26/12/2021 às 16h00min - Atualizada em 26/12/2021 às 16h00min
Valor da produção de queijos artesanais aumenta e produtores de Uberlândia apostam em estratégias
Custo aumentou cerca de 50% desde o início do ano; Rota do Queijo Minas Artesanal do Triângulo Mineiro auxilia produtores a expandir vendas
MARIELLE MOURA
A Rota do Queijo Minas Artesanal foi uma das alternativas encontradas para aumentar as vendas neste ano / Foto: EMATER/DIVULGAÇÃO O custo de produção do queijo artesanal mineiro teve um aumento de aproximadamente 50% em 2021, segundo produtores da região do Triângulo Mineiro. Desde o início deste ano, o preço de alguns insumos dobrou e os consumidores sentiram o impacto. Para driblar a situação, reduzir gastos e aumentar as vendas, os produtores estão apostando em alternativas.
A produtora Walkiria Naves fabrica queijos em Uberlândia desde 2017 e informou que em um ano o custo de produção aumentou entre 40% e 50%. “Aumentou muito porque é uma cadeia de processos em que todos os insumos aumentaram. Então como todos os insumos rurais subiram muito, como o adubo, medicamentos, sal mineral, ração, sorgo e a soja, o valor da produção de leite aumentou e isso impacta na nossa fabricação de queijo”, disse.
Segundo ela, de 2020 para 2021, o valor da produção por quilo de queijo subiu cerca de R$ 10. “Em 2020 tínhamos um custo da produção de queijo em torno de R$ 23, hoje em dia o custo está em R$31 porque, além dos insumos, também temos outros gastos como embalagens, mão de obra, rotulagem, energia e transporte”, informou.
Walkiria informou que foi impossível não repassar o valor para o consumidor final. Segundo a produtora, o quilo do queijo em 2020 era R$ 30 e hoje está em R$ 36 no atacado, mas no varejo o quilo do produto varia de R$ 36 a R$ 60. “Todos os nossos clientes entenderam que o aumento é necessário porque a porcentagem do custo de produção ficou muito alta. Transferimos para o cliente somente aquilo que tivemos de aumento de custo”, afirmou.
Por fim, a produtora comentou que teve que se reinventar para aumentar as vendas. Walkiria decidiu mudar a nutrição dos animais, trabalhar melhor a logística e procurar outras alternativas “Uma das coisas que fizemos foi aumentar nossas vendas pelas redes sociais. Como as pessoas diminuíram o consumo, a alternativa foi aumentar a quantidade de clientes e para isso usamos muito as redes sociais e expandimos o mercado. Hoje até vendemos para outros países”, finalizou.
Inêz Gomes Rosa Borges inaugurou a queijaria dela em 2012 em Uberlândia. A produtora faz a ordenha do rebanho e fabrica queijos minas frescas e minas artesanais. Segundo ela, o aumento que teve com a produção foi, principalmente, com a ração, silagem, medicamentos e embalagem.
No caso da silagem, a produtora informou que o aumento passou de 100%, se comparado com 2020.“A silagem era em torno de R$ 200, hoje está em torno de R$ 500 e R$ 600. Aumentou mais de 100% de um ano pra cá.” disse.
Inêz informou que ainda não conseguiu repassar o valor total para o consumidor, mas que o quilo do queijo que custava R$ 30 em 2020, neste ano passou para R$ 45. “Não conseguimos repassar todo o valor para o consumidor ainda porque se repassarmos tudo, as vendas podem despencar. Então estamos repassando devagar o valor do queijo, portanto, ainda está em déficit" afirmou.
A produtora ainda comentou que a expectativa para o ano que vem é que o custo da produção melhore, principalmente se for analisar as questões climáticas que influenciaram no aumento.
“Temos a expectativa que ano que vem esse custo de produção seja mais baixo. Em 2020 tivemos um grande período de estiagem e fez com que o alimento do gado subisse demais. Neste ano, como está bom de chuva, esperamos que o preço diminua”, finalizou Inêz.
ROTA ARTESANAL
A Rota do Queijo Minas Artesanal do Triângulo Mineiro foi uma das alternativas encontradas pelos produtores para aumentar as vendas esse ano. O projeto, que foi lançado no final de setembro, conta com cinco propriedades nos municípios de Araguari, Tupaciguara, Monte Carmelo e Uberlândia. Além da produção da iguaria, elas têm como características em comum a hospitalidade, o sabor inigualável dos queijos, a tradição no meio rural e a produção familiar.
A Extensionista da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), Patrícia Freitas disse que em quase três meses de projeto mais de 300 turistas já visitaram as propriedades. “O interesse do público em estar nas fazendas e degustar os queijos no local onde ele é produzido é grande. Além de experimentar os queijos, visitar as fazendas trás um resgate de memória afetiva que é muito positivo”, disse.
Patrícia também explicou que a Rota não oferece hospedagem, somente visitação, e que é uma forma de fomentar o turismo regional. “Quando falamos sobre turismo rural, informando que não tem a hospedagem, podemos ver que o turismo rural passa a contribuir também com o turismo hoteleiro. A pessoa que vem de outra cidade vai se hospedar em um hotel que promove um aquecimento do turismo no município em geral’. explicou.
Walkiria e Inêz participam da Rota do Queijo Minas Artesanal do Triângulo Mineiro e comentaram que o projeto contribuiu para aumento nas vendas. Inêz afirmou que em três meses a procura de turistas pelos queijos aumentou e ajudou a propriedade. “O turismo rural nos ajudou. Muita gente vem querendo comprar queijo e fala para as outras pessoas que ligam e depois compram”, finalizou.
