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17/02/2022 às 09h00min - Atualizada em 17/02/2022 às 09h00min

Sem doações, trabalho solidário de cozinhas comunitárias em Uberlândia corre risco de parar

Organizações atendem bairros periféricos e assentamentos da cidade com distribuição de marmitas a famílias carentes

GABRIELE LEÃO
SOS Dom Almir distribui cerca de 1.200 marmitas para as famílias carentes I Foto: ACERVO PESSOAL
Movimentos solidários que atuam no atendimento a famílias carentes de bairros periféricos e assentamentos de Uberlândia estão enfrentando dificuldades para manter o funcionamento das chamadas cozinhas comunitárias. Os projetos iniciados com a pandemia atendem a mais de mil famílias no município, mas a queda de doações impõe obstáculos que podem impedir os voluntários de continuar prestando o serviço à população.

Eliana dos Santos Lopes perdeu o emprego em um escritório de advocacia no início da pandemia, assim como outros funcionários. A partir disso, começou a fazer marmitas para os profissionais que foram demitidos. A ação, que começou com cerca de 30 refeições, logo cresceu.

“Comecei ajudando na preparação dos almoços e em 15 dias já estávamos com uma demanda de 700 refeições. Começaram a chegar famílias que precisavam desse alimento e foi então que nasceu a SOS Dom Almir”, explicou a coordenadora de cozinha.

No início, a intenção era que o projeto atendesse a demanda empresarial apenas por 90 dias, mas foi estendido para a comunidade e, atualmente, a organização acolhe cerca de 380 famílias cadastradas. Por dia, cerca de 1.200 marmitas são entregues.

Em razão do aumento de demanda, algumas dificuldades começaram a surgir, já que os custos também cresceram. Segundo Eliana, nem sempre a organização consegue alimentos suficientes para atender todas as famílias.

“Temos muitos parceiros ligados a essa causa social, mas também dependemos da doação da população para produzir a comida. Como tudo aumentou, como, água, energia e mantimentos, tem dias que falta alimentos e não conseguimos produzir o almoço para essas famílias”, contou.

A situação é a mesma na Cozinha da Tia Cida, criada também na pandemia por Maria Aparecida da Cruz Silva. Atualmente, o projeto atende 400 famílias, principalmente crianças e mulheres, no assentamento Maná, próximo ao bairro Morumbi, em Uberlândia.

A dona de casa abandonou o trabalho fixo para ajudar as famílias carentes da região e vive apenas com o salário da aposentadoria do marido. “Começamos a fazer almoço para as crianças que estão em vulnerabilidade e logo essa ação foi expandida para as outras pessoas. Além de oferecer a refeição, trabalho na arrecadação de enxoval para crianças, material escolar e assistência para gestantes”, comentou.



Tia Cida, como é conhecida, explicou que sobrevive de doações de parceiros e da comunidade. Ao todo, são oito voluntários que trabalham na produção do alimento, de segunda a sexta-feira.

“Começamos às 6h da manhã e o almoço é servido às 10h30. É satisfatório fazer parte desse trabalho, mas, também passamos por dificuldades e dias tristes, que são aqueles em que não tem nada para oferecer”, comentou.

Já no Assentamento do Glória, a cacica Kawany Lourdes Tupinambá é a responsável por coordenar a cozinha que atende cerca de 400 famílias no bairro, o que rende até 700 refeições. Criada também em 2020 o projeto começou com atendimento para as crianças locais e logo começou a atender as famílias da região.

A cacica migrou para o perímetro urbano para ajudar na produção dos almoços. Há um ano à frente da coordenação, Kawany Lourdes Tupinambá contou à reportagem que atualmente grande parte das doações são recebidas por movimentos sociais de Uberlândia, mas elas ainda são poucas.

“Temos uma demanda muito grande de pessoas passando necessidades e todos os dias chegam mais gente procurando por alimentos. Nos últimos dias, por exemplo, só tínhamos arroz e feijão para oferecer”, contou.

Atualmente, a cozinha comunitária funciona em um local cedido e possui cerca de sete voluntários, sendo duas pessoas apenas na cozinha. “As pessoas trazem os recipientes de casa e fazemos a distribuição do alimento, mas já tivemos muitos dias onde não foi possível produzir nada por falta de recursos”, finalizou.

DOAÇÕES
A população pode contribuir com as cozinhas comunitárias através de doações de alimentos ou dinheiro. Confira abaixo os contatos de cada organização.

SOS Dom Almir
Local: Avenida João Costa Azevedo, 269 – Bairro Jardim Prosperidade
Telefone: (34) 9.9674-6910 (Eliana)

Cozinha da Tia Cida
Local: Rua Quatro, 103 - Bairro Maná
Telefone: (64) 9.9944-8220 (Maria Aparecida)

Cozinha Comunitária do Glória
Local: Avenida Chapada dos Guimarães, 1245 – Assentamento do Glória
Telefone: (34) 9.9195-5396 (Kawany)

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