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24/07/2021 às 13h00min - Atualizada em 24/07/2021 às 13h00min

Uberlândia tem 389 casos confirmados de dengue em 2021

Número está abaixo do que o de cidades menores da região, como Uberaba, que tem 1.352 casos

SÍLVIO AZEVEDO
José Humberto Arruda aponta ações do CCZ para tentar reduzir infestação da dengue | PMU
Nos últimos anos foram altos os índices de contágio de dengue em Uberlândia, principalmente em 2016 e 2019, com 9 mil e mais de 30mil, respectivamente, casos confirmados da doença. Porém, segundo dados repassados pela Prefeitura de Uberlândia, em 2021, de janeiro até a segunda quinzena deste mês de julho, foram “apenas” 389 casos confirmados.

Os números de Uberlândia estão bem abaixo do que os de outras cidades menores da região, como Uberaba, com 1.352, e Santa Vitória, com 624 casos confirmados de dengue, segundo o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), que leva em consideração o período de janeiro a 28 de junho deste ano.
O professor da Escola Técnica de Saúde da Universidade Federal de Uberlândia (ESTES/UFU) João Carlos de Oliveira explica que existem três fatores que causam as infestações de mosquitos da dengue: doença negligenciada, modelo de vigilância e determinações sociais.

“Denominamos a dengue como uma doença negligenciada porque nossos gestores deixam de lado. Se a gente observar nos últimos 30, 40 anos, sempre teve epidemia. Isso é um primeiro ponto para se fazer a reflexão. O fato de a gente ter uma doença negligenciada, o que acontece? Modelo de vigilância, que denominamos modelo biomédico, que preocupa com a doença. Esse modelo não dá conta de responder mais a outro ponto. Aí tem o terceiro ponto, que são as determinações sociais, como políticas públicas mais coletivas”, apontou.

O professor João Carlos também não acredita que a dengue seja controlada em pouco tempo, principalmente porque os vetores sofrem mutações que acabam fortalecendo o vírus. “O nosso cenário, se pegarmos os últimos dados de dengue em Uberlândia, 2016 e 2019 foram as duas grandes epidemias. Nesse sentido a gente verifica que aqui e acolá nós temos surtos e casos de dengue e volto a insistir que é fruto de um modelo de vigilância muito preocupado com a doença e a forma como é tratada pelo poder público essa questão da mobilização. É nesse tripé, doença negligenciada, modelo de vigilância e mobilização. Temos muito a avançar. Não acredito que, nesses próximos anos, teremos um controle da dengue e outras arboviroses, até porque temos uma mutação muito rápida desses vetores”, disse.

Mesmo com a baixa nos números, João Carlos acredita que o modelo de prevenção deveria ser mudado, mas reforça que a população também deve colaborar. “O CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) está internalizado no modelo de vigilância. Jogou veneno está muito bem, porque controla uma população de vetores. A população se sente atendida, com isso, se assossega, mas o ciclo continua, porque os criadouros estão dentro de casa ou quintal. Mas acho que a Prefeitura precisava fazer um trabalho educativo mais forte”, avaliou.

De acordo com o coordenador do Programa de Controle da Dengue do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), José Humberto Arruda, os patamares de transmissão da dengue seguem um padrão de crescimento por causa da variação do vírus da dengue.

“A cada quatro anos, o número de casos aumenta, pois é um comportamento que o vírus tem. As tendências, pelo comportamento histórico da dengue, é que tenha uma reação. A explicação é que a defesa do organismo vai baixando ao longo do tempo. São quatro vírus e a cada ano há um revezamento. Nós tivemos a epidemia em 2019 com o vírus”, afirmou.   
Uma maneira de evitar esse aumento é com a prevenção. Segundo Arruda, são mais de 500 profissionais trabalhando diariamente e 20 ações diárias para tentar reduzir a infestação da doença, transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.

“Podemos citar a visita domiciliar, que é a vistoria no imóvel. Esse ano já somam mais de 493 mil visitas até o final de junho de 2021. Ações de bloqueio, onde há um cidadão com suspeita da doença, 45,5 mil imóveis, além de 5,7 mil vistorias em pontos estratégicos, como ferros-velhos e locais com possibilidade de infestação com uso de adulticidas e norbicidas. Também foram bloqueados 98 mil imóveis com a utilização de termonebulizadores. Outra ação que podemos destacar é a utilização das ovitrampas, com mais de 23 mil visitas para monitoramento, que permite um direcionamento melhor das ações”, finalizou Arruda.
 

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