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30/10/2021 às 12h06min - Atualizada em 30/10/2021 às 12h06min

Mesmo com retorno de aulas presenciais, papelarias seguem sem aumento das vendas em Uberlândia

O retorno, segundo eles, não foi suficiente para alavancar as vendas que caíram mais de 70% desde o início da pandemia

MARIELLE MOURA
Mesmo com o anúncio da volta às aulas presenciais com 100% da capacidade nas escolas estaduais e municipais de Uberlândia, donos de papelarias ainda sentem o impacto da queda nas vendas que chegam a cerca de 70%, se comparado com o período pré-pandemia. O retorno, segundo eles, não foi o suficiente para alavancar as vendas que caíram desde o início da pandemia. A expectativa para o ano que vem ainda é tímida.
 
As vendas nas papelarias da cidade caíram aproximadamente 30% em relação a 2020 e mais de 70% se for comparado com o ano de 2019. O empresário Marcelo Bittencuort Tamaki está no mercado de papelarias há 14 anos e disse que, mesmo com o retorno das aulas, os clientes não voltam às papelarias por ainda terem o material escolar que não foi usado em casa.
 
“Muita coisa os pais aproveitam do que sobrou no ano passado e muitos estão usando o que tem, esperando uma definição correta se vai continuar no modelo presencial. Como está no fim do ano, o cliente não faz uma compra completa, faz apenas a reposição de alguns materiais”, disse.
 
Os comerciantes afirmaram ao Diário que, devido a maior parte das vendas serem voltadas para reposição de materiais escolares, o que mais vende hoje nas papelarias são lápis de cor, lápis preto, borracha e caderno.
 
Nilva Gama é vendedora em uma papelaria há mais de 25 anos e disse que o perfil dos clientes mudou muito de 2019 pra cá. “Só compram o necessário porque as aulas eram online. Como não utilizaram praticamente nada, agora eles compram o que necessitam”, afirmou.
 
O empresário Gilmar Simari está no ramo há mais de 30 anos e afirmou que o cenário de 2020 e 2021 para as papelarias foi de sobrevivência. Por se tratar de um setor que depende de épocas de venda, as empresas ainda sofrem com as consequências da queda da procura.
 
“O reflexo da crise econômica continua e vai a longo prazo. Como trabalhamos com épocas de venda, foi pior ainda, porque trabalhamos na insegurança,” informou.
 
Gilmar disse ainda que outro ponto que pesa muito nas vendas presenciais de material escolar é o valor do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço (ICMS) cobrado em Minas Gerais. “O imposto inserido no material escolar é muito alto e arrebenta com o empresário e principalmente com o consumidor”, completou.
 
Com a queda, os empresários tiveram que se reinventar para manter o negócio de pé. No caso do empresário Marcelo Bittencuort Tamaki as vendas online e uma cafeteria montada na papelaria foi o que ajudou.
 
“Logo no início da pandemia a gente já tinha o trabalho de vendas por whatsapp, então conseguimos dar continuidade. Além disso, dentro da papelaria montamos uma cafeteria, o que ajudou um pouco a voltar a trabalhar e não perder muito”, informou.
 
EXPECTATIVA
A expectativa dos empresários do setor para o ano que vem ainda é tímida. De acordo com os proprietários, o aumento no preço de produtos essenciais, como alimentos e combustíveis, podem influenciar na economia dos pais ao comprar o material dos filhos. “Acredito que vai haver uma retomada, mas é um momento de muita cautela, precisa ter paciência e sempre tentar inovar”, completou Marcelo.
 
Outro fator que pode influenciar negativamente é a incerteza da continuidade do modelo de aulas presenciais nas escolas. “O que mais escutamos aqui na papelaria é a incerteza dos pais sobre manterem as aulas presenciais, ficam com medo de uma nova onda da covid-19 e de fazer um gasto que não vão utilizar,” disse Gilmar.
 
Os empresários ainda vão aguardar para fazer uma grande compra para o estoque. “A expectativa é que melhore, mas acredito que não será como era antes. Se eu comprava R$ 70 mil, por exemplo, compro R$ 15 ou R$ 10 mil,” informou Nilva. 
 
VOLTA ÀS AULAS
Seguindo a determinação do Governo de Minas Gerais, anunciada na última semana, que torna obrigatória a retomada das aulas 100% presenciais em todo o Estado, as escolas estaduais em Uberlândia devem retornar suas atividades na próxima quarta-feira (3). De acordo com a superintendente Regional de Ensino de Uberlândia, Onília Maria de Oliveira Borges, todas as instituições administradas pelo Estado dentro do Município vão acatar a decisão e contabilizar a presença dos estudantes. 
 
Já no Município, o retorno das aulas presenciais com 100% da capacidade de alunos e funcionários aconteceu no dia 18 de outubro. Diferente do Estado, nas escolas municipais os pais ainda têm a opção de manter os filhos no ensino online.
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