Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90
25/10/2020 às 08h00min - Atualizada em 25/10/2020 às 08h00min

Pesquisadora de Uberlândia explica sobre probabilidade de animais transmitirem o coronavírus

Especialista diz que pets não são transmissores, tanto para outros animais quanto para humanos, e que é raríssima a possibilidade de contraírem o vírus

BRUNA MERLIN

Após a repercussão da notícia de que um gato testou positivo para o coronavírus no Brasil, muitas dúvidas sobre a possibilidade dos animais transmitirem o vírus surgiram de forma imediata. Em razão disso, o Diário de Uberlândia conversou com uma especialista que explicou sobre a probabilidade e o perigo que a falta de informação pode acarretar.

Segundo a pesquisadora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia, Aline Santana da Hora, não existe nenhum relato ou comprovação científica, tanto no Brasil quanto em outros países, de que os animais de companhia podem transmitir o vírus Sars-CoV-2 para humanos ou outros animais. Além disso, é raríssimo que eles contraiam o vírus.

“A Covid-19 é uma doença humana e não manifesta sinais de doença em animais. No caso do gato de Cuiabá (MS), ele contraiu o vírus dos próprios donos e isso não representa nenhum perigo para outros animais de companhia ou humanos. Os animais não são transmissores do vírus”, explicou ela.

Aline Santana também explica que, por se tratar de uma enfermidade exclusiva de humanos, é possível dizer que os animais não desenvolvem a doença e muito menos apresentam sintomas da infecção. “Não existe uma comprovação de que o animal possa apresentar algum mal estar e que possa ter reações semelhantes a dos humanos. O vírus não é prejudicial à saúde dos animais, inclusive ele fica por poucos dias no organismo deles”, complementou.
 
ABANDONO
Devido ao pânico, somado à falta de informação ou informações equivocadas, muitas pessoas acabam abandonando cachorros e gatos nas ruas. Entretanto, a pesquisadora explicou que apenas um caso isolado não é motivo para esse ato de crueldade.

Ainda de acordo com Aline Santana, não é necessário a procura de veterinários para a prática de eutanásia ou para a realização de testes de detecção do vírus ou anticorpos dos animais. “Vimos muitas pessoas procurando clínicas para fazer a testagem e isso não é necessário porque não existe nenhuma recomendação”, frisou.
 
Sempre é bom reforçar que o abandono de animais, assim como maus-tratos, é crime no Brasil. Com a atualização na lei 1.095/2019, divulgada no fim do mês de setembro, tais atos podem acarretar em até cinco anos de prisão, além de multa e proibição de guarda de novos bichos.
 
PASSEIOS
Muito tem se falado sobre os cuidados que devem ser tomados em relação aos passeios dos pets, principalmente de cachorros, já que o vírus pode ficar alojado nos pelos ou patas dos animais. A pesquisadora Aline contou que as recomendações feitas pelo Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos apontam que a transmissão do coronavírus através de superfícies é considerada insignificante.

“Nós sabemos que o vírus pode continuar viável sobre algumas superfícies ou objetos, mas as chances de contágio são pequenas. O grande perigo está nas ações humanas porque muitos vão caminhar com os pets em lugares e horários com bastante aglomeração, não utilizam máscaras e às vezes conversam com outras pessoas no trajeto”, continuou.

A higienização das patas dos animais pode continuar sendo feita pelos tutores, mas são necessários cuidados e produtos específicos para os pets. A especialista reforça que não se deve usar água sanitária, álcool em gel ou outro material indicado para humanos ou como produto de limpeza de ambientes.

“As patas podem ser lavadas com água e  shampoo específico para o pet. Mas, é importante ressaltar que o excesso de lavagem pode prejudicar a saúde do animal, principalmente em tempo de chuva e com maior umidade, ocasionando infecções na pele. O ideal seria utilizar sapatilhas específicas para animais durante o passeio e depois retirar quando entrar em casa”, concluiu.

Por fim, a pesquisadora informou que a convivência com animais traz muitos benefícios aos humanos. Segundo ela, os pets podem ajudar a aumentar a imunidade dos tutores, diminuindo as chances da Covid-19. Além disso, eles são ótimas companhias e distração para esse momento de estresse que a pandemia trouxe, melhorando assim a saúde mental.


VEJA TAMBÉM:

Crimes violentos têm redução de 41% em Uberlândia, segundo a PM


 

Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Diário de Uberlândia | jornal impresso e online Publicidade 1140x90