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14/04/2021 às 13h00min - Atualizada em 14/04/2021 às 13h00min

Máscaras podem conter disseminação de outras doenças

Especialistas apontam benefícios no uso da proteção que vão além da prevenção ao contágio pelo coronavírus

NILSON BRAZ
Com a pandemia, o uso da máscara se tornou um hábito I Foto: Pixabay

Lucimeire Mendes de Oliveira, de 57 anos, é dona de um salão de beleza em Uberlândia e viu a vida mudar por causa da pandemia. Não só por ter que ficar com o comércio fechado por muito tempo, mas em todos os hábitos do cotidiano. Ela conta que desde que passou a ser recomendado que todas as pessoas usassem máscaras, não saiu de casa sem a dela. Com isso, percebeu que os resfriados diminuíram bastante.
 

“Eu costumava gripar ou resfriar pelo menos duas ou três vezes por ano. Principalmente quando o tempo mudava, que estava muito calor e depois fazia frio. Agora, depois que passei a usar máscara, percebi que não gripei mais”, comentou a empresária.
 

Os especialistas afirmam que isso não é apenas uma simples percepção da população. A máscara, mesmo caseira, feita de pano, proporciona uma proteção muito grande para o nosso corpo. “O uso da máscara diminui a chance de você adquirir qualquer doença de via respiratória. Por exemplo, a rinite. Tem a rinite que é alérgica, mas tem também a rinite causada por vírus, e a gente percebeu que a incidência diminuiu muito. Gripe também, que é causada pelo vírus da influenza, o sarampo, a tuberculose, são doenças que a gente pode evitar com o uso das máscaras”, comentou o infectologista Henrique de Villa Alves.
 

Para o médico, esse hábito adquirido por causa da pandemia da Covid-19 não deveria ser tratado como algo temporário. Ele afirmou que a quantidade de partículas que as pessoas inalam usando a máscara é bem menor. Então, mesmo quem tem sinusite, rinite alérgica ou outras doenças causadas pela poluição, vão sentir menos desconforto quando estiverem com a máscara. “A população oriental já tinha o uso disseminado de máscara porque eles têm a cultura de que se está doente, tem que evitar que seja transmitido para outras pessoas. E também por causa da poluição do ar. A gente vê, principalmente na China, que tem muita poluição. Tem locais em que é difícil respirar sem uma máscara. Então, é um hábito que deveria continuar por aqui também”, disse o infectologista.
 

O profissional da saúde alerta ainda que é importante prestar atenção na utilização e reaproveitamento das máscaras, já que elas precisam estar em condições de cumprir a função de filtrar o ar. “Se você conservar bem, a máscara dura bastante. Mas como tem casos em que o tecido é mais frágil, podem surgir pequenos furos ou desgaste. Então, se a pessoa notar que isso está acontecendo, está na hora de trocar essa máscara. Sem falar que ela precisa estar sempre bem acoplada, cobrir todo o nariz, a boca, ficar bem presa no rosto, sem espaços nas laterais por onde o ar escape”, finalizou.
 

A pneumologista Adriana Castro de Carvalho também acredita nos benefícios do uso da máscara para a manutenção da saúde da população de uma maneira geral, não apenas para prevenir a contaminação pelo coronavírus. “Como a gente sabe que o vírus não vai ser eliminado tão cedo, e principalmente se ele tiver o comportamento da Influenza, de voltar em épocas específicas e com mutações, a gente vai precisar ter esse hábito de manter as máscaras. Especialmente nas épocas em que tiver mais casos. Não acho que é um hábito que a gente deva perder. É importante a gente deixar isso claro, porque a gente sabe que isso previne, não é história da carochinha”, afirmou a especialista.
 

A especialidade da médica Adriana de Carvalho lida diretamente com outras doenças que afetam o pulmão. E ela conta que percebeu uma diminuição na piora desses casos nos atendimentos que faz diariamente. A pneumologista disse não ter dúvida do papel fundamental das máscaras. “A máscara protege de poeira, pelos e em muitas outras situações, evitando doenças ocupacionais, por exemplo. A gente não pode dizer que é só pelo uso da máscara, porque junto com ela a gente teve um certo grau de isolamento. Temos também a vacinação da Influenza, que continua. Então, a gente teve uma diminuição nos casos de descompensação de pacientes com enfisema, asma. E isso também é consequência do uso da máscara”, finalizou a médica.
 

PROBLEMAS NA PELE

Mas não são apenas benefícios que esse novo hábito proporciona. O contato direto do tecido ou dos materiais utilizados na fabricação das máscaras pode causar irritação e até lesões no rosto das pessoas. Principalmente, naquelas com predisposição de ter acne, as famosas espinhas.
 

Especialistas da área cunharam um novo termo específico para esse fenômeno: Macne. São lesões muito parecidas com a acne, mas causadas pelo uso da máscara. A acne acontece quando, por algum motivo, existe uma obstrução da pele, impedindo que ela respire e que as substâncias naturais da nossa pele saiam. Os médicos chamam esse fenômeno de oclusão. O fato de ter um objeto em frequente contato com a pele pode fazer com que essas obstruções sejam mais frequentes. 
 

“Quem tem a pele muito oleosa e usa uma máscara com o tecido muito fechado, que não deixa respirar muito, pode piorar a acne. Tem uma doença de pele, comum na região perto da boca, que é a dermatite pele oral. É como se fosse uma sensibilidade maior da pele nessa área, que, com a fricção do tecido, pode piorar”, explicou a dermatologista Juliana Gumieiro.
 

Mas, para a médica, isso não é motivo para abandonar a prevenção. “Para quem sofre com o uso das máscaras, é recomendado usar um tecido mais respirável, como o algodão, ou as máscaras descartáveis. Outro cuidado é manter a proteção sempre limpa e não deixar que fique úmida. Para quem passa maquiagem, é bom evitar usá-la debaixo da máscara. E se aparecer alguma lesão, é muito importante procurar um dermatologista”, finalizou.

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