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04/10/2020 às 08h30min - Atualizada em 04/10/2020 às 08h30min

Primeiro transplantado de medula óssea pelo HC-UFU se recupera em casa

Douglas Cristiano Henrique de Oliveira passou pelo transplante autólogo, procedimento que usa as células usadas do próprio paciente

SÍLVIO AZEVEDO
Paciente foi submetido ao procedimento no fim de agosto em Uberlândia | Foto: Arquivo pessoal
No último sábado (26), o Diário de Uberlândia mostrou que em Uberlândia houve queda no número de transplantes de córnea e rim por causa da Covid-19. Hoje, vamos contar um pouco da história do Douglas Cristiano Henrique de Oliveira, 34, que há dois anos luta contra um linfoma. Ele foi o primeiro paciente a receber um transplante autólogo de medula óssea no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU).

Os transplantes autólogos são aqueles em que o próprio paciente é doador das células-tronco que serão infundidas, com o objetivo de tratar doenças como linfomas, tumores sólidos e mieloma múltiplo.

Após a descoberta da doença, o tratamento começou com as quimioterapias, radioterapias, e um transplante não estava nos planos do gestor de RH. Porém, os exames de rotina mostravam que a enfermidade ainda persistia e as internações foram constantes.

“As quimioterapias mais fortes, eu ficava seis dias no hospital e tinha que fazer várias quimioterapias de 24 horas, com isso diminuiu um pouco a doença. O procedimento que eu já vinha fazendo tinha resolvido, mas o transplante veio para ter três vezes mais chances de cura”.

O transplante foi realizado no dia 28 de agosto, e Douglas teve a enxertia da medula confirmada 10 dias depois, tendo alta em 11 de setembro para se recuperar em casa. Os resultados dos acompanhamentos mostram avanço no quadro de saúde do gestor de RH, que está focado em se recuperar completamente para voltar ao trabalho.

 
“A minha vida hoje está na pós-recuperação e estou bem, graças a Deus. Já fiz dois acompanhamentos depois do transplante, depois da alta. Os exames estão bons, mas ainda não posso voltar a trabalhar porque todo esforço que faço é muito. Não posso pegar peso. O mínimo que faço já cansa”.

Douglas comentou que o fato de ser o primeiro paciente a receber o procedimento no HC-UFU foi um alívio, pois uma viagem para se tratar em São José do Rio Preto (SP), a 285 quilômetros de Uberlândia, estava agendada, mas foi adiada por conta da pandemia.

“É um orgulho muito grande, uma dádiva de Deus. Primeiro porque a gente ia para São José do Rio Preto (SP), mas não foi possível devido a pandemia. Estava tudo planejado. Mas, a UFU tem estrutura, tem equipe, é referência, os médicos são capacitados, já conhecem o trabalho. E como Uberlândia atende a região, a gente não vai precisar mais sair daqui para ir para outros estados”.

TRANSPLANTE
Para realizar o transplante, a primeira etapa é a coleta de células-tronco, que são armazenadas a uma temperatura de -190º C. Em seguida, o paciente tem a medula doente destruída em sessões de quimioterapia para que o material coletado, já descongelado, seja infundido através de um cateter. 

 
“O transplante de medula-óssea é um pouco diferente dos demais, porque tem processo de retirada e colocação de órgãos dentro de um centro-cirúrgico, e geralmente o procedimento termina ali, depois tem a recuperação. Já no da medula, por ser um órgão gelatinoso, que está no interior dos ossos, o processo requer quimioterapia em altas doses e isso querer hospitalização, um tempo maior de internação e o paciente fica mais frágil, com imunidade mais baixa”, explicou o responsável técnico pelo Transplante de Medula Óssea, Virgílio Farnese.

Até por essa razão, explicou Virgílio, é necessário que o paciente seja acompanhado por uma equipe multidisciplinar. “O transplante requer acompanhamento conjunto de fisioterapeuta, nutricionista, pois o paciente pode ter dificuldade para se alimentar, enfermeiro, psicólogo por causa da internação prolongada, um assistente social devido às dificuldades, pois tem que sair do trabalho por um tempo, fora as outras especialidade médicas, como o oncologista. Envolve uma equipe grande que precisa trabalhar em conjunto para assistir ao paciente”.

Douglas conversou com a reportagem e contou como está o processo de recuperação | Foto: Arquivo pessoal

ESTRUTURA

Atualmente o HC-UFU conta com oito leitos recém-inaugurados de transplante autólogo de medula óssea e estão programados mais 10 procedimentos para as próximas semanas. Segundo Virgílio Farnese, a perspectiva é que os serviços sejam ampliados.

“O transplante de medula é feito dentro da própria unidade de transplante. Agora que fizemos o primeiro, temos a perspectiva de fazer 40 por ano na cidade e já estamos trabalhando para oferecer nos próximos meses o procedimento para crianças e de doadores, pois hoje só temos autorização para fazer o autólogo, que é do próprio paciente”.

Para Farnese, a unidade de transplante já oferece estrutura suficiente para conferir essa nova complexidade. “Seria somente o tempo de experiência da equipe, como um todo, para começar a oferecer essas modalidades de transplante de medula óssea”.

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