graça. O serviço é muito precário e nós pagamos um valor significante, de R$ 4,50”, disse Marcela Costa.


 
Na última semana, um acordo entre a Prefeitura de Uberlândia e as empresas que operam o transporte público manteve o preço da passagem para os usuários em R$ 4,50 até dezembro. Autotrans, São Miguel e Sorriso de Minas chegaram a aumentar o valor do bilhete para R$ 6,30, mas o Município optou por arcar com R$ 1,80 de cada passagem, para que o preço não seja alterado até o fim do ano.
 
PRECARIEDADE
Duas estudantes universitárias ouvidas pelo Diário também reclamaram da demora dos ônibus e das condições precárias dentro dos veículos. Estudante do curso de Biomedicina em uma universidade no setor sul, Beatriz Fernandes contou que precisa sair do bairro Custódio Pereira e se deslocar até o Morada da Colina diariamente. Ela conta que passa pelo menos duas horas no transporte público diariamente, seja dentro do ônibus ou esperando na fila.
 
De acordo com a estudante, a demora dos ônibus tem sido tão grande que ela já precisou acionar uma viagem de aplicativo para conseguir voltar para casa depois da aula. “Os ônibus estão sempre muito lotados e eles passam de 40 a 50 minutos. Eu saio da faculdade às 22h40, e se eu não conseguir entrar no ônibus, ele só passa por volta de 23h30. Já precisei pegar Uber, porque fica muito tarde e é perigoso”, relatou.
 
Além disso, a estudante afirmou que percebeu a diminuição da frota desde o início da pandemia. Segundo ela, havia duas possibilidades de viagens para o setor sul saindo do Terminal Central, por meio das linhas A130 e A133. Atualmente, Marcela disse que apenas uma delas está disponível.
 
“Antes da pandemia, os ônibus eram cheios, mas tinha mais linhas disponíveis. Agora, eles diminuíram as linhas e o número de pessoas aumentou. Várias pessoas que estavam de home office já voltaram a trabalhar, as escolas voltaram, então eles precisam aumentar a frota. Além de tudo, os ônibus estão sempre sujos, com os assentos caindo aos pedaços. Tudo isso tem sido péssimo”, concluiu a universitária.
 
A aluna de enfermagem Thais Auxiliadora também contou à reportagem que já pegou diversos ônibus com problemas de manutenção. Na última semana, ela precisou esperar por um dos veículos por quase uma hora no Terminal Central.
 
“Eu cheguei no Terminal por volta de 22h30 e só consegui embarcar no ônibus às 23h26, eu fui chegar em casa depois de 00h. É uma situação muito complicada. Aumentou a quantidade de usuários do transporte público, então também tem que aumentar a quantidade de ônibus. É manutenção em falta, porta que não fecha, assentos ruins, uma pessoa escorada em cima da outra. Realmente está muito difícil”, disse Thais.
 
ESCLARECIMENTOS
O Diário procurou o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Triângulo Mineiro (Sindett). Em nota, o sindicato afirmou que as empresas do transporte público de Uberlândia estão empenhadas no bom funcionamento do transporte coletivo da cidade.
 
O Sindett disse que todos os veículos passam por manutenções periódicas a cada 3 mil quilômetros e que os ônibus, a qualquer problema mecânico, são imediatamente recolhidos à garagem e substituídos.
 
A reportagem também procurou a Prefeitura que, por meio de nota, disse que monitora o transporte público rotineiramente e faz adequações conforme a demanda. O Município informou também que a linha T131 tem uma frequência de 10 minutos nos horários de pico, que a linha T120, intercalada com a linha T121, tem um intervalo entre as viagens de 7 minutos nos horários de pico e que a linha A133 será reavaliada pelo setor de planejamento.
 
Em relação a linha A130, a Prefeitura disse que a mesma foi substituída pela linha A131, que passou por melhorias em seu itinerário para atender as instituições de ensino existentes na região.


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