Uberlândia teve 7.771 postos de trabalho criados em 2021 I Foto: Celso Ribeiro Depois de nove meses desempregado, Felipe Mateus Medeiros Correia, 23, é um dos brasileiros que foram contratados no mês de junho. Vigilante, tem consciência da importância de conseguir uma vaga no mercado de trabalho em um período complicado economicamente.
“Em uma pandemia, conseguir um trabalho é muito difícil e extremamente importante, pois vem outros fatores além do risco do vírus, a gente tem que pôr comida em casa, então o trabalho é de suma importância para pais de família. Muitas pessoas ficaram desempregadas nesse período de instabilidade”, avaliou.
Desempregado, Felipe buscou se qualificar e foi contratado por uma empresa privada, o que foi um alívio. “Uma sensação surreal É inexplicável. Eu já estava angustiado querendo trabalhar. As contas não param, né? Tanto por falta de emprego no meio, a área de segurança, como tantas outras, mas o segredo é não desistir e manter a cabeça erguida. Agora deu certo! É o que importa”, opinou.
Dados divulgados pelo Governo Federal nesta quinta-feira (29) mostram um saldo positivo de empregos acumulados no ano de 2021. Em nível nacional, o número é de 1.536.717 novos trabalhadores no mercado formal. Somente em junho, esse número é de mais de 309 mil.
Na realidade local, Uberlândia fechou o mês de junho com saldo positivo de 1.320 empregos, com 9.760 admissões e 8.440 desligamentos. O acumulado do ano está em 7.771 postos de trabalho. O levantamento é do Centro de Estudos, Pesquisas e Projetos Econômico-Sociais (Cepes), da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Ainda de acordo com dados de junho, os setores de serviços e comércio foram os que mais contrataram, com 4.970 e 2.311 admissões, e demitiram, com 1.852 e 4.466 desligamentos, respectivamente. O único grupo com saldo negativo foi agropecuária, com 147 vagas desligadas.
“Esse resultado recebeu influência positiva dos saldos positivos observados nos agrupamentos de atividade Serviços e Comércio, que foram setores atingidos pela pandemia, começam a reagir com a volta de muitas das suas atividades. Mas alguns ainda seguem sem poder voltar, como o de eventos e turismo. O comércio tem a volta de alguns procedimentos. Mas, de todo modo, os resultados mostram que esses setores vêm reagindo”, explicou Ester William Ferreira, economista do Cepes/UFU.
Se comparado com o mesmo período de 2020, os números são ainda melhores. Enquanto em junho desse ano foram mais de 1,3 mil postos de saldo positivo, em junho passado foram apenas 157. Mas a diferença do acumulado chama a atenção, com o ano passado tendo um saldo negativo de 4.497.
PERFIL
O Cepes também detalhou o perfil dos trabalhadores que foram admitidos e desligados. Segundo o levantamento, das mais de 9,7 mil contratações, 5. 571 (57,1%) são de homens e 4.189 (42,9%), de mulheres.
Por faixa etária, trabalhadores com idades entre 18 e 24 anos representam 29,9% das admissões, a maior porcentagem. Jovens com até 17 anos foram 1,6%; de 25 a 29 anos, 19,2%; 30 a 39 anos, 27,1%; 40 a 49 anos,15,2%; 50 a 64 anos, 6,8% e com 65 anos ou mais, 0,2%.
Entre as pessoas admitidas, 59,3% possuem grau de instrução médio completo, enquanto superior completo representou 12%. Analfabetos foram 0,4%, fundamental incompleto 5,7%, fundamental completo, 6,5%, médio incompleto, 9,1% e superior incompleto, 7%.
Já no caso das demitidas, os perfis se mantiveram quase o mesmo. Homens foram maioria, com 58,6%, enquanto 41,6% eram mulheres. No quesito grau de instrução, profissionais com ensino médio representaram 55,4% dos desligamentos, seguidos pelos com ensino fundamental completo, 12,4%.
A única diferença dos desligados em relação aos admitidos está na faixa etária. Profissionais com idades entre 30 e 39 anos representaram o maior número de casos, com 28,4%, seguidos pelos de 18 a 24 anos, 26,1% e 25 a 29 anos, com 21,5%.
INFORMALIDADE
Apesar dos dados positivos, Ester William Ferreira alerta que os números representam apenas parte dos empregos do país, os formais celetistas, não trazendo informações sobre os informais, que foram publicados, em nível nacional, pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do IBGE, nesta sexta-feira (30).
“Sobre a informalidade, dados mostram que 40% dos brasileiros ocupados trabalham na informalidade, são 34,7 milhões de pessoas, com renda muito baixa. Nessa divulgação, a informalidade cresceu, no trimestre que finalizou em maio. No anterior, a taxa era de 39,6%, ou 34 milhões. E isso é preocupante”, avaliou.
DESEMPREGO
Outro dado que chama a atenção é a quantidade de brasileiros sem emprego. Segundo o PNAD-C, a taxa de desocupação no Brasil, no trimestre fechado em maio, é de 14,6%, ou 14,8 milhões de pessoas em busca de emprego no país.
“É uma taxa elevada e a segunda maior da série histórica iniciada em 2012. Mesmo com saldo positivo na geração de empregos formais. Dá pra falar que a economia está se recuperando? Não, porque pra falar isso, preciso mais do que resultados positivos no novo Caged. Precisamos de mais variáveis positivas e satisfatórias para falarmos em recuperação da economia e uma delas é a diminuição da taxa de desemprego”, finalizou Ester.
Saldo da geração de empregos em Uberlândia em 2021
Meses | Admissões | Desligamentos | Saldo | |
Jan | 11.125 | 8.641 | 2.484 | |
Fev | 11.396 | 8.493 | 2.903 | |
Mar | 9.822 | 9.313 | 509 | |
Abr | 8.006 | 8.141 | -135 | |
Mai | 9.256 | 8.566 | 690 | |
Jun | 9.760 | 8.440 | 1.320 | |
Acumulado | 59.365 | 51.594 | 7.771 | |
Fonte: Novo Caged/SEPRT Elaboração: CEPES/IERI/UFU |
Dados por setor - junho/2021
Grupamento de atividade econômica | Admissões | Desligamentos | Saldo | |
Agropecuária | 305 | 452 | -147 | |
Comércio | 2.311 | 1.852 | 459 | |
Construção | 1.314 | 975 | 339 | |
Indústria | 860 | 695 | 165 | |
Serviços | 4.970 | 4.466 | 504 | |
Total | 9.760 | 8.440 | 1.320 | |
Fonte: Novo Caged/SEPRT Elaboração: CEPES/IERI/UFU |