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18/11/2021 às 16h00min - Atualizada em 18/11/2021 às 16h00min

Dia Nacional da Consciência Negra tem programação especial em Uberlândia

Teatro, lives, shows, e roda de conversas marcam celebração no município

GABRIELE LEÃO
Senzala foi criada para mostrar realidade do negro escravo em uma escola particular de Uberlândia | ARQUIVO PESSOAL
O dia 20 de novembro marca a celebração do Dia Nacional da Consciência Negra. A data tornou-se o marco para relembrar a luta contra o racismo no Brasil. No município, a Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e uma escola particular promovem um mês de atividades que exaltam a cultura e herança afrodescendente no município, além de propostas educacionais antirracistas. 
 
Como forma de lembrar a data, a UFU em Uberlândia realiza a campanha “Mês da Igualdade: contra o racismo e pelo respeito às culturas de matrizes africanas". A ação é desenvolvida pela Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (Proae), por meio da Divisão de Promoção de Igualdades e Apoio Educacional (Dipae).
 
Durante todo o mês, diversas atividades online estão sendo realizadas com o objetivo discutir questões ligadas à promoção de igualdade racial e relações étnico-raciais e, principalmente, sobre o combate ao racismo na sociedade, bem como no ambiente universitário.
 
Em entrevista ao Diário, a professora do curso de História da UFU, Ivete Almeida, destacou a importância da discussão sobre o tema. “É muito importante que a sociedade como um todo conheça a cultura e essas questões que envolvem essa realidade. Quando temos a oportunidade de conhecer mais sobre essa herança, nós como sociedade também podemos entender o que fazemos de errado e a partir disso, mudar a nossa perspectiva”, comentou.
 
A docente comentou também sobre o preconceito estabelecido na sociedade como um todo. “Costumo dizer que o preconceito é primo da ignorância e as pessoas têm o pré-conceito de coisas que elas não conhecem e não é só em relação à cultura, mas por privilégios. A sociedade não sabe dos problemas que essas pessoas vivenciaram e há essa possibilidade de se informar, entendermos a problemática e como podemos acabar com a ignorância”, explicou.
 
As atividades da UFU englobam todos os setores da universidade com programação aberta para toda a comunidade até o dia 30 de novembro. O cronograma completo do ‘Mês da Desigualdade2021’ pode ser conferido na
página da Proae.
 
AMBIENTE ESCOLAR
A Lei 10.639 do ano de 2003 institui no currículo das escolas brasileiras a História da África e da Cultura afro-brasileira. A legislação é resultado dos esforços dos movimentos sociais para evidenciar as desigualdades históricas que marcaram as populações negra e parda no país.
 
Em Uberlândia, a professora de história de uma escola particular do Município, Alinne Costa, viu na data do Dia da Consciência Negra uma maneira de trabalhar com os alunos o pensamento antirracista, com reflexão sobre a discriminação racial no Brasil e também de valorização das identidades negras, de suas heranças, conquistas e contribuições para a sociedade.
 
Durante o mês de novembro, uma senzala foi montada no colégio para demonstrar a realidade vivida pelo negro escravo, além de uma peça de teatro que demonstra o sofrimento vivenciado na época, com o intuito de promover uma educação cidadã.
 
“A mudança de pensamento só acontece quando temos a percepção do ambiente do qual estamos inseridos. Trabalho em uma escola particular, onde não há nem 5% dos alunos negros, ou professores. Fazendo essa rápida análise, já temos um questionamento, porque eles também não estão inseridos nessa realidade?”, questionou a educadora.
 
A docente comentou também sobre a importância de se discutir o tema no ambiente escolar. “A intensão e importância de trabalhar sobre esse tema dentro das escolas é justamente oferecer essa percepção, de falas, atitudes e descontruir a ideia de que os negros não ocupam esses locais apenas por causa da meritocracia. Existem diversas ‘feridas’ na nossa sociedade e elas começam a ser desconstruídas quando abordamos esses assuntos dentro da sala de aula”, completou a professora.
 
A DATA
O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, foi instituído oficialmente pela Lei nº 12.519, de 10 de novembro de 2011. A data faz referência à morte de Zumbi, o então líder do Quilombo dos Palmares – situado entre os estados de Alagoas e Pernambuco, na Região Nordeste do Brasil.
 
Zumbi foi morto em 1695, na referida data, por bandeirantes liderados por Domingos Jorge Velho. Atualmente existe uma série de estudos que procuram reconstituir a biografia desse importante personagem da resistência à escravidão no Brasil.
 
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