Economista Benito Salomão acredita que investimento em energias alternativas evitaria impacto negativo do aumento do petróleo I Foto: Arquivo pessoal
Os preços da gasolina, óleo diesel e do gás de cozinha (GLP) foram reajustados pela Petrobrás na última terça-feira (5). O aumento médio no preço da gasolina chegou a R$ 0,16, gerando um custo final às distribuidoras de R$ 2,65 (6,3%), enquanto o diesel subiu em média R$ 0,10, chegando ao valor de comercialização de R$ 2,81 (3,7%) nas refinarias. Além dos combustíveis, o gás de cozinha está mais caro. O preço de venda teve aumento de 5,8%, sendo vendido a R$ 3,80 o quilo.
Segundo o economista Benito Salomão, o preço do petróleo tem sofrido impacto internacional pela alta do dólar e pelas flutuações internacionais de oferta e demanda da matéria prima. O especialista explica que, nesse caso específico, um impasse na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) sobre a produção que será entregue nos próximos anos tem impactado no preço, uma vez que alguns países querem aumentar a produção, enquanto outros defendem que a oferta deve continuar como está.
O aumento do preço de venda do petróleo acaba gerando uma série de impactos. Os combustíveis fósseis, como a gasolina e o diesel, acabam sofrendo correções e dificultando a vida de quem trabalha com transporte. Isso acaba fazendo com que o consumidor final pague mais por serviços de entrega, por exemplo. O preço nas bombas dos postos de combustíveis fica mais alto. Empresários do setor também reclamam das adequações, uma vez que se dizem sem alternativa a não ser alterar os preços para o consumidor final. A empresária Cibelle Rodovalho tem cinco postos em Uberlândia e optou por não repassar o reajuste total ao consumidor. Com essa decisão, a empresária sabe que vai fechar o mês no vermelho.
“A queda nas vendas foi grande, principalmente em relação ao diesel. A gente sentiu a redução na venda muito grande. Nós temos no estado de Minas Gerais a pauta do combustível, que é de 15 em 15 dias. Dia 15, o governo faz um apanhado dos preços do combustível que está sendo vendido e aí ele acrescenta o imposto. Então, toda vez que tem o aumento da Petrobras, a gente sabe que vai ter o aumento do imposto”, explicou a empresária.
Quem também está sentindo no bolso os reajustes é o motorista por aplicativo Rodrigo Passos. No ramo há cinco anos, ele diz que a cada mês tem sido mais difícil ter lucro. “Eu lembro que quando eu comecei, a gasolina estava a R$ 2,19, hoje a gasolina está aproximadamente R$ 6,09. Só que os aplicativos internacionais, que são os mais utilizados, simplesmente diminuem a margem do motorista, cobram mais do passageiro e não repassam isso para o motorista”, relatou.
Ainda de acordo com Rodrigo, mais de 50% dos motoristas de aplicativo de Uberlândia já pararam porque não têm dinheiro para manter os custos de um carro. “A cada viagem, o aplicativo fica com 41% do valor. Para conseguir um bom dinheiro no fim do mês, a carga horária de trabalho dele (do motorista) tem sido de 14 horas por dia”, concluiu.
O economista Benito Salomão diz que o país precisa, o quanto antes, estudar uma maneira de diminuir o impacto sofrido pelos consumidores com a flutuação nos preços do petróleo. Uma das maneiras mais indicadas seria no investimento de novas formas de energia. “O Brasil deveria estar discutindo a produção de energia solar, de energia eólica, incentivando a auto produção, criando linhas de créditos para que as pessoas possam produzir sua própria energia solar. Esse aumento se soma a outros 10, 15 aumentos que aconteceram ao longo do ano. Não tem condição de um país prosperar sem energia a baixo custo”, explicou o economista.