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27/08/2019 às 17h31min - Atualizada em 27/08/2019 às 18h36min

​Réus são condenados por torturar e matar mulher que delatou quadrilha em MG

Crime ocorreu em Monte Alegre de Minas; Kellen Cristina teve os dedos decepados e o corpo queimado antes de morrer

CAROLINE ALEIXO
Três réus acusados pelo homicídio qualificado de Kellen Cristina Cordeiro, de 36 anos, foram condenados pelo júri popular nesta terça-feira (27). O crime ocorreu em 2016, na cidade de Monte Alegre de Minas, praticado por uma quadrilha de tráfico de drogas com atuação em outras cidades do Triângulo Mineiro, incluindo Uberlândia.

Segundo a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), a vítima foi torturada por cerca de sete horas após delatar os autores às autoridades. Ela teve o cabelo raspado, três dedos das mãos arrancados e jogados para cães, o corpo queimado por diversas vezes, além de ter sido espancada com golpes de pau envolvido com arame farpado.

O MPE denunciou sete pessoas pelos crimes de associação para o tráfico, extorsão mediante sequestro, crime de coação no curso do processo e homicídio quadruplamente qualificado por motivo torpe, emprego de tortura, emprego de asfixia e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. 


O processo foi desmembrado e dois já haviam sido condenados pelos crimes, entre eles, Natacha Daniely de Souza, apontada como chefe da quadrilha. Uma terceira pessoa morreu antes de ser julgada.

Na sessão do júri na comarca de Monte Alegre, que durou mais de 20 horas, foram julgados Hélio Pereira dos Anjos Junior, William Pereira da Silva Filho, Thiago Ferreira Arruda e Diogo dos Santos Guerra, este último absolvido por falta de provas.

Somadas, as penas dos três condenados chegam a quase 90 anos de reclusão em regime fechado. Leia mais abaixo.

O CRIME  
De acordo com a denúncia oferecida pelo promotor de Justiça da 5ª Promotoria Criminal de Uberlândia, Thiago Ferraz de Oliveira, os réus se associaram para o tráfico de drogas e formaram uma espécie de “tribunal de punição” para aqueles que delatavam a venda de drogas na cidade.

“Se trata de uma quadrilha de tráfico de drogas que atuava na região, mas tinha um subgrupo em Monte Alegre comandado pela Natacha”, comentou o promotor.

Em julho de 2016, os autores sequestraram Kellen e uma segunda mulher, além de um rapaz que devia R$ 200 aos traficantes. Kellen foi a única torturada e que acabou sendo morta pelos criminosos.

“A Kellen era usuária de drogas e falava para todo mundo quem eram as pessoas que vendiam droga na cidade. Por ordem de uma pessoa identificada por Marciano, que estava preso no Jacy de Assis [presídio de Uberlândia], ele comandou através da Natacha esse tribunal para punir a vítima”, disse Ferraz.  

Kellen foi torturada de 13h até 20h sofrendo queimaduras no rosto, lábios, braços, pernas e ainda teve as partes íntimas expostas. Consta na denúncia que, à medida que se formavam bolhas na região em que os criminosos ateavam fogo, eles apagavam com o uso de um cobertor.

Após a sessão de tortura, a mulher foi levada até um matagal às margens da BR-365, sentido a Ituiutaba, onde foi asfixiada e morta pela organização criminosa, que abandonou o corpo no local. A polícia localizou o corpo quase dois meses depois do crime.

SENTENÇA
A sessão do júri finalizou por volta das 4h30 desta terça-feira e a sentença foi proferida pelo juiz Clovis Silva Neto. Hélio Pereira foi condenado a 36 anos e três meses de reclusão, além de pagamento de 835 dias-multas. O réu está foragido.

Já William Pereira da Silva foi sentenciado a 33 anos de reclusão e 720 dias-multas. Ele está preso na comarca de São Francisco, no Norte de Minas, por ser considerado de alta periculosidade e oferecer risco à penitenciária de Uberlândia, segundo o MP. 

Por fim, Thiago Arruda foi condenado a 19 anos de reclusão e 700 dias-multa. Ele também foi preso durante as investigações e se encontra do Presídio Professor Jacy de Assis em Uberlândia.

Os três deverão cumprir as penas inicialmente em regime fechado. 
O advogado de William informou que vai recorrer da sentença junto ao Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) em relação ao homicídio qualificado. Segundo Adailson Lima e Silva,
o cliente não teve participação na morte de Kellen e nos autos constam os nomes de dois autores confessos do assassinato.  

O advogado de Hélio foi nomeado pelo juiz e depende do contato da família do réu para saber se vai recorrer. 
O Diário não conseguiu contato com a defesa de Thiago até o início da noite desta terça-feira (27).
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