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17/03/2021 às 12h05min - Atualizada em 17/03/2021 às 12h05min

Cresce número de mortes de pacientes com idades entre 20 e 50 anos em Uberlândia

Relaxamento com as medidas protetivas e variantes do coronavírus são alguns dos fatores que contribuem com o cenário caótico da cidade

BRUNA MERLIN
A cidade de Uberlândia se encontra na pior fase da pandemia da Covid-19. Dia após dia, o município bate recordes no número de vítimas fatais. Antes, a maior preocupação era com os idosos, mas o cenário mudou e muitas pessoas com idades entre 20 e 50 anos estão sendo internadas e perdendo suas vidas pela doença.

Desde o início de fevereiro, a situação da cidade vem se tornando cada vez mais caótica. Além do aumento no número de casos confirmados para o coronavírus, a elevação na quantidade de óbitos também preocupa.

A partir da segunda quinzena do mês, os boletins epidemiológicos da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) começaram a divulgar 10, 15, 20 e até 25 mortes por dia. Entre as vítimas estão pacientes jovens, adultos e idosos.

Conforme apurado pelo Diário de Uberlândia, através dos dados divulgados pela SMS, de 16 de fevereiro a 10 de março foram registradas 419 mortes em decorrência da Covid-19. Dessas, 50 se tratam de pacientes com idades entre 20 e 50 anos. Veja a tabela abaixo.
 
Idades Número de mortes entre 16 de fevereiro a 10 de março
20 a 30 anos 6
31 a 40 anos 17
41 a 50 anos 27
 
Se comprado com o mesmo número de dias antecedentes, ou seja, de 24 de janeiro e 15 de fevereiro, foram computados somente 5 óbitos de vítimas com idades entre 20 a 50 anos de idades. Ao analisar os dados de 1º de dezembro a 23 de janeiro, nenhuma morte com a faixa etária apresentada foi registrada na cidade.

Segundo o epidemiologista do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Stefan Vilges de Oliveira, a evolução da doença mudou nos últimos meses e essa constatação mostra que jovem têm adoecido mais e apresentado quadros clínicos mais graves.

“Ao analisarmos os casos deste ano e os casos do ano passado, nós observamos que o perfil dos pacientes está diferente”, destacou.
 
FALTA DE CUIDADOS E VARIANTES
Um conjunto de motivos fez com que a quantidade de casos e mortes, principalmente em pessoas mais jovens, aumentasse na cidade. Uma delas é a despreocupação com a contaminação que ficou maior nos últimos meses.

Após tantos meses de pandemia, muitas pessoas acabaram de desligando das regras básicas para evitar o contágio da Covid-19. Além de frequentarem bares e festas lotadas, o uso da máscara de proteção individual e álcool em gel foi ficando esquecido na rotina de vários cidadãos.

Além da falta de cuidado, outro fator que está influenciando no aumento de pessoas contaminadas é a presença das variantes do coronavírus, de Manaus e do Reino Unido, no município. As mutações têm um índice maior de contágio e letalidade.

“As variantes têm grande influência para essa ocorrência explosiva de casos e óbitos. Por ser mais transmissível, ela irá afetar mais pessoas, incluindo as pessoas mais jovens”, explicou Stefan de Oliveira.

Entretanto, o epidemiologista ressalta que o avanço de doença infecciosas, como a Covid-19, ocorre devido a múltiplos fatores que acontecem de forma simultânea. “Além das variantes, o negacionismo ao risco e a falta de medidas rígidas e fiscalização tem corroborado para o agravamento da pandemia”, detalhou.
 
MEDIDAS
Para o infectologista e membro do Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid-19, Marcelo Simão, a cooperação da população é determinante para a diminuição do contágio. Segundo ele, o Município tentou por diversas vezes orientar os cidadãos sobre os riscos, mas não foi suficiente.

“O Comitê sofre uma pressão muito grande de todos os lados. Por várias vezes tentamos aplicar medidas moderadas e pedimos pelo apoio da população para que cumprisse com o distanciamento social, mas isso não foi acatado”, disse.

Ainda de acordo com Simão, a falta de compreensão dos moradores resultou no agravo dos casos e consequentemente a cidade teve que entrar em uma fase rígida de contenção da contaminação. “Chegaram as festas de fim e começo de ano e era como se não existisse pandemia. Bares e festas lotadas. Infelizmente, essas atitudes trouxeram consequência mais rígidas”, complementou.

O infectologista defendeu a fase rígida que foi implantada na cidade na segunda quinzena de fevereiro e prorrogada até o dia 19 de março. A fase impõe toque de recolher das 5h às 20, fechamento das atividades não essenciais e lei seca.

“Já foi divulgado que essas medidas estão surgindo efeito. O índice de contaminação está caindo e nosso objetivo é que ele fica abaixo de 1%”, frisou.

Por fim, o membro do Comitê reforçou sobre a importância da vacina. Conforme dito por ele, o imunizante é a única solução para a pandemia. “Somente a vacina poderá trazer as coisas para o normal novamente. É um processo lento, mas todos serão vacinados. E até lá contamos com o ajuda da população”, concluiu.


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