15/12/2021 às 13h00min - Atualizada em 15/12/2021 às 13h00min
Frutas e castanhas típicas do Natal estão cerca de 36% mais caras em Uberlândia
Alguns produtos, como as nozes, chegaram a aumentar 120% em relação a 2020; geadas e custo de produção influenciaram elevação do preço, segundo gerente da Ceasa
MARIELLE MOURA
As frutas e castanhas típicas para as festas de fim de ano estão cerca de 36% mais caras, se comparado ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados da Central de Abastecimentos (Ceasa) de Uberlândia. Alguns produtos, como as nozes, tiveram um aumento de mais de 100% no preço. Devido ao aumento significativo, a procura e a compra dos produtos devem diminuir neste ano, de acordo com empresários do setor.
Os alimentos que tiveram maior aumento foram as castanhas. O preço das nozes aumentou 120% se comparado ao mesmo período do ano passado, passando de R$ 40 o quilo para R$ 85. A castanha do Pará aumentou 106%, passando de R$ 46 o quilo para R$ 95. Já a avelã importada aumentou 83,3%, passando de R$ 30 para R$ 55 o quilo.
Segundo o gerente da Ceasa, Claudio Rodrigues dos Santos, no ano passado as castanhas tiveram um aumento significativo, mas neste ano o preço disparou. “Ano passado também teve um aumento nas castanhas e neste ano não foi diferente. Vários fatores puxaram esse aumento não só das castanhas, mas também das frutas típicas do Natal”, disse.
Das frutas que tiveram maior acréscimo está a banana que teve 60% de aumento no valor. A caixa com 16 quilos, que em 2020 custava R$ 50, hoje em dia custa R $80. A caixa de cinco quilos da uva niágara teve um aumento de 37,5% e passou de R$ 40 em 2020 para R$ 55 em 2021. O abacaxi pérola teve um aumento de 28,6% e passou de R$ 42 para R$ 54 a dúzia.
O gerente informou que as geadas que atingiram as plantações em meados de julho tiveram forte impacto na produção “A banana, por exemplo, era para ter uma oferta bem maior, porém a região sofreu muito com as geadas e os bananais, lavouras da nossa região, sofreram muito e houve uma queda bem significativa na produtividade. Isso está tendo reflexo agora. Mesmo caso do abacaxi, produzido em Monte Alegre de Minas, que era para ter uma oferta bem maior e não terá também por conta da geada”, explicou.
Outras frutas que também tiveram um aumento significativo são: a banana maçã (44%), laranja pera (33,3%), morango (33,3%), nectarina (20%), pêssego (12%) e melancia (11,1%).
Ainda segundo o gerente da Ceasa, além das condições climáticas, o custo da produção também influenciou no aumento. “O custo de produção, a alta do dólar e também as questões climáticas. Tudo isso influencia o preço final do produto. Sem contar o transporte e a alta do combustível que também afetou o valor”, informou.
Por fim, o gerente informou que devido ao aumento os varejistas ainda estão tímidos nas compras. “A procura na Ceasa pelos varejistas para repassar ao consumidor final ainda é pequena. Eles não estão com aquela pressa e entusiasmo todo para fazer as compras desses alimentos típicos. Neste ano estamos melhores do que no ano passado que havia muita incerteza, mas ainda estamos longe do cenário ideal que vivemos há 3 a 4 anos atrás”, completou.
EMPRESÁRIOS
Fabiana Geni dos Santos é dona de um buffet e trabalha com eventos há mais de 9 anos em Uberlândia. Segundo ela, aproximadamente 60% dos clientes não fecharam contrato esse ano por conta do aumento no preço dos alimentos. “Em 2019 eu conseguia fazer uma mesa com frutas para empresas com R$ 300 ou R$ 400. Hoje não consigo fazer por menos de R$ 1.500” informou.
Ela ainda disse que os preços dos produtos mais que triplicaram de dois anos para cá e que isso influencia no preço final repassado ao consumidor.“Em 2019 o kg da uva estava R$3,99. Essa semana achei uva de R$ 23 o kg. A caixa de morango que era de R$ 2,50 passou para R$ 9”, disse.
A empresária ainda disse que em 2019 fez em média 25 mesas no fim ano, mas neste ano somente 10 contratos foram fechados até o momento. A empresária não tem muitas expectativas para a próxima semana, já que os preços das frutas não deverão abaixar.
Por fim, Fabiana disse que a crise financeira e a pandemia também influenciam para que o consumidor não gaste tanto com as ceias de fim de ano. “Creio que não vai aumentar muito a procura porque estamos saindo de uma pandemia e vejo que as pessoas não estão bem financeiramente. Elas vão se reunir, mas irão fazer algo mais simples”, completou.
O gerente de compras de um supermercado de Uberlândia, Valdemir Reis, informou que o setor também percebeu um aumento grande nos itens natalinos, principalmente nas castanhas. Segundo ele, devido à situação, teve que investir menos na compra de alguns itens.
“Compramos menos produtos típicos, como o damasco e castanha do Pará. Temos na loja, mas não é em volume grande para evitar até mesmo a perda dos produtos, explicou.
O gerente ainda comentou que, mesmo com a alta nos preços, a expectativa é que as próximas semanas sejam mais movimentadas. “A expectativa é positiva porque esperamos que o consumidor queira uma ceia um pouco melhor neste ano”, finalizou.
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