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03/07/2019 às 08h30min - Atualizada em 03/07/2019 às 08h30min

Indústria de Uberlândia criou apenas 22 vagas de emprego no ano

Setor de serviços segue como o maior empregador em Uberlândia

VINÍCIUS LEMOS
A indústria em Uberlândia criou apenas 22 vagas de trabalho nos cinco primeiros meses de 2019. Os números são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) na última semana com os resultados do mês de maio. Os dados mostram que o setor de serviços segue como o maior empregador do Município, com a abertura de 2.853 postos de trabalho no período. A crise em países parceiros como Argentina e a expectativa de ações políticas, como a reforma da Previdência, mantiveram as indústrias em compasso de espera por um melhor momento para investir.

Em maio, a indústria de transformação em Uberlândia criou 10 vagas de trabalho ao contratar 719 pessoas e registrar 709 desligamentos. O saldo nos cinco primeiros meses subiu para 14 postos criados no período. Já a indústria extrativa mineral não criou vagas em maio, o que manteve o saldo no ano positivo com oito novos postos de trabalho.


O pior setor no mês em questão, entretanto, foi a agropecuária, que teve saldo negativo de 148 posições de trabalho. No ano, o setor também segue com saldo negativo de 178 vagas. Ela foi seguida do comércio, que fechou 35 vagas em maio e no ano tem o pior resultado, com saldo negativo de 195 postos de emprego.

De acordo com pessoas ligadas à economia ou diretamente ao setor consultadas pelo Diário, a indústria reflete a ponta da cadeia. O fato do comércio seguir demitindo, mostra que o consumo em geral não é grande o suficiente para a produção ser incrementada e fazer a indústria necessitar de mais pessoal.
“Uberlândia é uma cidade tipicamente de serviços, o restante fica em ‘banho Maria’. O Brasil depende muito da economia da Argentina, que é o terceiro maior parceiro brasileiro e que passa por uma crise profunda. O mercado brasileiro depende de alguns fatores externos para deslanchar”, disse o economista Antônio Carlos de Oliveira, salientado que Uberlândia também tem a economia do Mercosul como forte termômetro para desenvolvimento.

Em termos gerais, ainda segundo Oliveira, a empregabilidade do setor industrial depende de segurança para investimento. A melhora temporária da economia não faz as empresas contratarem instantaneamente, avalia.
 
AGRONEGÓCIO 
Na visão de Antônio Carlos de Oliveira, a indústria voltada ao agronegócio é a única que tem conseguido se manter sem grandes perdas nos últimos anos, se aproveitando dos bons resultados do outro setor. “No Brasil, o setor do agronegócio é considerado o mais importante na economia nacional. Prova disso é que ele representou 23,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2018, retratando um aumento de 2,5% em relação ao ano de 2017. Distribuição, agropecuária, agroindústrias e insumos foram os maiores responsáveis por este resultado”, afirmou em coluna recente no Diário de Uberlândia.


Diretor de fábrica de doces busca criar novas frentes de trabalho com a mão de obra | Foto: Arquivo pessoal
 
Empresa rearranja negócio para não demitir
Diretor-administrador de uma fábrica de doces em Uberlândia, Rafael Mendes Santos explicou que busca criar novas frentes de trabalho com a mão de obra que já tem em sua empresa. Especializado em doces de leite, a nova aposta é diversificar para outros doces. “Não temos contratado e estamos no limite para rever o quadro de colaboradores. Trabalhamos em novas linhas de produtos para internamente realocar o pessoal. A gente trabalha no segmento supermercadista com doce de leite. Agora apostamos no segmento de festas. Vamos fazer brigadeiro para vender nas casas de bala”, afirmou.

Ele afirmou que as reformas que são discutidas desde os anos de 2016 e 2017, seja a da Previdência ou mesmo da carga tributária nacional, são necessárias para melhorar a economia como um todo. “Mas isso tem que ser alinhado com o esclarecimento da população sobre o que se trata tais mudanças e despertar segurança nos consumidores.”
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