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11/07/2019 às 07h12min - Atualizada em 11/07/2019 às 13h51min

Operação La Casa de Papel desarticula grupo suspeito de ataques a caixas eletrônicos

Investigações conduzidas pelo Gaeco de Uberlândia apontam mãe e filho como líderes da organização; mandados foram cumpridos nesta quinta (11)

CAROLINE ALEIXO
Em entrevista à imprensa, coordenador do Gaeco comentou vazamento de áudios da operação | Foto: Diário de Uberlândia
Integrantes de uma quadrilha suspeita de participar de explosões a caixas eletrônicos em Santa Vitória e Unaí, no Noroeste de Minas, são alvos da Operação “La Casa de Papel”, desencadeada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e a Polícia Militar (PM) na manhã desta quinta-feira (11) em Uberlândia.

A ação visou o cumprimento de 20 mandados de prisão preventiva e 15 de busca e apreensão. A maioria dos mandados foi cumprida na região do bairro Luizote de Freitas. Apenas dois dos alvos continuavam foragidos até o início desta tarde. Houve ainda duas prisões em flagrante por tráfico de drogas de pessoas que não tinham envolvimento com o grupo.

Durante as investigações foram efetuadas sete prisões em flagrante desses membros por porte ilegal de armas, posse de explosivos e tráfico de drogas. Três dos investigados permaneciam presos no presídio de Uberlândia, incluindo um dos líderes da organização. 

Apesar dos crimes apurados terem ocorrido em outras cidades do interior, o grupo é sediado em Uberlândia. Os 20 investigados já foram denunciados por crime de organização criminosa e a ação penal tramita na 3ª Vara Criminal da comarca de Uberlândia. As investigações continuam para identificar outros membros e crimes cometidos pela quadrilha. 

VAZAMENTO
O Diário questionou os promotores do Gaeco durante entrevista à imprensa, nesta manhã, sobre o vazamento de áudios trocados pelos criminosos, inclusive de dentro da unidade prisional, e que foram divulgados por um veículo de comunicação da cidade.

O promotor de Justiça e coordenador do Gaeco, Daniel Martinez, esclareceu que a intercepção telefônica é uma medida cautelar sigilosa e só pode ser retirado o sigilo sob ordem judicial, o que não foi solicitado pelo Ministério Público. Reiterou ainda que o vazamento é crime e que não teria partido do órgão. 

“Vários veículos de imprensa me pedem em várias operações e a coordenação do Gaeco não oferece esse tipo de material, se alguém obteve foi por outros meios que não pelo Gaeco. É ilegal, é crime", respondeu.

LA CASA DE PAPEL
O nome da operação foi pensado em referência à produção espanhola do catálogo da Netflix, que trata sobre um grupo de pessoas que executa um roubo à Casa da Moeda da Espanha, com reféns. As investigações iniciaram no ano passado após a prisão de um dos suspeitos do ataque a caixas na cidade do Noroeste de Minas. Ele foi preso em Uberlândia em fevereiro de 2018 ao ser flagrado pagando pedágio e abandonando o carro em que estava depois de cometer o crime.

Dos presos, dois foram soltos ao longo dos trabalhos e outras duas pessoas foram detidas com grande quantidade de munição para fuzil e objetos utilizados para explosão de bancos. Outros materiais também foram apreendidos com os suspeitos como grande quantia em dinheiro, colete à prova de balas e armas de fogo.
Munições foram apreendidas pela PM durante os rastreamentos aos suspeitos dos ataques


COMÉRCIO DE ARMAS
O grupo também é investigado pela comercialização de armas de fogo. Além da apreensão de fuzis e uma pistola 9 mm com o chamado “kit rajada”, transformando a arma em um tipo de metralhadora, foram encontradas mensagens trocadas pelos criminosos via WhatsApp indicando a venda das armas com valores entre R$ 13,5 mil e R$ 50 mil. Veja abaixo trechos das conversas.

As mensagens, áudios das interceptações telefônicas e um vídeo dos criminosos postado na internet, e que mostra os autores testando a arma, foram alguns dos elementos que embasaram as investigações do Gaeco.



CRIME EM FAMÍLIA
Martinez informou que a liderança da quadrilha era compartilhada por uma mulher, de mais de 60 anos, e o filho dela de aproximadamente 30 anos. O homem havia sido preso no ano passado e, de dentro do presídio, continuou comandando a organização por meio, principalmente, de ligações telefônicas.

“Ele permaneceu comandando a venda de armas, comandando a organização dessas eventuais explosões, mas a mãe dele passou a ser o elo de comando fora do estabelecimento prisionais. Ele continuava preso e a mãe dele foi presa hoje”, disse.

Além dos dois, um segundo filho da mulher também teria participação nos crimes cometidos pela quadrilha. Ele tem 18 anos e está foragido.

CRIMES
O ataque em Unaí foi em fevereiro do ano passado depois que os criminosos invadiram um posto de combustíveis, renderam os funcionários e explodiram três caixas eletrônicos que ficavam na área de conveniência do estabelecimento.

Um dos funcionários do posto chegou a ser sequestrado pelos ladrões, mas a vítima conseguiu sair do carro durante a fuga que ocorreu pela MG-188.

Já o caso em Santa Vitória ocorreu no último dia 29 de abril. Os assaltantes trocaram tiros com a PM e um deles morreu baleado. Na fuga, eles atuaram de forma semelhante ao roubo em Unaí ao render um morador, roubar a caminhonete e fazê-lo refém durante o trajeto. A abordagem da PM frustrou o ataque da quadrilha. 

O homem foi deixado próximo à BR-365 e o veículo foi apreendido em seguida em meio a uma plantação de cana-de-açúcar na região do Triângulo Mineiro. Os autores fugiram pelo matagal.

 
O comandante da 9ª Região de Polícia Militar (RPM), coronel Cláudio Vitor, comentou que o comando tem realizado em torno de 1,5 treinamentos nas cidades da região.

“Estamos realizando cada vez mais ações sofisticadas e que são muito planejadas. Temos também qualidade e rapidez de resposta por parte da tropa em operação. Como resultado disso tudo, nós estamos há 1 ano e meio sem explosões de caixas eletrônicos na 9ª RPM. Isso mostra que nossas ações de segurança pública estão dando certo”, comentou. 

 
Um dos suspeitos foi flagrado passando pela praça de pedágio após o crime em Unaí. A prisão dele deu início à operação | Foto: Diário de Uberlândia

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