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17/03/2022 às 13h15min - Atualizada em 17/03/2022 às 13h15min

Motoristas enfrentam longas filas para conseguir atendimento no Detran em Uberlândia

Nesta quinta-feira (17), algumas pessoas chegaram pela madrugada para garantir atendimento antes do dia acabar

IGOR MARTINS
Desde o início de março, quem precisa ir ao Detran da cidade precisa encarar longas filas e demora no atendimento | Foto: Igor Martins

Iniciada em fevereiro, a paralisação de parte dos servidores da Polícia Civil tem causado dor de cabeça e transtornos para a população de Uberlândia. Desde o início de março, quem precisa ir ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran) da cidade, no bairro Jardim Patrícia, precisa encarar longas filas e demora no atendimento.

Quem passou por isso foi o uberlandense Guilherme Carvalho. Prestes a realizar a venda de um carro, ele contou que havia marcado uma vistoria no órgão há duas semanas, mas não conseguiu ser atendido. O arquiteto remarcou a vistoria para esta semana e afirmou ter ficado cerca de seis horas na fila.

“A minha vistoria estava marcada para 8h. Quando eu cheguei, contei mais de 100 carros na minha frente. É um absurdo, porque a vistoria em si é um processo rápido. A marcação acontece, o problema é você ser atendido. Acaba que a população fica refém, porque o Detran é o único órgão que faz esse procedimento. Além disso, muitas pessoas estão com medo da greve e tentam chegar no local horas antes da marcação, isso atrapalha bastante”, disse.

Buscando evitar a fila quilométrica na porta do Detran de Uberlândia, vários motoristas madrugaram no local nesta quinta-feira (17). Em conversa com a reportagem, Antônio Ferreira dos Santos, de 60 anos, disse que chegou às 3h para tentar garantir um atendimento mais rápido. Nesse horário, ele disse que 32 carros e dez motos já haviam chegado antes.

De acordo com o empilhador, essa é a segunda vez que ele busca atendimento no órgão neste mês. No dia 8 de março, ele chegou ao Detran pela manhã, onde permaneceu até 17h, mas não foi atendido. Após perder dias de serviço, Santos espera que a greve dos servidores da Polícia Civil seja resolvida o mais rápido possível.

“Eu acho essa situação muito complicada. Já perdi um dia de serviço e hoje estou aqui de novo, com possibilidade de perder mais um dia. Não acho que deveria ser desse jeito. É desumano. Preciso fazer uma vistoria, algo que demora pouco tempo e perco o dia todo para fazer isso. Espero que o Governo tome providências. Todo mundo aqui precisa trabalhar, e quem está sofrendo com isso é a população. Somos todos trabalhadores”, disse.

Quem também passou horas na fila foi o auxiliar de armazém, Tiago Conceição Dias. Natural do estado do Pará, o homem de 35 anos precisa fazer uma viagem nos próximos dias e precisava fazer uma vistoria, “para poder viajar tranquilo”, segundo ele. O paraense também chegou no local por volta de 3h para tentar uma boa posição na fila.

“Essa situação está errada. Nós pagamos impostos caros e precisamos perder o sono por causa de uma vistoria, se não, não somos atendidos. Antes, eu chegava 20 minutos antes do horário agendado, hoje preciso sair de madrugada. A população entende a greve, mas seria melhor se interrompesse o serviço de uma vez, e não ficasse essa enrolação. Tem gente que fica o dia todo nessa fila, nesse calor”, falou.

GREVE
A greve dos servidores da Polícia Civil começou após protestos contra o Governo de Minas Gerais, reivindicando o cumprimento do acordo de aumento salarial decidido em 2020. No dia 25 de fevereiro, agentes das forças de segurança realizaram manifestação na praça Tubal Vilela, no centro de Uberlândia. Durante o protesto, a classe segurou cartazes com as demandas dos servidores, pedindo a recomposição salarial.

Em 2020, o Estado havia feito um acordo com os policiais e enviou um projeto de lei para a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que previa a recomposição de 41% para os profissionais a ser paga em três parcelas. Entretanto, depois de aprovado, somente a primeira parcela foi paga, uma vez que o governador Romeu Zema vetou as outras duas.

Em meio aos protestos por todo o estado, Zema anunciou no dia 11 de março que enviou um substitutivo do projeto de lei que previa a recomposição. Segundo ele, o novo texto prevê o pagamento com reajuste de 10,06% de forma retroativa a janeiro de 2022 para os servidores da Saúde, da Segurança Pública e da Educação.

AUDIÊNCIA PÚBLICA
Na última terça-feira (15), a Comissão de Segurança Pública realizou uma audiência pública na ALMG para falar sobre a Estrita Legalidade, medida adotada pelos servidores de todas as forças de segurança pública do estado. A iniciativa é uma forma de trabalhar dentro da legalidade dos direitos trabalhistas, como forma de resposta ao governador Romeu Zema.

Durante a audiência, o assessor do Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sindpol), Wemerson Oliveira, afirmou que o órgão possui uma cartilha da Estrita Legalidade e que a Polícia Civil não tem feito nada que fira a legalidade. Ainda segundo ele, os agentes da segurança pública esperam que o acordo de reajuste seja cumprido o mais rápido possível.

“O governador fez um compromisso conosco, o pagamento da recomposição das perdas inflacionárias, ele simplesmente quebrou o acordo que fez. Para nós, mineiros, palavra dada é palavra honrada”, disse.

POSICIONAMENTO
Por meio de nota, a Polícia Civil de Minas Gerais informou que todos os serviços estão sendo prestados normalmente pela Ciretran em Uberlândia, mediante agendamento, bem como as vistorias, das 8h às 17h30.

Ainda segundo a Polícia, diante de possível instabilidade operacional e/ou técnica (sistemas, internet, telefones), pode haver algum atraso no atendimento. A PCMG orienta que, caso o cidadão não seja atendido no horário, poderá reagendar o atendimento.

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