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22/09/2019 às 12h17min - Atualizada em 22/09/2019 às 12h17min

Bioma do Triângulo e Alto Paranaíba conta com diversas opções para amantes do ecoturismo

Uberlândia tem se tornado referência na atividade com cachoeiras e trilhas

SÍLVIO AZEVEDO
Rapel praticado em cachoeira de Furnas em Indianópolis | Foto: André Barcelos
Para as pessoas que amam a natureza e estão sempre em busca de opções de lazer e esportes, Uberlândia e região têm se tornado uma das referências do ecoturismo em Minas Gerais. São inúmeras cachoeiras, pontos de mergulho, canoagem, standup paddle, além das trilhas nos parques florestais.

A região contempla quatro parques de proteção integral, seja estadual ou federal. O Parque Estadual do Pau Furado, em Uberlândia e Araguari, Refúgio de Vida Silvestre dos Rios Tijuco e da Prata, Serra da Canastra, que pega um pedaço do Alto Paranaíba, e o Parque Estadual dos Campos Altos.

O ecoturismo também movimenta a economia regional, mas tem potencial para render muito mais. Para o biólogo Gustavo Malacco, os parques e atrativos são opções que estão ao alcance da população com mais facilidades, principalmente de locomoção. Para ele, uma parceria com o setor privado poderia alavancar ainda mais a rentabilidade e aumentar o interesse da população.

“Eu acredito nas Parcerias Público-Privadas, em sistema de concessão de um uso turístico de um lugar desse, para que possa incrementar essas atividades de ecoturismo como temos em outras partes do estado. Se você pega o Parque Estadual do Ibitipoca [no sudoeste do estado] é fantástico, com uma visitação muito representativa”.

Ele aponta o Parque Estadual do Pau Furado como um potencial alvo para uma PPP bem-sucedida. “Eu acredito que se tiver uma Parceria Público-Privada, por estar a apenas 15km, 20km de Uberlândia, poderiam ser instalados diversos empreendimentos de ecoturismo. Por que Uberlândia, tendo um parque desses, não poderia ser um local que poderia ter turistas, usando de forma sustentável e gerando renda para a comunidade em volta? ”, questiona.

O Pau Furado foi a primeira unidade de conservação estadual criada na região do Triângulo Mineiro, no ano de 2007. O parque possui 2,2 mil hectares de área entre Uberlândia e Araguari. Em uma das regiões do estado mais atingidas pelo desmatamento, a área de conservação abriga importantes remanescentes do bioma Cerrado.

O Parque Estadual do Pau Furado estava fechado e foi reaberto para visitação em junho de 2018. A área contava apenas com uma trilha, a do Marimbondo, que dá acesso à cachoeira que leva o mesmo nome. Em março deste ano duas outras trilhas foram abertas para a população, a do Angico e da Prainha, que leva às margens do Rio Araguari.

Atualmente o Parque do Pau Furado está fechado para visitação devido ao incêndio que teve início na última terça-feira (17).

CACHOEIRAS
Festival de highline realizado na cachoeira Rio Claro | Foto: André Barcelos


As cachoeiras da região são um atrativo à parte. Em um raio de 50km de Uberlândia são encontradas aproximadamente 120 cachoeiras mapeadas. A região é beneficiada pelo relevo, que permite um ambiente ainda mais propício para quem gosta de aventura ecológica, misturada com a prática esportiva.

“As cachoeiras têm potencial de esporte e aventura, por estarem enquadradas na geomorfologia que proporciona cachoeiras altas, com vasão hídrica boa para formação de cânions para a pratica de rafting. Tem também o rapel, tirolesa e outros tipos de turismo, que é a observação de pássaros, e o turismo contemporativo que é chegar e observar a beleza cênica e aproveitar o local”, explicou o consultor ambiental André Barcelos.

Segundo Barcelos, a falta de conscientização das pessoas também ajuda para que muitos proprietários rurais não permitam que as cachoeiras sejam mais bem exploradas economicamente. “[A região] Tem potencial ecoturístico muito grande, porém não é aproveitado da forma certa porque a maioria das cachoeiras aqui está em propriedades privadas e alguns proprietários dificultam o acesso, pois tem a questão da ciência das pessoas que frequentam e nem sempre deixam o local limpo”.

Ainda com toda a dificuldade, o ecoturismo tem o seu público fiel. E quem ganha com isso são as empresas especializadas. “Muitas vezes o público desconhece o ecoturismo em Uberlândia por não acreditar ou conhecer o potencial ecoturístico que tem a região. Mas existe um público e a demanda vem crescendo cada vez mais. Tenho amigos que trabalham com turismo de aventura aqui na região e conseguem se manter somente com a renda do ecoturismo”, disse o consultor.
 
AVENTURA
Descida de caiaque no rio Claro | Foto: João Faria


Aproveitando a quantidade de opções, muitas empresas têm oferecido serviços de turismo de aventura, levando pessoas para prática de esportes em cachoeiras, cânions e outros locais. João Paulo Hordones Faria, da Bora Remá Turismo, é um dos investidores que conhecem bem a região. “Aqui tem um grande potencial natural. Existem muitas cachoeiras, rios e locais para a prática do turismo de aventura na região, mas não estão segmentados. Nossa especialidade é o rafting, que é prática de descida em corredeiras em equipe utilizando botes infláveis e equipamentos de segurança”.

Dentre os lugares mais procurados por amantes de aventuras, João Faria diz que os favoritos são os rios e cachoeiras. “No rafting, atuamos em quatro rios. Dois trechos do Rio Uberabinha, dois trechos do Rio das Pedras, que é o principal rio, com o rafting mais emocionante. Já nos rios Claro, em Nova Ponte, e o Jordão, em Araguari, oferecemos um serviço em formato de expedição, que é um pouco mais demorado”.

Para os apreciadores de águas mais calmas, outra atração são as represas que proporcionam passeios em barcos, lanchas, caiaques e standup paddle. Em época de lua cheia, um dos programas mais atraentes é o luau que acontece na represa de Capim Branco, no restaurante Recanto das Águas.
 
Turismo de Observação
Uma modalidade de turismo que tem crescido vertiginosamente é o de observação de aves, ou o birdwatching. De acordo com o biólogo Gustavo Malacco, a prática já é consolidada no mundo e o Brasil ganha cada vez mais adeptos, girando a economia com o comércio de câmeras fotográficas, ocupação de hotéis e contratação de guias.

“Na observação da fauna silvestre, temos locais interessantes, como em Uberaba. O próprio Parque do Pau Furado dá para fazer trilhas de observação. Ali tem mais de 200 espécies de aves. Nos parques municipais você pode criar uma atitude de observação de vida silvestre. Aqui em volta temos muitos locais com potencial turístico”, disse Malacco.

Ainda de acordo com o biólogo, em Uberaba existe uma área não protegida que é o único local do Estado onde se encontra a espécie de ave curiango-de-rabo-branco. No Brasil, só é encontrada também no Parque Nacional das Emas (GO). “Ou seja, um gringo que pratica a observação de aves, seja ele americano, europeu ou chinês, pode vir para cá. Uberaba é um local mais fácil de se chegar do que o Parque Nacional das Emas, que tem uma estrutura aeroviária muito ruim”.

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