HC-UFU é referência em transplantes e tem estrutura para receber pacientes de diversas cidades | Foto: Arquivo/Diário de Uberlândia
Com a chegada do novo coronavírus, o número de transplantes de rins e córnea teve uma queda significativa em Uberlândia. Por outro lado, a fila de espera de pacientes continua aumentando, conforme aponta a MG Transplantes que representa a Organização de Procura de Órgãos e Tecidos (OPO Oeste), responsável pelos procedimentos de 87 municípios do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.
No Brasil, segundo dados do Ministério de Saúde (MS), no primeiro semestre deste ano foram realizados 9 mil transplantes, incluindo de coração e fígado. Esse quantitativo representa uma queda de 37% em relação ao ano passado que foram realizadas 15 mil cirurgias.
Segundo o médico da MG Transplantes, Marcus de Freitas, em Uberlândia e outros municípios da região atendida pela OPO Oeste, até agosto de 2020, foram executados 38 transplantes de córnea e 16 renais. Ainda de acordo com os dados da MG Transplantes, em todo o ano de 2019 foram realizados 176 procedimentos de córnea e 46 renais.
Atualmente, a região tem capacidade para realizar somente os transplantes de rins e córneas devido à falta de equipe. As cirurgias são direcionadas para diversas unidades de saúde dos municípios, principalmente ao Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) que tem estrutura para receber pacientes de outras cidades.
“Outros órgãos como fígado e coração chegam a ser captados nessas cidades, mas em razão da falta de equipe, os procedimentos são direcionados para capitais do país”, continuou.
CAUSAS Ainda de acordo com Marcus, o cenário de redução está diretamente ligado à pandemia já que muitas cirurgias foram canceladas ou adiadas. Além disso, a logística de voos que transportam os órgãos foi reduzida e muitos leitos de Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) acabaram sendo direcionados aos tratamentos da Covid-19.
“Muitos pacientes também se recusam a fazer a cirurgia devido aos riscos da internação mediante à possibilidade de infecção do coronavírus. O medo também influencia nessa queda de transplantes executados”, ressaltou.
Entretanto, as filas de espera continuam aumentando. O médico regulador da MG Transplantes explica que ainda não há um levantamento fechado em relação à quantidade de pacientes que aguardando por um transplante em Uberlândia, mas garante que o número de pessoas em espera pelos procedimentos aumentou nos últimos meses.
“A grande maioria dos pacientes que estão aguardando trata dos que fazem terapia renal e esperam por transplantes de rins”, concluiu ele.
SETEMBRO VERDE Durante todo o mês de setembro, é realizada a campanha nacional Setembro Verde, que busca promover a conscientização sobre a doação de órgãos. O projeto idealizado pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) tem como objetivo levar mais informações às pessoas sobre a importância de ser doador de órgãos e tecidos, visando salvar a vida de outras pessoas.
Conforme dito pelo médico da MG Transplantes, Marcus de Freitas, a doação ainda é um assunto pouco falado entre as famílias pois muitas ainda enxergam como algo invasivo. “Em mais de 50% dos casos em que se aplica doação de órgão e tecido, as famílias recuam e não permitem o procedimento. A falta de informação sobre a importância é um dos fatores que mais dificultam o crescimento da quantidade de doações”, complementou.
Marcus ressaltou ainda que os procedimentos burocráticos são muito mais rápidos e eficaz quando a família já conhece a relevância dos transplantes e o que eles podem ofertar para outras pessoas que necessitam. Por isso, a MG Transplantes realiza serviços de orientações e apoio para aumentar essa rede de informação em relação a doação de órgãos e tecidos.