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02/12/2021 às 14h07min - Atualizada em 02/12/2021 às 14h07min

Mais de 5 mil pessoas estão em tratamento do vírus HIV em Uberlândia

De acordo com o levantamento do Programa IST/Aids e Hepatites Virais, entre janeiro e outubro deste ano, foram registrados 298 casos de Aids na cidade

MARIELLE MOURA
Campanha “Dezembro Vermelho” visa conscientizar sobre diagnóstico precoce do vírus / Foto: Danilo Henriques/ Secom
Mais de 5 mil pessoas estão em tratamento do vírus HIV em Uberlândia, conforme apontam os dados da Rede Nacional de Pessoas vivendo e convivendo com o HIV/AIDS (RNP). O mês de dezembro, denominado de “Dezembro Vermelho”, é o período da Campanha Mundial de Luta contra a Aids e conscientização sobre o vírus, e, ao Diário de Uberlândia, uma especialista falou sobre a importância do diagnóstico precoce. A reportagem também conversou com um jornalista que, em 2015, descobriu ser portador do vírus através do diagnóstico rápido.
 
De acordo com o levantamento do feito pelo Programa IST/Aids e Hepatites Virais, entre janeiro e outubro deste ano, foram registrados 298 casos da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids), em Uberlândia.
 
O diretor-presidente da ONG RNP em Uberlândia, Edval Cantuário, disse que na instituição existem aproximadamente 1.400 pessoas cadastradas, além disso, na cidade mais de 5 mil pessoas estão em tratamento do vírus HIV. “Em Uberlândia, existem aproximadamente 5.200 pessoas em tratamento, mas estimamos que existam outras pessoas com o vírus na cidade, que são aquelas que podem estar com o vírus e ainda não testaram”, disse.
 
Ainda segundo Edval, o foco principal da campanha este ano é: a quebra do preconceito e também conscientização sobre a importância da testagem rápida. Conforme ele explicou, o diagnóstico precoce do vírus e o tratamento correto evita que a pessoa desenvolva a doença AIDS.
“Se ela fizer esse teste precoce e entrar, logo em seguida, com a medicação, ela não vai desenvolver a AIDS e vai viver anos e anos só convivendo com o HIV”, explicou.
 
Por fim, o diretor falou que a AIDS ainda mata muitas pessoas no mundo pelo diagnóstico tardio e pelo preconceito com quem contraiu o vírus. “Ainda morre muita gente por dois motivos. Um deles é a falta de tratamento e o tratamento tardio. O outro é o preconceito, já que hoje as pessoas escondem o HIV justamente porque a sociedade ainda tem o pensamento que é uma doença de quem não presta”, completou.
 
A infectologista Marcela Menezes ressaltou a importância do diagnóstico e tratamento precoce do vírus. “O vírus só dá sintomas quando a pessoa tem a AIDS que é a doença. Neste estágio, ela já tem a imunidade baixa e isso vai gerar outras doenças graves. O paciente passa a desenvolver o que chamamos de doença oportunista que é o fungo ou alguma outra bactéria que cai na corrente sanguínea e o paciente pode ficar muito grave”, explicou.
 
Ainda segundo a infectologista, os avanços no tratamento de 20 anos prá cá levou a doença a ser considerada crônica e, com um bom controle, a pessoa pode ter uma vida normal. “Pouco antes do ano de 2000, o paciente tomava cerca de 15 comprimidos por dia e daí o nome coquetel. Hoje em dia é tomado três remédios diferentes em uma ou duas cápsulas no máximo. Sendo assim, já é considerada uma doença crônica, que o paciente tendo um bom controle, assim como o diabetes, a pressão arterial, ele tem uma vida normal”, afirmou.
 
O jornalista, Matheus Maia, descobriu que contraiu o vírus em 2015 quando havia acabado de completar 18 anos. De acordo com ele, o diagnóstico precoce foi muito importante para o tratamento e estabilização do vírus. “Eu descobri que tinha HIV com 18 anos e não tive nenhum sintoma porque não cheguei a desenvolver a AIDS. Eu tinha o hábito de fazer a testagem rápida uma vez por ano e foi aí que recebi o diagnóstico,” disse.
 
O jornalista ainda relatou que o apoio da família e amigos foi fundamental e que, além disso, a informação correta sobre o HIV muda muito o que as pessoas pensam sobre o vírus.
 
“No começo não foi algo fácil e tranquilo de lidar, tive o apoio da minha família e amigos e isso facilitou todo o processo. Depois disso, comecei a levar informação às pessoas de que o HIV não é uma sentença de morte. A epidemia do HIV já dura mais de 40 anos e durante esse tempo mudou muita coisa, tecnologia e remédios, por exemplo”, finalizou.
 
Por fim, a infectologista Marcela Menezes lembrou sobre o crescente número de jovens que testam positivo para o HIV e que a única maneira de se proteger ainda é usando preservativos. “Hoje não temos mais um grupo de risco para o HIV, temos um crescente número de jovens contraindo o vírus. Por isso, é importante também falar da prevenção. Usar preservativo nas relações sexuais é a única forma de se proteger”, completou.
 
DEZEMBRO VERMELHO

A RNP Uberlândia auxilia as pessoas que convivem com o vírus HIV com serviços de advocacia, psicologia, homeopatia, fisioterapia, nutrição, serviço social, entre outros. E segundo o diretor, as ações serão intensificadas neste mês em que a campanha “Dezembro Vermelho” acontece.
 
“Fazemos esse trabalho durante o ano todo, tanto de prevenção quanto de acolhimento. No mês de dezembro nós intensificamos nossas ações na cidade, fizemos uma caminhada no Parque do Sabiá, alguns eventos e também duas lives. Nesta quinta-feira (2) iremos realizar palestras em clínicas e nos presídios”, disse Edval.
 
A prefeitura também realizará ações de reforço na conscientização  ao longo do mês com auxílio das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e do Programa Saúde da Família (PSFs). Os locais orientarão a população quanto a importância da prevenção, testagem de rotina, uso de preservativos e tratamentos.

Os testes rápidos estarão disponíveis nas seguintes unidades: nas Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSFs) Granada 2, Santa Luzia, Shopping Park 2, Shopping Park 3, Lagoinha, Aurora, Canaã 2, Jardim das Palmeiras 1, Dom Almir, Jardim Europa 1, Monte Hebron, Bom Jesus, Jardim Brasília 1, Jardim Brasília 2, São José e Martinésia, nas UBSs Santa Rosa, Patrimônio, Tocantins, Nossa Senhora das Graças, Brasil e Custódio Pereira, nas Unidades de Atendimento Integrado (UAIs) Martins, Tibery e Luizote de Freitas e no Presídio Professor Jacy de Assis.

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