21/08/2021 às 13h30min - Atualizada em 21/08/2021 às 13h30min
Número de queimadas em Uberlândia cresce mais de 60% em 2021
Bombeiros registram aumento nos sete primeiros meses do ano em relação ao mesmo período de 2020
SÍLVIO AZEVEDO
Bombeiros atenderam a 20 chamados de incêndios somente nesta quinta (19) | SÍLVIO AZEVEDO Com o clima seco e quente, moradores de Uberlândia estão enfrentando os efeitos das queimadas, tanto na área urbana quanto na rural, que se intensificaram nos últimos dias. De acordo com o Corpo de Bombeiros, somente nesta quinta-feira (19) foram registrados mais de 20 chamados para atendimentos a incêndios em Uberlândia. Ainda segundo a corporação, o número de ocorrências aumentou 63% de janeiro a julho de 2021 em relação ao mesmo período do ano passado.
Em 2020, de janeiro a julho, os Bombeiros registraram 677 incêndios em lotes vagos e vegetações, sendo que neste ano já foram contabilizados 926 chamados dessa natureza. Se comparado com os números dos últimos seis anos, o crescimento é ainda maior. Para se ter uma ideia, nos primeiros sete meses de 2015, por exemplo, o Corpo de Bombeiros atendeu a “somente” 193 ocorrências de queimadas, quase 380% a menos do que em 2021.
De acordo com o sargento do 5º Batalhão de Bombeiros Militares, Dhiego Costa, a maioria dos incêndios é ocasionado por ações humanas. “Os casos têm aumentado bastante. Todo o nosso efetivo operacional está à disposição deste tipo de ocorrência e o administrativo encontra-se de sobreaviso para, caso seja necessário, empenhe para reforçar a ala operacional”, destacou.
Para tentar minimizar as ocorrências, o bombeiro deixa algumas dicas, principalmente aos donos de terrenos e lotes vagos, para que realizem a limpeza dos terrenos e lotes vagos e mantenha-os cercados para evitar acúmulo de lixo e entulhos. Outra orientação para a população é não jogar bituca de cigarro em vias públicas.
“Uma bituca de cigarro, que pode dar início a um incêndio em uma área de preservação ou nas rodovias. Caso verifique princípio de incêndio, acionar imediatamente o CB pelo 193”, disse.
CLIMA
O tempo seco deve continuar até outubro. A Defesa Civil de Uberlândia emitiu alerta de baixa umidade do ar nesta quinta (19). O índice está na casa de 25%, muito abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que deve permanecer entre 50% e 80%.
Segundo o climatologista da Universidade Federal de Uberlândia, Paulo Cezar Mendes, o cenário do mês de agosto não foge do normal, com menor umidade relativa do ar, escassez de precipitação de chuva, além de ser o mês que com maior registro de queimadas, justamente pelo longo período sem precipitação e a vegetação fica muito seca.
“Este ano em especial a estação seca era pra ser mais rigorosa do que nos anos anteriores, justamente por termos os menores índices de precipitação no início do ano. Esse tempo seco deve perdurar até quando tiver a atuação, na nossa região, das massas de ar secas, que são as que predominam essa época do ano”.
As chuvas na nossa região, de forma mais abundante, costumam chegar a partir da segunda quinzena de outubro. Mas, segundo Paulo Cezar, é possível que haja pancadas de chuvas em pontos isolados, mas não são precipitações significativas, capazes de mudar esse cenário de tempo seco.
“Para o retorno das chuvas mesmo, falta em torno de um mês e meio. Enquanto isso deve perdurar esse tempo muito complicado de fumaça, poeira, tempo seco. Previsão de chuva é mesmo na primavera, em outubro”.
O climatologista ainda alerta que as poucas chuvas desse ano ocorreram em consequência do La Nina e estima que exista 70% de chances desse fenômeno se repetir em 2022. “É uma notícia muito ruim, poderemos ter período chuvoso com precipitações abaixo da média e isso pode comprometer novamente nosso período de estiagem no próximo ano. Poderemos ter uma sequência de dois anos com baixo índice de precipitação, com tempo seco mais rigoroso”, completou.
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