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19/11/2020 às 15h00min - Atualizada em 19/11/2020 às 15h00min

Um quarto da população de Uberlândia já teve contato com o coronavírus, diz médico

João Lucas O'Connel disse que não crê em segunda onda da doença, mas alerta para manutenção de cuidados

SÍLVIO AZEVEDO

Em algumas cidades brasileiras é crescente o número de casos de Covid-19 após um período chamado platô, com a linha de contaminação estabilizada. Com isso, alguns especialistas de saúde têm alertado para uma possível segunda onda de contaminação da doença, que já matou mais de 166 mil pessoas no país. Em Uberlândia, o número de casos confirmados ultrapassou os 37 mil e quase 700 óbitos, segundo o último boletim epidemiológico divulgado nesta quarta-feira (18) pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

Para o cardiologista e professor de clínica médica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), João Lucas O'Connel, como a onda no Brasil foi mais duradoura, acabou abrangendo uma porcentagem maior da população.

“Acredita-se que pelo menos 30% das maiores cidades do Brasil já tenham entrado em contato com o vírus. Com os dados confirmados, a gente sabe que temos, pelo menos, de seis a oito vezes mais gente que teve contato com o vírus e ficou assintomático e que, provavelmente desenvolveu anticorpos e não entrou na estatística”.

Em Uberlândia, o médico estima que um quarto da população tenha tido contato com a doença, mesmo que de forma assintomática. “Isso faz com que a possibilidade de uma segunda onda seja remota. Pode até voltar a crescer um pouco o número de casos, mas pra chamar de onda, uma contaminação mais extensa da população, ainda mais quando nos aproximamos do verão, é muito difícil que a gente tenha essa segunda onda”.

Mesmo com essa visão, João Lucas faz um alerta para que a população cumpra o seu papel, principalmente porque as unidades de saúde retornaram com os atendimentos eletivos e não exclusivamente para pacientes com a Covid-19, diminuindo a oferta de vagas.

“Os hospitais voltaram a receber pacientes infartados, AVCs, acidentados, pós-operatório, pacientes que voltaram a se tratar de câncer. Então, os hospitais já estão cheios, e qualquer aumento no número de casos vai voltar a superlotar as unidades de saúde. Por isso, as pessoas têm que continuar a tomar todos os cuidados, porque mesmo que a gente não tenha uma segunda onda significativa, um aumento no número de casos, de 20%, 30%, já vai sobrecarregar os hospitais que estão comprometidos”, alertou o médico.

Nesta semana, a Prefeitura anunciou a desativação de 42 leitos de UTIs que estavam no Hospital Municipal (10) e no Santa Catarina (32) por redução na demanda de pacientes acometidos com a doença. Porém, segundo o Município, esses leitos “seguem equipados e preparados em caso de necessidade de reativação. As equipes foram remanejadas e, se necessário, serão chamadas a atuar novamente nestes leitos”.

“Como aqui na cidade estava tendo uma ociosidade nos leitos, acredito que os recursos humanos e físicos, com aparelhos, foram deslocados para onde o serviço público precisa mais. Não justifica a gente ficar na expectativa de ter uma segunda onda com as pessoas ociosas lá. O segredo é o remanejo rápido. O ideal é fechar os leitos e desviar os recursos para onde seriam mais bem utilizados”, salientou o cardiologista.

Segundo dados do último boletim municipal diário, publicado nesta quarta (18), a rede municipal de saúde está com taxa de ocupação de leitos de UTI em 78%, e exclusivos para atender pacientes com Covid-19, 53%, além de 14 leitos de emergências disponíveis em Unidades de Atendimento Integrado (UAI) com estrutura semelhante à UTIs.


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